Capítulo 22.1 - Cleo

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Não, não poderia ser. Já estou vendo coisas, pensou Cleo. Levou um empurrão que a jogou no chão. Teve que se proteger de pés que quase a pisotearam na correria. Quando conseguiu levantar-se, suja de terra e poeira, ele já havia sumido. 

O barulho do que pareciam tiros dispersou o público. Viu um homem pouco mais velho que ela agonizando no chão, atigindo na barriga por uma bala. Afastou-se para longe dele, voltando os olhos para a sacada do prédio do governo.

Lucas. Sim, parecera o rosto dele quando, de repente, após um estrondo metálico que ecoou na praça, um rapaz tatuado e loiro apareceu e puxou o capuz do rosto do dito Theo Garlan, e depois derrubou a cadeira onde ele estava sentado.

Talvez fosse o calor do momento. Talvez fosse tudo uma farsa. Cleo caminhava, sem perceber na direção da sacada do prédio. Percebia que alguns guardas dirigiam-se para dentro do grande edifício, enquanto outros ainda continham a multidão, aos poucos dispersa. 

Um puxão forte em seu braço assustou-a.

- Pensa que está fazendo o que, mocinha?

Era um guarda, sacudindo-a violentamente e direcionando-a para longe do prédio.

- Nâo percebe que isso foi um ataque dos rebeldes? A menos que você esteja metida nisso, não faz sentido ficar por aqui! Vamos, suma!

Cleo desvencilhou-se do guarda e saiu correndo, chorando. Talvez o calor dos acontecimentos tivessem feito com que a imagem do irmão brotassem em sua mente, como o rebelde que era. Nada além disso. Deu uma última olhada por cima do ombro pela sacada, agora vazia.

Obedecendo ao guarda, sumiu no meio das pessoas. Como Lucas.

E como Meridan, anotou mentalmente. 

No momento do estrondo que interrompeu seu anúncio, ele já não estava mais lá.

*

Crônicas da Nova Era - A RevoluçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora