Agente Loukamaa, Joalin Loukamaa

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Avisinho, se tiver algum erro nos nomes avisem pq como é adaptação as vezes passa despercebido

- Mamãe, você sabia que Abraham Lincoln foi o primeiro presidente americano a favor do voto feminino? - A loira dizia enquanto contava as cinco gotas do adoçante, como costumava temperar o seu café preto, isso quando não o tomava puro.
- Seria vergonhoso demais eu assumir que havia me esquecido dessa informação até você citá-la? - A mulher de cabelos curtos, negros, denotava uma aparência cansada por conta de suas olheiras aparentes. No entanto, fazia questão de manter-se sorridente ao amamentar o bebê de apenas um ano e seis meses que brincava tranquilo com suas mãozinhas, alheio a tudo o que se passava ao seu redor.
- Claro que não. O aprimoramento e a ampliação do papel e dos direitos das mulheres na sociedade, por incrível que pareça, são pouco disseminados. Na verdade, é assustadora a quantidade de pessoas que não se dá conta, ou simplesmente se esquece da importância que a mulher tem e na contribuição determinante que ela aplica em todos os âmbitos no mundo em que vivemos. - A provocação em brincadeira fez a mais velha menear negativamente a cabeça, rindo brevemente em seguida.
- Sou mesmo uma péssima representante do gênero feminino... - A matriarca da família suspirou. - Eu tenho muito orgulho de você, minha filha. É tão sagaz, inteligente, determinada, lutadora. Não é a toa que chegou tão longe. - O homem alto, parrudo, de traços nórdicos, interrompeu a degustação do seu café da manhã para tombar o seu corpo e abraçar a sua querida.
- Ah, papai, eu não teria conseguido absolutamente nada sem o apoio de vocês. Sendo eu o Sansão, minha força não se daria nos cabelos, e sim, na família maravilhosa que eu tenho.
- Será que podemos mudar de assunto? O dia mal começou e vocês estão fazendo os meus olhos lacrimejarem.
- Mamãe, menos pieguice, por favor.
- Foi ótima essa sua ideia de ter vindo ontem passar um tempo conosco, de ter dormido aqui. Você trabalha tanto! Quase não tem nenhum lazer. Jian ainda é bem pequeno, mas já sente a sua falta, assim como nós.
- São os ossos do ofício, papai. Infelizmente não posso me dar o luxo de gozar de folgas regulares como a maioria dos mortais. É o preço que se paga por trabalhar na USES. E esse garotão aqui? Estou virando um rapazinho, irmã. É... Estou sim. - Joalin trouxe o bebê do colo da mãe para ampará-lo em seu peito. Era como se esse ato fosse capaz de preencher o vazio que nela habitava há alguns anos.
O pequeno Jan trazia lembranças ruins de um passado que deveria ter sido enterrado pelo seu coração, mas que vira e mexe sua memória resgatava lá do fundo da gaveta do esquecimento. Em contrapartida, a primogênita via no caçula da família, o símbolo da esperança e da fé na humanidade que perdera outrora - Se as coisas tivessem acontecido de forma diferente, se eu não tivesse sido tão imatura, descuidada, tão estúpida, a essa hora o...
- Ei, hoje é um dia especial. - A matriarca, percebendo os belos olhos cor esmeralda da filha enxerem-se de lágrimas, levantou-se de imediato, recolhendo o prato com migalhas de pão da sua frente, substituindo por uma tigela de frutas da época com cereal e iogurte natural, da maneira exata como se dava a preferência da loira em seu desjejum - Não vamos nos ater a absolutamente nada que seja triste ou desagradável. Vamos lá, Lin, conte-nos como será o seu dia hoje.
- Como assim, Johanna? A nossa filha integra uma equipe de escolta da alta cúpula do governo americano. É lógico que o dia dela vai ser incrível!
- Nem sempre, George. Acredito que depois que ela entrou para a Agência, a sua vida tornou-se muito mais exaustiva. Não é, filha?
- Tenho que concordar com a mamãe. - A moça entregou o bebê para mulher à sua frente, preocupando-se com sua cabecinha ainda frágil - Meu emprego não é tão excitante quanto parece. Às vezes chego em casa tão cansada física e mentalmente, que deito em minha cama após um banho, desejando que não tenha o dia seguinte. - Ela ergueu o olhar, mirando o relógio de parede artesanal, produzido com base em um disco de vinil. Obra de arte de sua mãe, que se ocupava nas horas vagas com trabalhos manuais, os quais colocava à venda na pequena loja de artigos variados de uma velha amiga. - Eu contei para vocês que fui transferida de equipe?
- Não contou. Mas por quê? Algum problema? Geralmente eles não transferem ninguém sem um motivo plausível... - O patriarca franziu o cenho, ao instante em que levava a xícara de café com leite à boca. Encarava a filha, curioso, bem como a sua esposa.
- Não há problema algum, ao menos não que eu saiba. Isso foi uma decisão da diretoria. Agora não farei mais a escolta do governador, e sim, da realeza.
- Da realeza? - A pergunta foi feita em uníssono, arrancando uma risada divertida da loira.
- Da presidência! A minha função a partir de hoje é proteger a família presidencial, incluindo dois cães e suas respectivas namoradas. - As gargalhadas fizeram-se presentes no ambiente pelo tom irônico usado por Loukamaa, atrelado aos gestos de revirar de olhos em meio à sua mastigação.
- Mas se é assim, deveria estar mais animada, não?
- Mamãe, daqui há exatamente três horas e dez minutos, eu terei de estar de pé, sentindo um calor insuportável, vestida com esse terno, talvez com fome, observando a primeira-dama almoçar com mais não sei quantas pessoas, exibindo o seu garbo e elegância aqui e acolá. Isso lhe parece animador?
- Acho que não muito. - A resposta foi dada em um sussurro ao tom de brincadeira.
- E já que toquei no assunto de horário... - A bela agente secreta, que trajava um blazer e calça em alfaiataria preta Alexander McQueen, levantou-se, depositando um beijo no topo da cabeça de seu pai, de sua mãe e de seu irmão, caminhando em seguida até o sofá da sala onde estava a mochila com os seus pertences - Eu preciso ir antes que acabe me atrasando.
- Não pode ficar conosco nem mais alguns minutos?
- Não, papai, mas prometo passar a minha próxima folga com vocês novamente, está bem?
- Está certo, filha. Vá com Deus! - Já na porta, a loira não se demorou nas despedidas.
Odiava ter que se separar de sua família, de seus bens mais preciosos que serviam tantas e tantas vezes como suporte emocional para que ela conseguisse suportar as desmazelas da vida.
Com isso, seguiu o seu rumo, sem mais delongas.

