Lar: parte 3

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[EU TO VIVA! Apenas troquei de emprego e estava em um período sem criatividade. Mas isso passou!!! Tô de voltaaaaaa!]

— E então, na disputa dos clãs, Ye Luoqi abandonou seu marido ambicioso, tomou seu filho nos braços e marchou com as mulheres e os homens chamados de covardes para uma região abandonada pelos outros povos. As chuvas eram raras, era difícil de semear vida, mas havia muitos bosques com arvores ancestrais, animais selvagens e muitos rios subterrâneos que podem ser escavados. — leu Wanli sentada no chão em posição de buda, com um pincel atrás da orelha, os cabelos presos em um rabo de cavalo e usando um conjunto de camisa e calça de dormir que havia furtado de Mu Qing. — O clã se estabeleceu ali, Ye Luoqi se tornou a primeira líder feminina.
— Então o clã dos exilados se dividiu de novo. — disse Mu Qing por fim, sentado de frente a mulher, do outro lado da mesa, soltando um suspiro exausto. — Mais trabalho para nós...
— Talvez. — disse Wanli pensativa. — Tenho certeza que tem mais informações sobre o clã Ye em algum dos meus resumos. — murmurou ela pegando um caderno que havia costurado com todos os resumos que havia feito para ajudar Mu Qing e o homem suspirou de novo.
— Eu espero realmente que esta mulher tenha pego os cadernos do marido imbecil e fugido. — disse Mu Qing fazendo um bico. — Parece que é mal do meu povo homens recorrendo à violência e tentar tomar a força terras já habitadas. É a terceira vez que isso se repete. Nunca dá certo!
— Não é algo exclusivo de seu povo, Mu Qing. Se tem homens no poder, sempre será assim. Vocês gostam de uma guerra, não pensam nos outros que vão se afetar, apenas na glória de submeter o outro a sua vontade. Eu nunca compreendi este pensamento, mas eu gosto da ideia que, ao menos as mulheres de seu povo, quando percebem este comportamento, simplesmente se impõe e os abandonam. — Wanli ergueu o olhar para ele. — Desde pequena eu sempre gostei mais das histórias do seu povo por as protagonistas serem deste jeito, diferente das donzelas e princesas que eu lia nas típicas da minha própria cultura.
— Eu percebi — disse o homem rindo. — Que mulher fugiria sozinha como você fez depois que o marido se mostrou um inútil? A maioria permaneceria ao lado dele e aceitaria que levassem sua criança com medo.
— Eu morreria antes de me separar da minha filha. — disse ela erguendo o queixo.
— E quase morreu!
— Agora vai me criticar? — questionou ela com um sorriso e ele balançou a cabeça. — Felizmente os deuses foram bons e colocaram você e Feng Xin em meu caminho.
— Há controvérsias. — disse ele esticando a mão para pegar o caderno que ela lhe oferecia.
— Ai diz sobre um povo que se estabeleceu a sudoeste, em uma terra pobre e que havia em sua maioria mulheres que aprenderam a lutar. — disse ela enquanto Mu Qing lia o resumo. — Não falam o nome do clã, mas seria uma hipótese se tratar do mesmo grupo.
— Isso é interessante... — disse Mu Qing piscando e então se virou, procurando em sua bagunça de papéis soltos um outro resumo que havia feito. — Não achei que isso era relevante, mas tem outra coisa que eu achei. — disse ele começando a se animar e Wanli se inclinou sobre a mesa para ver ele procurando, apoiando os braços no tampo. — Fala de um cartologo que viajou pelo país para fazer o mapa das estradas que conectam o leste ao sul, saindo de ChangYao em direção a ZhenSi. Aparentemente seu grupo parou e acabou em um local muito seco e foi obrigado a parar em uma fazenda onde a maior população era feminina.
— Fazenda? — questionou Wanli franzindo o cenho.
