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"Não consigo lembrar
Pelo que eu costumava lutar"

- Evermore (Taylor Swift)




Alguns anos atrás

Max arruma roupa lavada na sua mochila. Apesar de ter reduzido até ao mínimo essencial, ainda ia pesar muito nas suas costas acrescentando-se à comida e à água que tinham de levar.

Ela fizera contas sobre quanto tempo deveriam demorar até chegar ao local de resgate. Mas nada garantia que assim que lá chegassem, e se é que lá conseguissem chegar num bom ritmo, fossem imediatamente embora. Mas ela não podia levar mais nada, portanto a única opção que lhes resta é racionar o quanto pudessem, tanto na água potável como nos alimentos.

- Não nos podemos dar ao luxo de comer tanto no caminho - ela diz aquilo que pensa a Lance, que arruma igualmente as coisas na sua mochila - Temos de pensar na pior opção.

- Tens a certeza que estás bem? - Lance questiona-a, lançando um olhar preocupado para a sua barriga.

- É só um rasgão - ela encolhe os ombros, sem preocupação - E tu?

- Já recuperei o sangue perdido - ele sorri, mostrando os seus dentes perfeitos - Sinto-me como novo.

- Aposto que sim - ela ergue uma sobrancelha, em descrença, sorrindo ligeiramente.

- Adoro quando sorris - ele elogia, fazendo-a querer beijá-lo. Desejava-o, sem saber muito bem as razões por detrás desse desejo. Seria só paixão ou um misto de medo pelo árduo caminho que tinham à sua frente? Se ela bem se conhecia, seria a última opção. Max sabe que não deve ceder a desejos nessa base, então ela apenas desvia o olhar do dele.

- Algo errado? - ele questiona-a, confuso pela sua reação.

Ela pensa em que resposta dar quando ouve um barulho no exterior. Pareciam passos, em volume muito baixos, mas ainda assim passos. A sua pulsação acelera.

- Baixa-te - ela sussurra a Lance com urgência. Ele arregala os olhos, assustado, obedecendo ineditamente.

Ela baixa-se também e dirige-se à janela do quarto, de cócoras. Depois de tentar controlar a respiração, escondendo o medo que realmente sente de Lance, espreita discretamente pelo vidro conseguindo num relance ver pelo menos dois homens vim a farda do exército francês. Aquilo fá-la soltar um pequeno suspiro de alívio.  

- Inimigos? - Lance pergunta-lhe, aproximando-se dela, sem levantar a cabeça a ao nível da janela. Max abana a cabeça.

- Têm farda francesa. Mas temos de ter cuidado. Podem ser espiões - ela sussurra. O medo volta a atingi-la. Eles podiam ser espiões. Não seria impossível e ela já ouvirá histórias de homens aparentemente aliados, que eram na verdade inimigos.

- Espiões? Aqui? Não - ele abana a cabeça, descontraindo - Porque haveriam de estar aqui espiões?

- Como é suposto eu saber? Não me atrevi a tentar perceber a mente perversa deles.

- Falas francês? - ele questiona-a, levantando-se.

- O que é que estás a fazer? Temos de os apanhar de surpresa! - ela sussurra-lhe com irritação pela sua impulsividade.

- Apanhar de surpresa? Vá lá, Eleanor. Não há espiões aqui.

Max quer ripostar, atirando um "então força, arrisca a tua vida miserável à vontade enquanto eu fico aqui". Mas depois pensa em como isso não ia ajudar nenhum dos dois: ele morreria e ela ficaria sozinha de novo com soldados espiões para eliminar a solo.

Tell Me It's Over | Peaky BlindersOnde histórias criam vida. Descubra agora