treze

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« Índio »


Rodo repetidamente a cadeira num ângulo de 90ª graus enquanto mexo o copo com whisky e escuto o Pablo.

— Por isso que eu não gosto de cemitérios - Termina a história sobrenatural que contava.
— Relaxa, tu é traficante - Comento - Não vai ter direito nem a cemitério.
— E tu, patrão? Conta uma história aí.
— Eu mesmo não tenho - Encolho os ombros ao dar um gole no whisky - Mas a minha mãe contava histórias cabulosas sobre ela e minha avó - Me ajeito - Havia um tio da minha mãe que um dia brigou lá em casa e saiu bem bolado mesmo. Minha avó só viu o irmão dois dias depois, de manhã cedinho, quando ele voltou em casa, mas foi tranquilo, ele cumprimentou ela, entrou no quarto, se despediu e saiu de novo - Dou outro gole - Aí que fode. Cê tá ligado que quando alguém morria, vinha tipo um policial avisar isso - Ele acena positivamente - Veio um avisar que o irmão dela tinha morrido durante a madrugada.
— Caralho, pesado hein... - Aceno positivamente, bebendo o resto do whisky - E ela tava mesmo com ele?
— É carai, ele até fez carinho nas costas dela quando se despediu...

Somos interrompidos quando alguém abre a porta do escritório após bater.

— Buenos dias, muchachos - Chris fala ao se aproximar e faço sinal para que ele feche a porta - Qual é a nova?
— É que tu tem que esperar eu dar autorização antes de entrar - Brinco, mesmo de expressão séria - Vai que eu tô aqui com uma mina.
— Eu fechava a porta e finjo que nada aconteceu - Diz ao tocar na mão do Escobar e segue até mim - Fora que eu vi ela na piscina... Que bunda, hein Patrão.
— Deu uma de talarico, ô corno? - Escobar pergunta antes de voltar a acender o beck - Isso dá direito a um braço quebrado.
— Só não te quebro porque preciso de vocês intactos pro carregamento - Continuo brincando e encho dois copos de whisky.
— Acha que se tu amasse ela eu falaria isso? Eu gosto de viver cara - Diz ao apertar ligeiramente o meu pescoço com o seu braço.
— Toma - Levanto o seu copo e ele nega, me soltando e indo na direção do armário - Tu dá despesa pra caralho, Cleytin.
— Passei a noite fora e hoje vou regular meu sono - Diz alinhando cocaína - Preciso estar pronto pra missão - Cheira duas linhas e, enquanto se recompõe, estica o canudo - Cês vão querer?
— Do seu canudo não.

Pablo fala ao se levantar enquanto eu nego com a mão e me levanto também, olhando pra piscina através da janela. Esmeralda estava deitada na espreguiçadeira na frente da piscina e, após uns minutos observando-a, vejo que acena. Levanto o whisky e dou um gole, sorrindo pra ela.

— Cadê a sua mulher? - Ouço o Chris perguntar pro Escobar.
— Tá na casa dela, ué.
— Tava achando que a casa dela era aqui, cêis não saiam do quarto - Chris responde naturalmente e eu acabo dando risada.
— E cadê o Knust? - Me viro e ele encolhe os ombros.
— Ele deve tar no quarto. Eu cheguei e vim direto aqui porque o César falou que tu tinha subido, ele ficou pra trás - Se aproxima e pega o seu copo de whisky - O Baviera ligou pra nós enquanto estávamos voltando, acho que ele acabou ficando molhadinho e precisou ir no quarto - Ele responde nos fazendo rir alto enquanto o Knust abre a porta do escritório.
— Tu ouviu o que ele falou? - Escobar pergunta e ele nega - Que tu ficou molhadinho por conta do Baviera.
— A tua mãe que fica molhada por minha causa, ô arrombado - Responde reprimindo uma risada, tocando na mão do Pablo - Pergunta pra quem ela aponta a bunda quando dança.
— A sua é mais simples, só preciso mandar mensagem que ela fica tipo cataratas do Iguaçu.

Chris responde enquanto o Knust faz o nosso toque e damos risada.

