trinta e oito

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« Índio »

No dia seguinte, acordei um pouco mais tarde que o habitual. Esmeralda ainda dormia, então saí da cama com cuidado e depois de um banho, desci para tomar café.
Alana e Chris estavam a mesa, comendo e conversando, mas pararam quando me viram.

— Eu era o assunto? - Pergunto me sentando.
— E eu perco meu tempo falando de você? - Chris pergunta fazendo Alana rir.
— Nós sabemos que perde - Rio - Bom dia, Alana.
— Bom dia, chefinho.
— Cadê Knust, Escobar e César?
— Knust tá dormindo, Escobar nem em casa veio e o César disse que ia descer o morro e dar uma volta lá na rua.
— Corajoso - Digo e eles riem - Alana, nós vamos embora hoje.
— Já? - Me olha surpresa.
— Uhum, nós ficamos tempo demais aqui e temos uma vida no Brasil também, né?
— É ... Eu entendo - Suspira.
— Não fica triste, mês que vem eu volto pra buscar o balanço mensal - Chris diz nos fazendo rir.
— Falando nisso, preciso te deixar algumas recomendações - Falo com ela.
— Eu vou começar o meu trabalho - Se levanta - Você vem no escritório depois?
— Sim, dez minutos e eu estarei lá - Sorrio.
— Tudo bem, com licença.
— Toda.

Observamos ela sair da cozinha e então o celular do Chris começa a tocar e o vejo sorrir.

— É minha mãe, chamada de vídeo - Fala.
— Fala que essa semana eu tô de volta, que espero ela na minha cama - Digo rindo.
— Pode deixar, inclusive, se quiser, já compro a passagem dela junto com a da dona Sônia, pra BH.
— Vai se foder, desgraçado - Digo rindo e ele faz o mesmo.

Chris saiu do cômodo para atender a chamada e depois de comer, me dirigi ao escritório. Alana estava na mesa dela encarando a tela do notebook e em seguida os papéis na mesa, mas parou ao me ver.

— Tudo certo? - Pergunto.
— Sim - Sorri.
— Então vamos lá - Sento na minha cadeira e faço sinal para que ela venha até a minha mesa - Como eu tinha te dito, aqui você vai estar mais segura, então só saia em caso de necessidade ou acompanhada de alguém que eu vou indicar.
— Mas ... - Senta.
— Me escuta, Alana. Não tô te proibindo de sair, você faz o que quiser, mas é por sua conta em risco - Digo - E a sua conta em risco, é o meu pescoço em risco. É a família do Chris, do Knust e até do César, se bobear.
— Tá, eu entendi.
— A Esmeralda vai ficar mais uma semana aqui, pra ajudar você a se familiarizar mais um pouco com a casa e com os funcionários que ficam aqui quando eu não estou. São pessoas que limpam, fazem manutenção, alguns deixam documentos e mercadoria. Também ficam quatro seguranças, dois por turno.
— E eu tenho mesmo que morar aqui? Não posso voltar pra minha casa?
— Nem pensar, já falamos sobre isso.
— Eu sei, mas ... Sei lá.
— A partir de agora você trabalha aqui. Você vai cuidar da parte burocrática e eu diria que é tão importante quanto passar droga pela fronteira. Um erro e a gente pode perder muito, então, sem erros.
— Não precisa se preocupar.
— Eu sei que não preciso - Sorrio e ela faz o mesmo - Num geral, é isso. Vou deixar alguns telefones de emergência, onde você consegue falar comigo, Chris ou Knust. Só entre em contato nesses números, se for uma emergência.
— Certo.
— Alguma dúvida?
— Não, nenhuma.
— É por isso que eu gosto de você - Digo e vejo ela sorrir - Pode voltar ao trabalho.
— Certo.

Ela se levantou e dirigiu-se a sua mesa, então voltei minha atenção para o meu computador. Iria mandar algumas recomendações e trabalhos para o e-mail que ela estava utilizando para facilitar o trabalho.

•••

Já faziam mais de duas horas que estávamos ali, em total silêncio. Eu gostava da presença dela no escritório, mesmo que não falássemos nada, deixa o lugar menos vazio e ora ou outra eu me pegava olhando para ela. Sentia que tinha feito uma boa escolha, com certeza aquele era o trabalho certo pra ela.
Notei a presença de alguém se aproximar, já que a porta estava aberta. Olhei pra frente e vi Escobar vir quase que correndo em direção a sala, então imediatamente abri a gaveta e segurei minha pistola, esperando o pior.

𝙰𝚖𝚘𝚛 𝚎 𝙲𝚘𝚌𝚊𝚒𝚗𝚎.Onde histórias criam vida. Descubra agora