— Hm. — concordou Mu Qing achando o papel e o erguendo para ela. — Era um lugar pobre, mas tinham água. Ele não achou relevante para ser um local importante, já que não poderia ser de uso de viajantes, os mantimentos eram escassos por a região ser ruim. Mas ele anotou em seu diário apenas para registro por esta parada ter consumido um dia inteiro para se recuperarem.
— Entendo. — disse Wanli se sentando devidamente com a  mão no queixo.
— O que foi?
— Estou pensando que isso tudo é muito coincidente com algumas histórias que meu antigo marido contava para mim. — disse ela o olhando e Mu Qing ergueu uma sobrancelha.
— Eu li as histórias nos arquivos da família, não tinha mulheres ou mesmo uma história anterior. — disse ele confuso e a mulher sorriu.
— E você acha que uma família que alimenta um fantasma com mulheres todo ano iria deixar você ler os arquivos realmente importantes? — questionou ela erguendo uma sobrancelha e Mu Qing balançou a cabeça em consideração. — Wu Singon me contava que todos eram de um mesmo clã ali, que fugiram no norte e que eram descendentes do povo fada das histórias. Eu sempre achei que era apenas uma história que ele contava para me conquistar.
— E conseguiu pelo que parece. — riu Mu Qing e Wanli corou virando o rosto.
— Eu apenas- Não importa! — chiou ela inflando as bochechas e Mu Qing soltou um "pff". — O que importa é que essas histórias podem ser reais. Ele parecia ter orgulho de serem descendentes de um clã antigo e poderoso, mas que haviam sido injustiçados.
— E você caiu em todas as histórias dele.
— Olha bem para mim e diga se eu cai! — disse ela o encarando com as bochechas vermelhas. — Ele era bonito e falava bem! Me fez vários presentes com as próprias mãos e era romântico! Francamente, você e Feng Xin sequer chegam aos pés dele quando ele tentou me conquistar!
— A gente nunca tentou conquistar você. Não tem como saber!
— O que vocês chamam de romantismo é ficar um do lado do outro sem brigar e trocando alguns toques! — disse ela bufando. — Não há nada mais que isso!
— Uma vez Feng Xin me deu uma flor! — disse Mu Qing virando o rosto e ela revirou os olhos. — E eu já cozinhei para ele!
— Você cozinhou para todos da casa! E ele te deu uma flor para pedir desculpas depois de ser um imbecil! — disse ela cética e Mu Qing fez um bico. — Você já foi mais romântico comigo, colocando o cheiro do que eu gosto na casa e me levando para ver meus pais, me dando vestidos e lendo para mim, que foi com ele!
— Mas eu não fiz essas coisas querendo ser romântico! Eu fiz porque me importo com você!
— Isso é romantismo! Pequenos atos bestas para mostrar que se importa!
— Ah... — disse o homem abrindo mais os olhos e piscando. — Ah!
— Entendeu?
— Sim. — disse ele colocando a mão no queixo. — Feng Xin é bem romântico então.
— Feng Xin? — questionou ela erguendo a sobrancelha e sorrindo de deboche.
— Sim, acredite. — riu ele olhando para ela. — Se for de pequenas coisas, ele faz bastante. Por exemplo, ele fecha a cortina para que eu durma mais quando ele sai mais cedo. Ele penteia meu cabelo antes de dormir. Todas as minhas roupas tem cheiro de frutas doces, porque ele coloca a essência na minha parte do armário. Isso quando ele não acha algo estranho ou diferente e me dá. Foi o caso da flor, ela possui pelos nas pétalas.
— Hum, nesse ponto eu tenho que concordar. — disse ela pensativa, apoiando o cotovelo na mesa e o rosto na mão. — As vezes ele traz doces para mim em caixinhas bonitas, ou maquiagens em cores diferentes porque eu disse uma vez que seria divertido usar uma cor diferente nos lábios a cada vez que saísse. Uma vez ele me deu um azul, mas eu nunca sequer usei. — disse ela rindo e Mu Qing sorriu. — Certo, Feng Xin passa no teste de romanticidade.
