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O coração de Juliette batia tão rápido que ela tinha certeza de que podia ouvi-lo. Sarah a encarava com intensidade; seus olhos verdes queimando na pele da morena com a intensidade de sua expressão indecifrável.

Sarah se aproximou lentamente, como se fosse uma leoa com medo de assustar sua presa. Juliette conseguia sentir seu cheiro, uma mistura de perfume importado com um aroma apimentado que era indescritivelmente Sarah.

A loira colocou a mão na cintura de Juliette e extinguiu a distância entre os corpos. Sua linguagem corporal era praticamente inconfundível: ela queria Juliette, tanto quanto a paraibana a queria de volta.

O medo tomou conta de Juliette de forma quase tão potente quanto o desejo e ela deu um passo para trás. Todos os seus nervos gritavam pelo contato com as mãos de Sarah, e o que ela mais queria era continuar o que começaram há alguns minutos na festa. Mas havia muita coisa em jogo ali. Juliette odiava mentiras e começava a se arrepender de ter feito o acordo com Sarah sem pensar duas vezes.

— O que tu quer tanto falar? — disse Juliette abruptamente.

Sarah foi pega de surpresa pela pergunta. Ela piscou algumas vezes e desviou o olhar, como se despertasse de um transe.

— Juliette... — começou tentativamente. Sua voz estava mais rouca que de costume, causando um calafrio de prazer em Juliette. — Eu quero saber se você quer mesmo continuar com o plano.

— Por que você tá perguntando isso? Foi alguma coisa que eu fiz?

— Não, você foi perfeita — disse Sarah rapidamente. — Os beijos, os carinhos... Tudo foi muito realista. Até demais.

Sarah olhou para Juliette com curiosidade, como se estivesse tentando caçar uma informação. A espiã sempre falava mais forte...

— Teu ciúme foi também — rebateu Juliette. Se Sarah queria jogar, ela podia perfeitamente jogar de volta.

— Eu fiquei preocupada com nosso acordo — disse Sarah, sem dar o braço a torcer. — Ninguém vai acreditar no nosso namoro se você ficar paquerando o Fiuk!

— Que paquerando o quê, Sarah! — Juliette riu apesar da tensão no quarto.

— Paquerando, sim. E ele respondendo. Tá na cara que ele tá afim de você.

— E se tiver, o que eu tenho a ver com isso?

Sarah respirou fundo e desviou o olhar novamente.

— Eu não quero que você deixe de fazer o que tem vontade por causa do nosso combinado.

Juliette estranhou ao ouvir uma ponta de dor no tom de Sarah. A loira raramente demonstrava fraquezas, mas agora parecia genuinamente afetada pela situação. Era isso, então? Ela queria o bom de Juliette, queria que ela fizesse o que tem vontade?

— Cuidado com o que tu quer — respondeu Juliette, decidida. — Que eu vou acabar fazendo o que eu tenho vontade mesmo.

Sarah fitou a morena de volta. A tensão no quarto cresceu imediatamente. Era como um elástico que chegou no limite e estava prestes a estourar.

— E o que você quer fazer?

Juliette cruzou a distância curta entre as duas e envolveu o corpo de Sarah com seus braços. Sua mão entrou nos cabelos louros ao mesmo tempo em que sua boca colidiu com a de Sarah. O beijo foi um pouco menos violento do que aquele na festa, quase como se fosse uma pergunta.

Quando se separaram, Sarah estava com os olhos escurecidos pelo desejo.

— Tem certeza?

Juliette não usou palavras para responder, mas sim o corpo, encostando cada centímetro de si na pele da namorada fake. O segundo beijo foi mais poderoso, sem deixar espaço para dúvidas. Agora Sarah estava no jogo e retribuiu com a mesma intensidade. As duas se beijaram com a urgência de quem sabe que um momento como aquele é raro e, ao mesmo tempo, deve ser aproveitado até a última gota.

Enganando BoninhoOnde histórias criam vida. Descubra agora