A primeira vez

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Esse capítulo contém 🔥🔥 18+, então, se você não curte ou não quer ler, é só não ler 🤞🏽😘
Desde a típica conversa que tivera com Hina, Sabina não saiu de seu quarto a não ser para almoçar, e sozinha. Seu pai já havia ido para o compromisso, e a mãe tratava das madeixas em um cômodo na ala leste da Casa Branca. A morena já estava acostumada a fazer as refeições no silêncio dos casarões em que morou, mas, ultimamente, essa solidão a incomodava. Queria conversar, queria rir de bobagens cotidianas. Contudo, em monólogos, acabaria por entediar-se e enervar-se ainda mais. Nos seus aposentos, ela ao menos desfrutava de liberdade de ser e fazer o que bem entendesse.
Já era fim de tarde. Após um longo e regozijante banho, Hidalgo buscou pelo exemplar de Doctor Sleep, de Stephen King. Como leitora recorrente das obras desse autor, ela já estava acostumada com a lenta formação de personagens que sobressaíram do mar de palavras impressas. Personagens que pareciam reais, reagindo a eventos surreais. E era exatamente isso que chamava sua atenção: a lentidão dos fatos, como câmera em slow motion, conforme a realidade que se dá na vida de tantas pessoas.
Envolta na leitura, ela parecia viajar para outra dimensão. Imaginava cada detalhe descrito nas cenas, sorria, balbuciava, assustava-se e reclamava quando achava que era devido. Parecia estar realmente no país das maravilhas, estas, literárias.
De acordo com o que foi passado para comandante, Sabina iria fazer compras no período vespertino. Já se dava ao anoitecer e a herdeira não havia dado o ar da graça ainda preocupada com que pudesse estar acontecendo, Lin foi caminhando como que despretensiosamente até o elevador de acesso à área particular da presidência. Com sorte, poderia encontrar-se com Hidalgo e indagar-lhe sobre o motivo da mudança de plano e o não comunicado do mesmo, mas ao invés da morena, acabou trombando na asiática. Forçando um sorriso no intuito de esconder a decepção, Joalin meneou com a cabeça, continuando com seus passos lentos. No entanto, a secretária chamou por sua atenção.
- Comandante?
- Pois não?
- A Srta. Hidalgo informou-me que acabou se distraindo e esqueceu completamente de que pretendia sair. Disse que vai transferir as compras para amanhã. Eu estava indo lhe avisar.
- Oh, eu bem achei estranho o fato de não termos saído ainda. Ela não é de se atrasar. Que bom que foi só distração. Obrigada. - A loira virou-se para o caminho contrário que estava seguindo, pois já não tinha desculpas para subir.
- Comandante? - Hina chamou novamente pela agente, dessa vez parecendo mais ansiosa.
- Sim?
- Eu... - Ela entreabiu a boca como quem fosse falar, mas apenas suspirou - Esquece. Não era nada importante. Vou rever a agenda da Srta. Hidalgo da semana que vem e entregarei uma cópia até amanhã.
- Faça isso, por favor. e vamos rezar para que não haja mudanças de última hora. Você não tem noção do quanto é complicado planejar rotas de supetão.
- Organização e programação realmente são primordiais.
- Obrigada por concordar comigo. - As moças riram, mas como não tinham intimidade, logo o clima tornou-se constrangedor - Então... vou voltar para o meu trabalho. Se a Srta. Hidalgo precisar de alguma coisa me avise, por favor.
- Claro, com certeza.
Joalin suspirou frustrada ao retornar para o corredor de acesso à sala de segurança. Não esperava ter suas intenções de ver a filha do presidente talhadas daquela maneira.
Sem conseguir disfarçar a insatisfação, a loira sentou-se em uma cadeira no canto direito do seu posto de trabalho e permaneceu encarando o monitor desligado por alguns minutos. Pensava em tudo que estava fazendo, em toda essa loucura descabida e tão apaixonante que era relacionar-se com Sabina.