— Ele é atencioso. — disse Mu Qing sorrindo pequeno, corando as bochechas. — Ele sempre foi. — suspirou erguendo a mão para pôr uma mecha do cabelo atrás da orelha e Wanli sorriu interessada. — Quando éramos adolescentes, ele fazia isso também. Mesmo que implicasse comigo o tempo todo, quando ele tinha algo diferente para comer, sempre dividia comigo sem que eu pedisse. As vezes ele simplesmente separava a parte para mim e deixava sobre minha cama. Por um tempo achei que era Danxia que fazia isso, mas uma vez eu o vi fazer. Foi constrangedor.
— Pelo jeito que falam da adolescência, deve ter sido para ele como ser pego cometendo um crime. — disse ela rindo e Mu Qing a acompanhou.
— E foi. Ele ficou longe de mim por dias por estar constrangido, mas passou a me dar as coisas pessoalmente. No início foi estranho, mas no final acabou sendo tão normal ele dividir as coisas comigo que em algum ponto eu simplesmente pegava minha parte. Acho que parei de prestar atenção depois que ficou normal, mas parando para pensar, ele não tinha que fazer isso, ainda mais para alguém em uma posição tão mais baixa quanto eu.
— Isso é algo fofo. — disse ela apoiando a cabeça na mão e Mu Qing sorriu.
— Sim, foi nessa época que acho que eu comecei a ter algum sentimento por ele... mas eu realmente tinha mais por Dianxia. Então, mesmo que nesses momentos raros eu ficasse abalado, nos seguinte eu estava brigando com ele, então não prestei atenção. Apenas quando nos tornamos deuses e ficávamos mais por nossa conta por Dianxia estar sempre com o imperador, que eu realmente me vi apaixonado por aquele imbecil.
— Isso tudo por ele te dar um pouco de comida? — riu ela e Mu Qing bufou.
— Não sou tão fácil assim! — disse ele cruzando os braços. — Foram muitas coisas pequenas com o passar dos anos. Por exemplo, o meu primeiro sabre foi ele quem me deu. Era um usado, mas era caro, muito bonito. Ainda o tenho guardado no meu palácio. E ele simplesmente havia me dado por eu ser muito bruto e acabava quebrando as laminas baratas que eu treinava. — Mu Qing soltou um riso frouxo e suspirou. — Quando ele me entregou foi mais como um ataque. Ele jogou em mim e por pouco eu não o peguei, eu tinha acabado de quebrar mais um e ele gritou que eu perdia mais tempo quebrando as lâminas que treinando e se continuasse assim, nunca ficaria bom o bastante para servir Dianxia.
— Na realidade, eu te dei aquele sabre porque eu vi que você estava querendo comprar um de qualidade e estava guardando dinheiro. — disse Feng Xin entrando no cômodo e Mu Qing o olhou por sobre o ombro.
— Eu não queria, eu precisava. — riu Mu Qing esticando a mão para ele e Feng Xin a segurou, a levando aos lábios e depositando um beijo rápido nos dedos.
— Bem vindo de volta, marido. — disse Wanli acenando com os dedos. — Não nos interrompa, estou amando a  história.
— Eu estou vendo, seus olhos estão brilhando. — disse ele se sentando ao lado de Mu Qing e selando os lábios com os dele. — Te dei aquele sabre como um presente por saber que você nunca teria dinheiro o bastante para comprar um tão bom. Era usado, mas na realidade, eu comprei... em uma loja de armas muito raras. — disse ele virando o rosto. — Eu iria te dar um novo, mas o vendedor garantiu que aquele era especial e eu até mesmo pedi a Dianxia para avaliar para mim não comprar algo falso. E, bem, parece que eu acertei, porque você o usou até se acender como deus da coorte superior.
— Eu apenas parei de usar porque tive medo de estragar o usando com meus novos poderes de deus, então consegui uma arma divina. — disse Mu Qing deitando a cabeça no ombro do homem. — Mas... você comprou mesmo pensando em mim? Achei que havia pegado no arsenal de sua família, já que você não usava lâminas e me dado apenas para treinar direito.
