Visitantes Indesejados (Parte 2)

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"Eu quero, e vou, me tornar o maior caçador de todos os tempos."

O baque da porta de madeira maciça ecoou sobre a cabeça perturbada de Bakugou como uma bomba impiedosa e agressiva. Jogando todo o peso de seu corpo contra a parede numa tentativa vã de acalmar-se, ele sentia seu cérebro pulsando forte por baixo de seu crânio, quase como se estivesse prestes a explodir.

"Eu não tenho mais nenhum minuto de paz nesse caralho, puta merda..." – Ele pensou, inspirando o máximo de ar que seus pulmões conseguiam suportar. – "Era só o que me faltava, vir na porra da minha casa pra falar merda e nem sequer trazer uma solução completa. São uns incompetentes mesmo, sinceramente..."

Tentando forçar sua tensão acumulada a se dissipar, ele esfregou as mãos sobre o rosto e deixou seus braços penderem para os lados, baixando os ombros.

"...mas talvez eles comecem a procurar um substituto agora. Talvez amanhã mesmo eu já seja oficialmente jogado fora." – A possibilidade lhe ocorreu. – "Quem sabe eles acham alguém da sede que se enquadre nos padrões educados da realeza, que não saia xingando todo mundo ou não responda violento a ofensas..."

Um sorriso ácido correu por seus lábios.

"...e se isso acontecer, acabou." – Pensou. – "Vai ser exatamente como o quatro-olhos disse. Sem mais burocracia desnecessária, sem mais caçadores irresponsáveis me fazendo perguntas idiotas, sem mais trabalho de pesquisa extra e... sem mais responsabilidade que não é minha."

Bakugou afastou-se do apoio físico de repente.

"E então eu finalmente terei tempo livre fazer... outras coisas." – Concluiu. – "Outras coisas como... como... treinar? Atualizar as pesquisas de satisfação de caça do reino? Remapear a floresta?"

Seu sorriso cínico tornou-se nervoso.

"— Ei, o que você faz quando fica 100% entediado?" – A voz de Kirishima ressoou no canto de sua memória recente.

— Eu treino. – Bakugou pôs-se a caminhar inquieto sobre o ambiente. Aquela resposta parecia bem menos satisfatória naquele momento.

— É, já devia saber... – O ruivo riu, como quem diz 'é, você vive pra isso'. – Você precisa encontrar outras diversões na vida, cara.

— Não tenho tempo pra isso."

Bakugou cerrou seus punhos contra seu corpo. Voltando ao ponto inicial, visualizou a si mesmo naquela parede vazia.

Não pode conter um ranger de dentes.

Menos de um minuto se passou como se fosse a mais longa das eternidades. Nesse entretempo, as mesmas mãos que faziam a marca "B" em todos os animais que caçava, com lâmina de platina e ferocidade de uma besta, agora sangravam violentamente pelas juntas entre seus dedos.

"Eu sou o filho de Mitsuki Bakugou, prodígio da escola de Ikisaki e o atual regente 'não-oficial' dos caçadores."

A parede antes imaculada, revestida de massa endurecida lisa e pintada com tinta clara, agora tinha um grande buraco repleto de rachaduras finas, que aumentavam de tamanho a cada soco direcionada a mesma...

"Eu tirei a sede do caos quando ninguém mais quis assumir a responsabilidade de liderar aquilo tudo."

Mais um soco, e tais rachaduras se espalharam ainda mais pela grossa camada alva.

"Eu fiz aquele lugar crescer, fiz aqueles assassinos canalhas evoluírem como gente..."

Outro golpe, e os fragmentos alheios agora estavam manchados de vermelho.

Mokutekichi - KiribakuOnde histórias criam vida. Descubra agora