trinta e três

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— Alana é mais perigosa do que pensei - Escobar diz e nós rimos - Cuidado com os contatos dela.
— Vou me certificar de trancar a porta antes de dormir - Índio diz e sinto minhas bochechas queimarem.
— Falando em dormir - Cleytin fala - A nave bateu.
— Normal - Knust fala rindo - Mas eu também já vou, cê vai? - Me olha.
— Vou, aham.
— Então bora subir - César diz por fim.

Seguimos todos em direção às escadas e depois de nos despedirmos, cada um foi para o seu quarto e assim que entrei no que eu estava, bateu um vazio.
Ficar sozinha não estava me fazendo tão bem quanto eu achava que faria, pelo menos não no quarto, então tirei os sapatos que estava usando e calcei um chinelo, então saí do quarto e desci em direção ao hall de entrada e que dava acesso aos outros cômodos da casa.

— Sem sono?
— Índio! Que susto - Coloco a mão sob o peito.
— Não sou tão feio assim, sou? - Pergunta rindo enquanto se aproxima.
— Não, não é feio ... É ... Cê só me assustou.
— Ah, menos mal - Ri - Precisa de alguma coisa?
— Na verdade, sim - Digo sem jeito - Queria um pouco de maconha.
— Tenho um beck bolado aqui, serve?
— Serve - Rio.
— Vem cá.

O segui até o escritório e parei perto da porta enquanto ele pegou o beck sob a mesa junto de um isqueiro e então veio na minha direção.

— Você ia fumar esse? - Pergunto.
— Não, o Cleytu tem mania de bolar baseados e deixar espalhados pela casa. Se olhar bem, capaz de encontrar um embaixo do seu travesseiro - Diz e nós rimos.
— Vou dar uma olhadinha. Obrigada.
— Disponha - Sorri.

Ele passou por mim e seguiu seu caminho, então caminhei em direção ao lado de fora da casa, mais precisamente para a área da piscina.
Sentei em uma das espreguiçadeiras e acendi o beck, então dei uma boa tragada e soltei a fumaça devagar.
Comecei a pensar sobre tudo o que estava acontecendo e em todas as voltas que minha vida deu no último ano.
A última imagem que eu tinha das pessoas que eu mais amo na vida eram elas chorando por minha causa. Minha mãe por descobrir sobre as drogas, minha irmã pela minha partida e o Luan me vendo ser presa. Porque é que as coisas que tinham que ser assim? Eu só queria o bem deles e no fim, foi eu quem os fiz chorar.
Senti uma lágrima rolar pelo meu rosto e antes que eu pudesse controlar, muitas outras desceram também.
Pelo menos eu estava sozinha e podia chorar sem que ninguém visse.

— Com licença.
— César?! - Seco as lágrimas rapidamente.
— Não queria te incomodar, desculpa.
— Você não incomoda - Sorrio - Só estava ... - Mostro o beck - Não vou te oferecer.
— E eu agradeço por isso - Ri - Só vim trazer isso - Mostra uma coberta - Eu sei que você precisa desse momento sozinha, mas a noite tá fresca e achei que você poderia ficar com frio.
— Obrigada - Sorrio enquanto ele passa a coberta pelas minhas costas - De verdade, você é um anjo.
— Não sou, só me preocupo com você - Faz um carinho rápido na minha cabeça - Boa noite, Alana.
— Boa noite - Sorrio.

Observei ele caminhar de volta até a porta e logo sumiu do meu campo de vista. Dei mais um trago no beck e observei o anel que o Índio havia me dado e ri sozinha. Eu não esperava aquilo, nunca. O anel era lindo, talvez o mais lindo que já tive na vida e apesar de achar que não merecia, aquele anel, assim como o colar que o César me deu, fizeram eu me sentir em casa, fizeram eu me sentir querida e importante. Passei a mão livre sob o colar  e mais uma vez tive aquela sensação inexplicável, mas boa de se sentir. De alguma forma, apesar de tudo, eu sentia que de alguma forma, tudo ia acabar bem.

« Índio »

— Tudo certo? - Esmeralda pergunta quando entro no quarto.
— Estava tentando falar com o Luan, mas até agora nada - Suspiro.
— Coitada da Alana, da pra ver que ela perdeu aquele brilho que tinha quando a conheci - Fala e sinto sinceridade na sua voz.
— Pois é - Tiro a camiseta e jogo no chão.
— Porque a tal namorada do Escobar não veio?
— Parece que ia passar com a família dela - Tiro a calça.
— Onde foi que o Escobar conheceu ela mesmo, hein?
— Sabe que eu não sei - Olho pra ela - Estranho.
— Você nunca vai saber de tudo, bebecito - Ri.
— Não de tudo, mas pelo menos o que acontece de baixo do meu teto eu tenho que saber.

Volto minha atenção para a cômoda onde haviam tunas roupas e procuro um short confortável enquanto penso que, de fato, eu não sabia absolutamente nada sobre a namorada do Escobar. Eu só a vi poucas vezes, apesar de estar quase todos os dias aqui com o Escobar e nós mal trocamos duas palavras. Eu sabia que seu nome era Melina e que ela e o Escobar estavam saíndo a alguns meses. E só.
Aquilo era estranho, já que na maioria das vezes, as mulheres que passam pela porta, mesmo que estejam com Escobar ou qualquer outro, não demora muito para se jogar para cima de mim.
Talvez o negócio entre eles esteja realmente sério.

— O que foi? - Esmeralda pergunta me tirando de meus pensamentos.
— Nada - Visto o short por fim.
— Sabe no que eu estava pensando? - Pergunta com um sorriso malicioso.
— Em me dar? - Rimos.
— Também, mas em fazer algo com a Alana. Talvez um dia de garotas, sabe? Fazer unha, cabelo ...
— Então chama ela - Vou em direção a cama - Precisa de quanto?
— Quanto você está disposto a me der?
— O quanto você quiser - Deito ao seu lado.
— Ótimo - Sorri - Dá pra ver que ela tá mal, mesmo dizendo que não.
— Eu percebi também. Encontrei com ela lá embaixo, ela me pediu um pouco de maconha. Acho que ela não gosta muito de demonstrar os sentimentos dela na frente das pessoas.
— Isso é admirável - Diz - Espero que o Luan esteja caído numa vala e não evitando vocês, porque isso acabaria com ela.
— Ele não tem motivos pra me evitar e sabe disso - Puxo ela para deitar no meu peito - Mas não vamos pensar nisso, se ele estiver caído numa vala, uma hora dessas já deve estar morto e isso sim acabaria com ela.
— É, você tem razão - Sorri - Mas ela e o Knust até que fariam um casal fofo, não acha?
— Não - Digo sincero.
— Ah, eu acho. Ele é engraçado e se comparar ao Luan, é muito melhor pra ela. Fora que ...
— A gente não vai passar a noite falando de vida amorosa da Alana, vai? - A encaro.
— Não, desculpa - Ri - Acho que temos coisas mais interessantes pra fazer.
— Concordo plenamente - Sorrio.

𝙰𝚖𝚘𝚛 𝚎 𝙲𝚘𝚌𝚊𝚒𝚗𝚎.Onde histórias criam vida. Descubra agora