Não, não poderia ser. Já estou vendo coisas, pensou Cleo. Levou um empurrão que a jogou no chão. Teve que se proteger de pés que quase a pisotearam na correria. Quando conseguiu levantar-se, suja de terra e poeira, ele já havia sumido.
O barulho do que pareciam tiros dispersou o público. Viu um homem pouco mais velho que ela agonizando no chão, atigindo na barriga por uma bala. Afastou-se para longe dele, voltando os olhos para a sacada do prédio do governo.
Lucas. Sim, parecera o rosto dele quando, de repente, após um estrondo metálico que ecoou na praça, um rapaz tatuado e loiro apareceu e puxou o capuz do rosto do dito Theo Garlan, e depois derrubou a cadeira onde ele estava sentado.
Talvez fosse o calor do momento. Talvez fosse tudo uma farsa. Cleo caminhava, sem perceber na direção da sacada do prédio. Percebia que alguns guardas dirigiam-se para dentro do grande edifício, enquanto outros ainda continham a multidão, aos poucos dispersa.
Um puxão forte em seu braço assustou-a.
- Pensa que está fazendo o que, mocinha?
Era um guarda, sacudindo-a violentamente e direcionando-a para longe do prédio.
- Nâo percebe que isso foi um ataque dos rebeldes? A menos que você esteja metida nisso, não faz sentido ficar por aqui! Vamos, suma!
Cleo desvencilhou-se do guarda e saiu correndo, chorando. Talvez o calor dos acontecimentos tivessem feito com que a imagem do irmão brotassem em sua mente, como o rebelde que era. Nada além disso. Deu uma última olhada por cima do ombro pela sacada, agora vazia.
Obedecendo ao guarda, sumiu no meio das pessoas. Como Lucas.
E como Meridan, anotou mentalmente.
No momento do estrondo que interrompeu seu anúncio, ele já não estava mais lá.
*
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Crônicas da Nova Era - A Revolução
AventuraLIVRO 2. Seja pelos pais ou por respostas, a busca de Artur ainda não terminou. Agora, porém, ele não está mais sozinho: conta com a ajuda de alguns amigos para alcançar o que deseja, e também para desestabilizar a implantação de uma Nova Era em seu...