Valentin Louis Georges Eugène Marcel Proust foi um escritor francês, mais conhecido pela sua obra À la recherche du temps perdu, publicada em sete partes entre as décadas de 10 e 20 só século passado.
Joalin conhecia bem esse homem de mente brilhante, apresentando por sua mãe quando esta a presenteou com uma de suas obras mais influentes em sua opinião: Du côté de chez Swann.
Além de influênciá-la no aprendizado de outras línguas, Marcel tinha citações que sempre cabiam a situações atuais, como se falasse diretamente à cada pessoa. Uma delas parecia ter sido pensada sob medida para a loira: "É espantoso como o ciúme, que passa o tempo a fazer pequenas suposições em falso, tem pouca imaginação quando se trata de descobrir a verdade."
A comandante no canto esquerdo da sala, manteve-se em uma de suas posições costumeiras: coluna ereta, mãos cruzadas e postas na traseira de seu corpo e o olhar atento, porém imperturbável.
Se por fora ela apresentava não estar susceptível à padecer de qualquer emoção, por dentro ela rasgava-se em um misto de raiva e inveja. Sim, inveja. Inveja do Sr. May, filho que detinha toda a atenção de Sabina no momento. Se não fosse por sua aparição repentina, provavelmente Joalin teria convencido a herdeira a ouví-la, a permitir uma explicação sobre o que houve entre elas no dia anterior. Mas não. Agora a morena estava toda aberta a sorrisos nos braços do homem que não passava de um imbecil com intenções ilusórias, flertando deliberadamente, sabe-se lá com quantas maldades na cabeça, e Joalin, por sua vez, tendo que "engolir" a cena. Era a paga pelo seu deslize, ou pelo o que imaginava que tivesse sido um engano.
- Soube que você estava doente, querida. - Bailey dizia enquanto sentavam-se nas poltronas, uma em frente à outra - Vim verificar à quantas andava o seu estado de saúde.
- Oh, não precisava se preocupar. Estou bem melhor. Foi somente uma indisposição passageira, nada grave. - Sabina suspirou, voltando a sua atenção para a agente especial - Poderia, por favor, deixar-nos à sós, comandante? Não vejo necessidade de sua vigilância no momento.
A loira entreabiu os lábios para responder, mas prendeu o ar antes que as palavras pudessem ser proferidas, pois o suposto cavalheiro adiantou-se na fala.
- Não se preocupe, Sabina. - Ele buscou por uma das mãos da mulher, que repousava em sua coxa - Serei breve. Já que está bem, que tal uma partida de golfe para distrair?
- Golfe? - A morena indagou, não por surpresa, mas para reafirmar a si mesma ao que teria que se prestar fazer mais uma vez para manter as aparências.
- Sim. Você adora, não?
- Claro! Um dos meus hobby's preferidos. - A bufada discreta de insatisfação passou despercebido por May, porém não pela loira. A filha do Sr. Fernando levantou-se, caminhando a passos lentos em direção à Lin. Um olhar encontrando no outro as intenções ocultas, soltando faíscas invisíveis, podiam conversar em silêncio como em tantas outras vezes fizeram, mas o contato visual foi interrompido abruptamente pela mais nova que passou a mirar um ponto qualquer do chão - Comandante, iremos ao East Potomac. É isso mesmo, não é, Bailey? - O homem assentiu - Providencie nossa saída em instantes, por favor. Meu bem, irei me trocar. Prometo não demorar mais do que dez minutos.
- Fique a vontade, querida.
- Srta. Hidalgo, com licença. - Joalin lhe dirigiu a palavra - Prefere ser conduzida em qual veículo? - A morena alternou a atenção do homem para Lin.
- Irei com o Sr. May. Pode seguir atrás com o carro que quiser.
- Creio que isso não será possível. Devo relembrar que preciso acompanhá-la de perto.
Franzindo o cenho com a réplica petulante da mais nova, Sabina sentiu uma pontada de raiva pelo possível desacato que se iniciava ali.
- Eu irei com o Sr. May e você irá no carro que bem entender, comandante Loukamaa. Isso é uma ordem.
