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"Mostraste-me cores que sabes que não posso ver com mais ninguém"

- Illicit Affairs (Taylor Swift)


Alfie

Eleanor Maxwell não se tinha delongado a explicar como era a sua vila. Falara de certas recordações e memórias de infância que tivera naquele sítio, assim como aspetos peculiares das pessoas que viviam com ela naquela pequena povoação. Nunca tinha dito que aquela vila era uma das mais bonitas a que Alfie colocara os olhos sobre. As casas eram na sua maioria feitas de tijolo, e estavam todas alinhadas de forma inteligente. Havia imensas árvores e jardins coloridos, compostos por flores e arbustos que ele não sabia poder existir no clima britânico.

- Nunca estive por esta zona - o motorista contratado por Alfie comenta, igualmente surpreendido pela beleza daquele sítio - Qual era o número da casa?

- Pára em algum café ou bar - Alfie comanda, ignorando a sua questão. O motorista acena com a cabeça.

Ao fim de poucos metros a mais de viagem, o condutor pára à frente de um pequeno bar, com alguma movimentação.

- Espera aqui - Alfie diz, e sem mais delongas sai do carro, com a ajuda da sua bengala, em direção à entrada do bar.

Alfie entra no bar, à espera que esteja atolado de gente àquela hora da tarde, quando a maioria dos homens termina o trabalho e vai beber uma cerveja ao pub mais próximo com os colegas. Ao invés, encontra um sítio praticamente vazio, com exceção de um homem sentado ao balcão, e o bartender por trás do mesmo.

- Boa tarde, senhores - ele cumprimenta-os, sentando-se no banco logo ao lado do homem.

- Boa tarde - o bartender cumprimenta-o de volta, cordialmente, enquanto o outro homem apenas acena com a cabeça - O que vai ser?

- Estou à procura de informações sobre o Senhor Maxwell - ele faz uma pausa - E sobre o homem que endireita as costas as pessoas aqui na zona.

- Senhor Maxwell? - o bartender questiona de volta - Quer dizer o Professor Arthur Maxwell?

Alfie pondera uns momentos. Sim, só poderia ser esse. Max havia mencionado que ambos os pais eram professores.

- Sim, esse mesmo - ele anui com a cabeça.

- Posso perguntar porque é que quer saber?

Alfie pensa inicialmente em mentir, mas depois apercebe-se que a verdade é a única opção viável que tem. Ele não conhece o homem o suficiente para mentir sobre o assunto que quer com ele. Só lhe resta ser honesto.

- Eu conheço a sua filha.

- Eleanor? Você conhece a Eleanor? - agora é a vez do homem sentado ao seu lado falar, quebrando o seu silêncio pela primeira vez.

- Sim. E você é...?

- Ela é minha sobrinha.



Max

Ela olha para o telefone fixamente durante longos momentos, ponderando seriamente em ligar para Anne, para conversar. Estava entediada e nervosa, com o pensamento de Alfie estar na sua terra natal. Para além que já não falava com ela desde que estivera em Birmingham há uma semana atrás.

Quando se prepara para pegar no telefone, Ollie surge de repente à porta do seu escritório. Ela nem o ouvira chegar, tal a sua inquietação.

- Olá - ela cumprimenta-o, com um sorriso - Está tudo bem?

- Deixei-os ir mais cedo para casa - ele anuncia.

- Ok - ela acena com a cabeça - Podes ir. Eu fecho tudo.

- O Alfie estaria aos gritos comigo se soubesse que deixei alguém sair mais cedo - ele comenta, entrando na sala, ocupando o lugar na cadeira à frente da secretaria de Max.

- Hoje trabalharam bem - ela diz - Estou sempre a dizer ao Alfie que já não precisa de manter um ambiente de medo para manter a produtividade.

- Bom, nisso acho que ele é capaz de ter razão.

Ela sorri de lado. No fundo, ela também achava que Alfred tinha razão. Até certo ponto, claro.

- O que é que precisas? - ela questiona-o.

- Porque é que não foste com ele?

- Presumi que ele tivesse falado contigo.

- Alfie Solomons a falar da sua vida privada comigo? Estás a brincar, certo.

Ela solta uma pequena risada pelo nariz.

- Não quis ir - ela esclarece, fingindo maior descontração que aquela que realmente sentia - Simplesmente isso.

Ele não parece muito convencido com a sua resposta, mas não volta a insistir naquele assunto.

- Mais alguma coisa?

Ele sorri, com felicidade estampada no seu rosto. Max não consegue lembrar-se de nenhum momento em que o vira tão feliz quanto agora, com exceção talvez do seu casamento.

- A Mary está grávida.

Max sorri abertamente, ao mesmo tempo incrédula e feliz com aquelas notícias.

- Ainda só contamos aos nossos pais. Mas queria que soubesses.

- Ainda não disseste ao Alfie?

Ele abana a cabeça.

- Ainda não.

- Quanto tempo já leva?

- Vai fazer cinco meses.

- Sempre que precisares de dias não hesites em pedir - Max diz - Eu lido com o Alfie.

- Ele iria despedir-me - ele solta uma pequena gargalhada.

- Não, não iria. És como um irmão para ele, apesar de ele jamais o admitir em voz alta.

- Eu sei.

- Parabéns a vocês os dois. Fico muito contente.

- Obrigado, Max - ele balança a cabeça, em respeito e agradecimento - Desde que chegaste as coisas ficaram melhores. Acho que nunca vi o Alfie tão feliz quanto agora que estão juntos - ele faz uma pausa, parecendo mais sério - Mas não lhe digas que disse isso.

- O teu segredo está guardado.

Ele levanta-se da cadeira.

- Tens a certeza que não precisas de ajuda? - ele questiona-a e ela abana a cabeça.

- Podes ir. Felicidades mais uma vez.

- Boa noite, Max.

- Boa noite, Ollie.

Tell Me It's Over | Peaky BlindersOnde histórias criam vida. Descubra agora