— Se eu pegasse algo da minha família para te dar, se vissem, iam achar que você roubou. Eu não correria este risco. — disse Feng Xin passando o braço por trás do corpo de Mu Qing, apoiando a mão em sua cintura. — E eu posso ter dito isso, mas na realidade, eu era apaixonado por você naquela época, eu já disse isso.
— Disse, mas não disse quando aconteceu. — riu Mu Qing e Feng Xin bufou.
— Digamos que foi no momento que dianxia falou "esse é o Mu Qing". — disse Feng Xin e Wanli piscou surpresa. — Você era bonito, parecia tímido e sua voz era suave. Quando você olhou para mim, eu quase saí do meu corpo e quis correr de tão abalado que eu fiquei.
— Ah, foi por isso que você gaguejou... e no fim apenas disse "olá".  — disse Mu Qing se sentando direito e Feng Xin coçou a bochecha. — Achei que estivesse chocado de Dianxia me receber e que não iria se dar ao trabalho de falar direito comigo ou se apresentar. Eu fiquei um pouco irritado. Admito foi uma péssima primeira impressão, te achei um esnobe.
— Eu não soube criar uma frase concreta! — disse Feng Xin bufando. — Dianxia me salvou levando você para conhecer o pavilhão e depois daquilo ele jogou indiretas para mim sobre como você era bonito e fofo! Ele me provocou por toda a tarde depois que você partiu para buscar suas coisas!
— Você realmente entrou em pânico! — riu Wanli e Feng Xin encolheu os ombros.
— A-Li, por toda a semana eu fiquei atrás de Mu Qing! Eu tentei me aproximar, eu tentei mostrar o lugar, até oferecia coisas caras para ele comer! — disse Feng Xin ansiosamente e Mu Qing piscou o olhando como se aquilo fosse novidade. — E tudo que eu recebia era "obrigado, jovem mestre, mas não precisa", " jovem mestre, perdão, mas eu sei onde é o caminho", "jovem mestre, eu não preciso que me de sua comida, eu posso bem comer a o que é oferecido pelos mestres da montanha no refeitório". Eu era rechaçado tantas vezes, que Dianxia gargalhava das minhas tentativas de aproximação!
— Você queria se aproximar de mim? — questionou Mu Qing piscando e Feng Xin o encarou abrindo mais os olhos.
— Sim! E você simplesmente me negou todas as vezes!
— Feng Xin, achei que você estava me tratando como um idiota que não sabe trabalhar sem alguém o guiando ou achasse que eu era alguém que merecesse que você vigiasse por ser suspeito! Eu nunca pensei que você estivesse me paquerando!
— Mas eu estava!
— Para mim estava implicando comigo! Você era grosseiro. Você nem mesmo me chamava pelo nome! Era sempre "ei, você!".
— Eu tinha vergonha de te chamar pelo nome! Soava muito íntimo e eu não podia usar um título porque você era um servo. Então eu só podia te chamar assim!
— Nossa, Feng Xin... — murmurou Mu Qing abaixando a cabeça na mão.
— Você era muito difícil!
— Eu? — questionou Mu Qing o encarando e Wanli começou a gargalhar.
— Ai, eu queria ter visto... — disse a mulher com a mão sobre a boca. — Imagino Feng Xin adolescente olhando para Mu Qing de longe, apaixonado e Mu Qing pensando que ele o estava julgando ou planejando a próxima implicância!
— Era assim! — disse Mu Qing e Feng Xin bufou.
— Era irritante! — disse o homem fazendo um bico. — E Mu Qing era tão quieto... as vezes eu só queria ficar perto dele, então me sentava ao seu lado, mas ele sempre levantava e saia.
— Achei que um nobre mesquinho como você estava mostrando que não ia querer se sentar perto de um servo. Para mim você se sentava e ficava me encarando para que eu me tocasse que deveria sair.