— Nem as puta te quer muleque, e você paga! - Knust responde e o Chris logo corrige.
— Ela não era puta, era stripper - Solto uma risada alta ao escutar aquilo e o Chris fica sério - Mano, é sério! Ela não faz programa, só faz o espetáculo lá.
— Ela quem? - Escobar pergunta.
— O Cleytin gamou em uma stripper.
— Mó bonita caralho, mas ela não me dá bola - Chris fala depois do Knust.
— Pô cara, nem pagando elas te quer - Falo.
— É só ela que não quer, mas tô te falando que vou voltar aqui pra comer aquela mulher - Dá um último gole e pousa o copo.
— Então não comeu nenhuma só porque essa não te quis, ô brocha do caralho? - Escobar pergunta desdenhando.
— Passei a noite fora, otário, acha que foi na igreja?
— Ajoelhado tu tava, na frente de um monte de macho - Knust fala e eu acabo rindo alto novamente, batendo na sua mão.
— É, capaz... Tu tava dando ré no quibe, ô morde fronha do caralho.
— Cês tão flertando demais, vão pro quarto - Escobar responde enquanto eu recupero da risada - Tô sentindo daqui essa tensão sexual de vocês.
— A gente já sabe que cêis acasalam, não precisam explanar - Continuo.
— Fica com ciúme não, chefe - Aperta o pau - É grande, dá pra você também.
— Se é grande, dobra e senta, assim não passa vergonha pedindo - Respondo - Agora arruma essa coca porque tem uma senhora aí limpando a casa.

Peguei o celular por conta do tédio enquanto o Chris arrumava e entrei na conta do asvezesgeizon, minha conta privada.

— A Lua está cada dia mais linda - Comento com eles ao ver uma foto dela.
— E aí, vai sossegar? - Escobar pergunta e eu nego.
— Tava vendo se sentia saudade, mas com a Esmeralda aqui eu entendo que não - Rolo l dedo na tela e vejo a foto da Alana - O Luan também teve sorte, olhem essa mulher - Viro o celular pra eles - Além de linda, não é mulher que se deixe pisar.
— Se ela cansar do Luan, eu posso dar umas voltinhas com ela - Knust comenta.
— Ela gosta mesmo dele, dá pra ver - Respondo e volto a olhar pro celular - Por isso que digo que ele tem sorte.
— Mas cê tá ligado que ela é corna, não tá? - Chris pergunta como se fosse a coisa mais óbvia e eu aceno positivamente.
— Que isso? Com quem? - Knust pergunta.
— Como que cê não sabe? Com a irmã do Taleban, por isso que ele não quis voltar pra Carmelo quando a Alana veio com ele pro Uruguai, deu merda com o Taleban.
— E foi só aqui? Lá no Brasil ele corneava pra caralho também - Escobar continua.
— E ela não sabe?
— Se soubesse, não acho que estaria com ele - Concluo - Agora não sei mais nada, não tenho informações.
— Pergunta pro Peréz, eles são unha e carne agora.

Escobar responde e eu inclino a cabeça, encolhendo os ombros. Eu sei exatamente onde ele quer chegar com isso, ele é o meu braço direito e sabe sempre de tudo o que eu sei, mas ainda não acho que é o momento para conversar sobre isso com o Knust e o Cleytin, por enquanto quero um bom ambiente.
Meu celular vibra e eu volto a prestar atenção, abrindo a mensagem que chegava.

Chiquita 🔥


Onde cê tá?
Sua babygirl precisa
de você no quarto, papi  🥺🤤

Cê já tá no seu cômodo favorito 😉
Já vou bb, fica do jeito que
o papai gosta


Bloqueio o celular e encho um pouco o copo, virando de uma vez, antes de me levantar e bater levemente na mesa antes de me dirigir à saída.

— Continuem com as vidas miseráveis de vocês, que eu tô com assuntos pendentes.

𝙰𝚖𝚘𝚛 𝚎 𝙲𝚘𝚌𝚊𝚒𝚗𝚎.Onde histórias criam vida. Descubra agora