Bakugou sentia que iria explodir. Aquele seria seu fim, levando sua amada casa, sua estranha amizade e sua mãe inconveniente junto consigo. "Como as coisas chegaram a esse ponto?" – Era tudo que conseguia reproduzir, principalmente ao arrumar os novos aposentos do ruivo em seu quarto.
Uma subita onda de desespero rondava-lhe os sentimentos. A sensação de ter todas as guardas abaixadas simultaneamente não lhe era nada familiar. "Como as coisas chegaram a esse ponto?" – Questionou-se novamente, após dobrar os lençóis limpos em cima do colchão recém adquirido, encostado no piso ao lado de sua cama.
Sem rota de escape, a imagem do sorriso alheio permanecia entrelaçada a seus pensamentos. Aqueles dentes perigosos, juntamente com cada traço do rosto alheio, descendo em direção ao pescoço, a clavícula e aos músculos dos braços. Aqueles olhos zombeteiros, cheios de vida, que foram a chave para tudo isso ter começado. "Como as coisas chegaram a esse ponto?"
O loiro tentou planejar alguma coisa capaz de reverter sua estranha situação, contudo nada parecia realmente eficaz. Já tinha dado razão demais a Todoroki, mas como poderia desmentir algo tão evidente?
Afastar-se já não era mais uma opção.
Para piorar, ainda havia uma mulher entediada que não podia ignorar a oportunidade de tirar uma casquinha da nova fase de sua pobre criança.
"...estou interrompendo alguma coisa?"
"Vocês estavam se divertindo tanto quando cheguei..."
"As crianças cresceram tão rápido, Masaru!"
"A chegada desse colchão foi muito conveniente, não foi?"
O loiro indubitavelmente havia cometido muitos erros nessa vida, mas agora questionava se já não havia recebido karma suficiente.
— Não liga pra isso, Bakugou, ela só tá brincando!
Bakugou não pôde conter um ranger de dentes ao ouvir o ruivo defendendo sua progenitora sem escrúpulos. Recém saído do banho, Kirishima carregava uma toalha sobre os ombros, calçava um estranho sapato com furinhos, usava uma bermuda escura larga e uma das camisas gigantes do loiro – já que o mesmo havia desistido de reclamar dos assaltos frequentes ao seu armário. Os cabelos ruivos, agora baixos, pareciam bem mais comportados que de costume.
— Pra você é fácil falar, ela não fica no pé do seu ouvido caçoando da sua cara.
— Mas ela estava zoando de mim também! Meu rosto já está marcado aqui, bro. Se você não abusar de mim logo é capaz de eu até roubar seu sobrenome.
Com essas soltas palavras, as orbes rubras de Bakugou arregalaram-se.
— Pior que não ficaria ruim, visse? – Kirishima continuou, ingenuamente. – Eijirou Bakugou. Viu? Até rima!
Bakugou até cogitou em protestar rispidamente, mas a forma inocente em que o outro se dirigia a si o paralisou antes que pudesse fazê-lo.
— ...você não tem a menor ideia do que tá dizendo, né?
— Tenho sim! – O ruivo respondeu, assustando o outro por um instante. – Seria muito legal ser adotado pela sua família, mas não posso abrir mão do meu sobrenome já que sou o último da minha. – Ele completou. – Aproveite a vida de filho único!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Mokutekichi - Kiribaku
أدب الهواةSinopse reformulada: Após passar anos para se recuperar de uma tragédia inesperada em sua infância, Bakugou Katsuki sentia-se gigante e estava cada dia mais próximo do momento mais esperado de sua vida: o temido Concurso de Caçadores. Entretanto, po...