A ultima pétala: parte 3

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Descendo o lance de escadas, a porta ao fim dava para um segundo salão, este menor, em formato oval e que parecia se dividir em duas alas. A esquerda tinha muitas prateleiras de livros, a direita havia muitas mesas de estudo. Yue Ninglin caminhou pelo lugar e desenhou um selo em azul no ar, o fazendo disparar até uma parede, que com um ruído de pedra raspando, de abril para os dois lados, revelando uma estante protegida por uma barreira de luz.

— Aqueles, são nossos livros sagrados. — explicou a mulher. — Foi com eles que pude me transformar em dragão em sua provação para se tornar deus de corte superior, gege. — disse ela se virando para os homens com a expressão séria. — Foi neles que aprendi o feitiço para o portal que enviei nosso povo há oitocentos anos para este mundo. E também de onde tirei inspiração para o feitiço das chaves.

— Então são os escritos antigos da deusa da lua? — questionou Mu Qing soltando a mão de Feng Xin e caminhando para a prateleira, tocando as lombadas lendo os títulos. — Tem muitos de medicina.

— Ela era uma médica antes de ascender. — explicou Yue Ninglin. — Muito inteligente. Sua ascensão foi por usar a energia da lua para cultivar a si mesma. Foi a primeira a ter os cabelos brancos. Mas no caso dela foi um processo. Ela teve filhos que herdaram a afinidade. Ao longo das gerações isso se perdeu, a lua não é mais nossa maior fonte de cultivo, mas sim, nossos núcleos dourados.

— Parece interessante... — disse Feng Xin se apoiando em uma das mesas. —Mas isso sugere que seja bem antigo. Antes dos humanos desenvolverem o núcleo? Ela foi uma das primeiras a cultivar?

— Não sei ao certo sobre como o mundo era naquela época, esses livros são em sua maioria contos de mais de dez mil anos no nosso mundo. De acordo com os escritos, nosso povo era recluso, próximo ao gelo e estava sempre em batalha com outro pelas poucas terras férteis e cultiváveis. Nossa deusa não fazia distinção entre os feridos, e era respeitada nas duas tribos. Quando ela acendeu, seu nome foi conhecido pelo mundo como deusa da lua e seus descendentes deram origem ao que somos hoje. O núcleo passou a ser formado muitas gerações depois, até então, usávamos a energia da lua para as magias.

— Isso no nosso mundo? — questionou Mu Qing e Yue Ninglin acenou com a cabeça. — Acha que ela morreu? Ou desapareceu?

— Acredito que algo deve ter acontecido, mas não posso sequer adivinhar. Uma vez conversamos sobre isso, você disse não conhecer uma deusa da lua, gege.

— Não conehço. Sei que ela existe, não sei onde está. Na luta contra o antigo imperador ela não deu sequer notícia. — disse ele erguendo os ombros, sem os olhar, agachado nos calcanhares, olhando ainda os títulos dos livros. — Se bem... deve existir pelo menos vinte deuses da lua hoje em dia.

— Sem dúvida. — disse Yue Ninglin. — Seja o que for que aconteceu com ela, ela parou de olhar por nós em nosso mundo há muito tempo.

— E neste? — questionou Feng Xin curioso e Yue Ninglin ergueu os ombros escondendo as mãos nas mangas.

— Nunca sequer ouvi falar.

— Mas você diz a eles que é sua escolhida. — disse Feng Xin com uma nota de acusação.

Mu Qing não se deu ao trabalho de se virar, mas revirou os olhos ao mesmo tempo que Yue Ninglin soltava uma gargalhada.

— Eu não digo nada a ninguém, lorde Nan Yang Zhe-jun. Mas veja, eu os enviei para este mundo há 800 anos no nosso. Sabe o que é isso neste lugar? — questionou ela se aproximando do homem, sorrindo como uma serpente. — São 5600 anos. Você imagina o quanto a ideia de que eu seja uma deusa escolhida está incrustada na cultura aqui? Ou que meu gege na realidade é uma general feminina? — questionou ela erguendo uma sobrancelha e Feng Xin apertou os lábios. — Certas coisas são melhores apenas aceitar e seguir o fluxo. Se lhe dão um cavalo, você não teimará por um jumento.

O tempo que podemos terOnde histórias criam vida. Descubra agora