Poucas atitudes são tão requeridas no âmbito profissional do que a responsabilidade. É ela que pavimenta o caminho da confiança e lealdade. Ineficiência é compreensível, perdoável. Irresponsabilidade não, sob nenhuma hipótese. A primeira pode ser segregada ao grupo de comportamentos treináveis. A segunda somente pertence ao caráter.
Joalin Loukamaa, a californiana de 32 anos, era um exemplo raro de honra, decência e profissionalismo - o que automaticamente remetia à responsabilidade.
Desde pequena, em seus mais tenros sonhos de menina, queria servir ao país, talvez um pouco influenciada pela profissão de seu pai, o condecorado sargento da Divisão de Operações Especiais em Estatística Criminal, George Loukamaa.
Contrariou todas as expectativas da família em seguir o estereótipo de professorinha interiorana da mãe, Johanna Loukamaa, seguindo carreira na Agência Secreta dos Estados Unidos.
Nos filmes e seriados que envolvem de alguma maneira a USES, sempre deparamo-nos com situações e ações aos quais achamos demasiadas exageradas, forçadas, talvez pelo impacto que a trama deve causar em termos de emoções em seus espectadores. No entanto, ao contrário do que muitos imaginam, a realidade assemelha-se sim à ficção. Homens fortes, ágeis, vestidos ao estilo "M.I.B - Homens de Preto", lançando seus corpos contra o chão ao menor sinal de uma ameaça, existem sim, porém, obviamente, sem o glamour dos efeitos especiais do chroma key.
Quase ninguém acredita, mas os membros do grupo de elite do governo são pessoas com habilidades definitivamente excepcionais quase super heróis onde, em suas funções, ressaltam o treinamento pesado e a desenvoltura de técnicas inimagináveis.
Com Loukamaa não acontecia diferente. A loira, em seu processo de formação, até chegar aonde chegou, foi submetida a vários desafios. Enquanto dirigia o seu Honda Accord vermelho pelos aproximados sessenta e sete quilômetros que distanciavam Baltimore da Casa Branca, foi lembrando-se de um à um.
No socorro emergencial, aprendeu a usar um desfibrilador, a tratar de lesões imediatas, a executar uma ressuscitação cardiopulmonar. Reteve conhecimentos especificos em natação de resgate, disfarce, direção evasiva, computação forense e, pelo o seu grau de eficiência e desenvoltura, a formação especializada de uma atiradora de elite.
Lin, mais do que ganhava um salário para executar tais tarefas, vivia em prol da proteção da alta cúpula do governo americano, estando sempre disposta a ficar até mesmo à frente de uma linha de fogo para isso.
- Loukamaa, eu aprecio a sua pontualidade britânica. Venha, precisamos repassar o esquema tático de hoje com toda a equipe.- A moça assentiu, seguindo o seu superior o coordenador-chefe Simon Fuller, braço direito da presidência - pelos corredores da ala sul, imediatamente à sua chegada ao local.
- Senhor, desculpe-me pela interrupção, mas é que durante todo o meu treinamento aqui na Casa Branca, tomei ciência de cada empregado, a rotina de todos os que trabalham e vivem aqui dentro, de alguma maneira os que têm acesso à residência, em ênfase, claro, o presidente e sua esposa. O que me preocupa é que até hoje não conheci pessoalmente a Srta. Sabina. Não terei nenhum problema quanto a isso? -O homem de aparência polida e jovial, cessou sua caminhada, virando-se para trás a fim de encarar a sua subordinada,