Nesse instante, a loira suspirou fundo, mirando bem dentro dos orbes castanhos da mulher. Há muito haviam passado daquela fase. Cruzaram a linha tênue entre a antipatia latente e o desejo crescente. Tinham estado do outro lado do muro, onde deram vazão à beleza da insanidade momentânea, gozando de todo o prazer que ela trazia consigo. Contudo, por infelicidade das malditas circunstâncias extenuantes, ali não se tratava de Sabina e Joalin do dia anterior, e sim da filha do presidente e de sua segurança particular, sem nenhum outro condicionamento.
- Peço desculpas, senhorita, mas a ordem maior e direta vem de seu pai. Para o seu melhor conforto, sugiro que sigamos na limusine.
- Mas o que...
- Sabina, eu irei com vocês na limusine. O meu pessoal seguirá atrás. Resolvido. Devemos priorizar nossa integridade física. Loukamaa tem razão. - A loira deveria agradecer ao homem pelo apoio, mas ao contrário disso, enojou-se com a fala mansa e ardilosa do mesmo.
- Tudo bem. - A mais velha limitou-se somente a essa concordância, saindo do recinto pisando firme, aumentando o impacto dos seus saltos no piso,o que fez o som ecoar com maior intensidade pelos corredores.
Assim que se viram sozinhos, antes que Bailey pudesse se pronunciar à respeito do que acabara de se passar ali, Joalin meneou com a cabeça, em um gesto de pedido de licença para se retirar.
A loira foi até a sala de comando da segurança, encontrando os seus agentes discutindo as coordenadas do dia.
- Esqueçam os esquemas que planejamos anteriormente. A Srta. Hidalgo resolveu sair. A equipe 1 irá atrás de mim, a equipe 2 acompanhará o carro com o pessoal do Sr. May. Temos três possíveis rotas até o East Potomac. - Lin sentou-se frente ao computador mestre, digitando os códigos referentes ao endereço, mostrando aos rapazes no telão, as ruas pelo qual andariam em caravana - A limusine fará o caminho secundário. O resto, vocês já sabem.
Assentindo, cada um tomou o rumo que deveria para estarem à postos o quanto antes, não sendo permitido fazer a herdeira esperar.
Em seus aposentos, Sabina mantinha-se apática, paralisada frente à parte de seu closet onde ficavam penduradas as suas roupas de esporte. pensava na loira em sua mudança de comportamento. Não parecia a mesma mulher admirável que a fez gargalhar, que sujou seu rosto de sorvete, que lhe ensinou golpes de boxe, e que se mostrou como o ser humano mais bonito e apaixonante que já havia conhecido.
Um sorriso formou-se nos lábios de Hidalgo ao lembrasse de tantos momentos agradáveis pelo o qual passou em companhia da comandante. Mas tão logo veio à sua mente a imagem do beijo dado entre elas, o sentimento ruim por ter sido outrora ignorada pela mais nova, apossou-se novamente da herdeira.
Sabina escolheu um conjunto qualquer de short e camiseta branco, desses que mesmo não sendo tão bonitos, deixam uma mulher atraente pelo estilo esportivo; um tênis e um boné compuseram suas vestimentas. A morena, apesar de possuir um nível de admiração abaixo de zero, deveria sacrificar-se mais essa vez pela imagem que tinha a zelar, pelo agrado que faria aos seus pais quando soubessem, e pela desaprovação que notou através das atitudes de Joalin.
- Não é só você que pode me divertir, comandante.
Todos já estavam à postos no hall próximo à saída por onde os carros partiriam, quando a filha do presidente apresentou-se no local, pronta para o passeio. A agente federal não quis delongar-se com aquela tortura - tão logo começasse, tão logo terminaria - portanto, colocou todos para agir imediatamente. Entraram em seus devidos carros e seguiram, conforme instruções prévias, para o campo de golfe.
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A Filha do Presidente| Joalina
FanfictionÉ um paradoxo que alguém possa se sentir solitário apesar de ter uma vida cheia de atividades, destinos e tarefas. Infelizmente, essa é a realidade para muitas pessoas, inclusive para Sabina Hidalgo. Sendo a filha do presidente dos Estados Unidos da...