- Comandante, algum problema? - Um de seus subordinados tirou-a de seus devaneios.
- Não. Por que? - Ela bufou baixo, voltando a sua atenção para o rapaz.
- Por nada. Só para saber.
- Não se preocupe comigo. - Joalin lembrou que já se aproximava do horário em que aquela turma costumava jantar. verificando as horas em seu relógio de pulso, ela sorriu dando tapinha no braço do agente especial - Podem ir fazer a refeição de vocês. Não precisam se apressar. Quando retornar em, eu vou.
- Tem certeza? Um de nós pode ficar para que você jante agora também.
- Não precisa. Estou sem fome.
- Tudo bem então. Até mais.
- Tchau.
Assim que se viu sozinha, a loira respirou aliviada pelo rapaz não ter insistido, ou por algum deles não ter resolvido que também estava "sem fome". A desculpa se aplicava somente para intenção de ficar à vontade para enviar uma mensagem para a herdeira através do WhatsApp.
[19:01]
Sabina, Hina disse que você se distraiu e esqueceu-se do horário em que sairíamos. É isso mesmo? Está tudo bem?
Vinte segundos passados e nenhum sinal de Hidalgo online. Mais vinte segundos e nada. Os pés desinquietos da loira começaram a balançar e ritmicamente em claro sinal de nervosismo. Típico, bem típico de Joalin Loukamaa.
- Opa! Online... - A comandante mordeu o lábio, sorrindo ansiosa - Até agora não visualizou? Por que? Espera... ela está digitando e o negocinho não ficou azul... Filha da mãe! Desativou a confirmação de leitura. Ah, Sabina...
[19:03]
My darling: Boa noite, comandante Loukamaa. Hina disse certo. Cochilei, li e me perdi quanto ao horário. Se estou bem? Não. Estou sentindo... saudade!
Mal havia recebido a mensagem, a mais nova já tratou de responder.
- Não. Calma, Joalin. Precisa digitar devagar para não transparecer que está agoniada.
[19:04]
Então acho que sofremos do mesmo mal. Queria poder desejar
boa noite pessoalmente,
mas é melhor não arriscar.
[
19:06]
My darling: Também acho. Farei compras na parte da manhã, assim podemos passar mais tempo juntas e compensar o dia de hoje, quer dizer... você entendeu.
A essa altura do campeonato, sentindo aquele frio na barriga - as famosas por boletas dançando no estômago - a gente nem se lembrou mais de suas lógica ilógica sobre digitar devagar para não demonstrar excesso de interesse. Ela apenas queria estar com Hidalgo de alguma maneira. E se por uma rede social era o que tinham em possibilidade, que assim fosse.
Entendi sim. Eu queria conversar
contigo a respeito disso.
[19:09]
My darling: Fale!
[19:10]
Você confia em mim?
[19:10]
My darling: Confiar? Em que sentido?
[19:11]
Apenas responda. Você confia em mim?
[19:12]
My darling: Claro que confio, Lin! Por que pergunta?
[19:13]
Amanhã você dirá os seus pais,
e a quem mais te perguntar,
que irá a uma festa
promovida por uma amiga qualquer.
[19:15]
My darling: Festa? Amiga? Céus! Joalin, o que está aprontando?
[19:16]
Queria te fazer uma surpresa!
[19:18]
My darling: Uma surpresa? Mas vamos sair de verdade? Vamos a uma festa? Onde? Em uma boate? Eu sou louca para ir em uma boate "normal".
[19:20]
Boate normal? Hahaha... surpresa é surpresa. Apenas esteja magnífica como sempre às 21:00. Sairemos normalmente, mas você dirá que prefere que somente eu te leve para não chamar a atenção. Entendido?
[19:23]
My darling: Acha que isso vai funcionar? D. Alevai fazer um inferno para que eu saia com a equipe toda.
[19:25]
Não custa tentar persuadi-la disse que confiava em mim...
[19:26]
My darling: E confio. Está bem. Algum traje especial?
[19:27]
O que você se sentir a vontade para usar.
[19:28]
My darling: Joalin?
[19:28]
Oi!
Aflição adolescente, o coração palpitando forte no peito, a frequência respiratória desregulada sintomas de pessoas em estado de graça, apaixonadas. Sintomas que Lin e Sabina sentiam mutuamente, cada uma em um cômodo estremo da Casa Branca.
[19:30]
My darling: Boa noite. já estou ansiosa. Irei torcer para que os ponteiros corram rápido no relógio.
Não era bem isso o que a morena queria digitar, mas faltou e uma boa dose de coragem.
[19:31]
Eu contarei os segundos.
Tenha uma ótima noite, Srta. Hidalgo.
[19:32]
My darling: Bons sonhos.
[19:33]
Sonharei com você.

A Filha do Presidente| Joalina Onde histórias criam vida. Descubra agora