Joalin não demonstrava nenhum traço de ansiedade, ou sequer de emoção alguma. Uma de suas características mais notórias dentro da profissão que exercia, era o poder de controlar os sentimentos diante de qualquer tipo de situação.
Essa era, provavelmente, a arma mais eficaz que possuía, uma vez que o inimigo fareja um ponto fraco através dos deslizes emocionais que cometemos
- Tivemos contratempos, como bem sabe, mas pode ficar tranquila que isso não comprometerá em absoluto as nossas ações de hoje.
- Sim, senhor. Olha quem vem ali...- Lamar, um dos membros mais bem treinados e requisitados da Agência, amigo intimo de Loukamaa já há alguns anos, aproximava-se a passos firmes da dupla.
- Chefe, Lin... - O robusto homem movimentou levemente a cabeça em cumprimento. -Foi oportuno ter encontrado vocês nesse exato momento. A Sra. Hidalgo pretende sair alguns minutos antes da filha. Deseja passar na casa de sua amiga, a Sra. Yonta, para prosseguir posteriormente até o local do evento.
- Ah, Ale! Sempre conseguindo manter a sua parcela de culpa pela minha enxaqueca.. Fuller massageava as têmporas, revirando os olhos discretamente para o mal feito da primeira-dama -Agente Loukamaa, enquanto não saimos, verificaremos se está mesmo afiada. Qual é a distancia em minutos em uma corrida mediana, do salão oval até uma das saídas de emergência da ala norte?
- Três minutos e vinte e cinco segundos aproximadamente.
-Em metros até a área oeste?
-Quarenta oito.
-Temos quantos cômodos de emergência?
-Cinco.
- E elevadores?
- Seis. A loira respondeu a todas as perguntas de imediato, mantendo o semblante impassível, mas por dentro, vibrando em comemoração pelo acerto das respostas sem nenhuma sombra de vacilo. - Muito bem. Eu vou falar com a Sra. Hidalgo e traçar uma nova e melhor rota para seguirmos. Agente Morris, você seguirá com Loukamaa e Charlie na escolta da Srta. Maria Sabina. O restante do pessoal virá comigo e a primeira dama.
- Tudo certo, senhor.
O chefe da equipe estava a postos para dirigir-se aos aposentos de Ale Hidalgo, quando ouviu o som estridente de saltos altos.
O ritmo lento e impositivo dos passos dados foi reconhecido pela sua sensibilidade auditiva, formando, assim, um sorriso satisfeito em seus lábios quando se deu a imagem da bela morena no recinto.
Foi então que o homem de olhos acinzentados voltou a sua atenção para Joalin, sussurrando discretamente:
- Aí está o motivo de sua preocupação. Tenha o prazer em conhecer pessoalmente Maria Sabina Hidalgo, a filha do presidente dos Estados Unidos

Deixa a estrelinha, por favor, ajudo muito

A Filha do Presidente| Joalina Onde histórias criam vida. Descubra agora