— Eu queria ficar perto de você! — choramingou Feng Xin e Mu Qing revirou os olhos. — Francamente! Naquela época eu não podia olhar para você sem sentir que ia vomitar. Você era tão bonito e sempre era gentil com Dianxia, mas era formal comigo. Eu tentei te chamar para fazer coisas apenas nós dois várias vezes, mas você me olhava como se eu estivesse te ofendendo e uma vez até me deu um soco!
— Feng Xin... — começou Mu Qing apertando a têmpora e parecendo controlar a voz da melhor forma que podia. — Eu não sei quando você tentou me chamar para sair, mas do que eu me lembro, você me ordenava que seguisse até o mercado onde comprava várias coisas inúteis e voltamos sem conversar muito. Eu não tinha dinheiro para comprar nada! Se eu olhasse muito para algo você comprava, mas não falava nada! Parecia mais que você estava me esnobando, mostrando que você tinha dinheiro e eu não.
— Em minha defesa, quando eu comprava, eu me virava para você para te dar, eu entrava em pânico e não conseguia falar nada e só conseguia sair correndo. — disse Feng Xin encolhendo os ombros e Wanli soltou mais uma gargalhada. — Mu Qing, você não tem ideia de como você mexia comigo! No final eu tinha um monte de coisa e não sabia nem o que fazer com elas!
— Você era um idiota!
— Eu era uma criança apaixonada! — disse Feng Xin resignado.
— E da vez que eu te soquei, foi por você ter me chamado para ir a uma termal e justificado que queria saber o porque de muitos discípulos ficavam comentando que eu tomava banho sozinho, quando ninguém mais estava por perto e tarde da noite, por na verdade ser uma mulher ou por ter um pau muito feio!
— Feng Xin! — exclamou Wanli caindo sobre a mesa, socando a madeira em meio à gargalhada.
— Jie, ele na hora que disse isso sorria de um jeito tão estranho, que achei que estivesse implicando comigo como todos os outros. E eu fiquei puto porque eu sempre ia tomar banho depois porque, diferente deles, eu tinha que trabalhar para Dianxia, mesmo quando o treino acabava. E ele sabia disso! Era frustrante!
— Pobre, Mu Qing! — disse a mulher rindo escandalosamente e Feng Xin ficou vermelho.
— Quando eu disse aquilo eu quis dizer que se você não se sentia confortável em tomar banho com tanta gente, podia tomar banho comigo onde só os nobres podiam entrar... — murmurou o homem baixinho, encolhendo os ombros. — Não achei que se ofenderia...
— Feng Xin-... — começou Mu Qing o olhando irritado, mas por fim suspirou passando a mão pelo rosto. — Você realmente... eu nunca pensei que você gostava de mim, sequer pensava que você me aceitava ali! Você era péssimo!
— Mn. — murmurou o homem de cabeça baixa e Wanli o olhou com pena.
— Pobre homem, Mu Qing, ele tentou seu melhor. Ele apenas era desajeitado! — tentou ela ainda rindo e Mu Qing bufou.
— A falta de jeito dele fez os anos mais complicados para mim! — disse Mu Qing cruzando os braços e Feng Xin se encolheu mais.
— Me desculpe. — pediu Feng Xin passando a mão na nuca e virando o rosto.
Wanli o olhou com ainda mais pena e lançou um olhar para Mu Qing, que a encarou por alguns instantes teimosamente, mas por fim cedeu com um suspiro, passando o braço pelos ombros de Feng Xin e o puxando para seu peito.
— Não tem o que desculpar, éramos crianças. — disse ele por fim e Feng Xin o abraçou pela cintura. — Não seja um bebê.
— Eu não sou um bebê! Mas é uma merda saber que as coisas só ficaram complicadas entre nós por eu ser desajeitado.
— Eu também vivia na defensiva naquela época, Feng Xin. A não ser que você literalmente se confessasse para mim, eu não iria entender sua verdadeira intenção. — explicou o homem e Feng Xin fez um bico manhoso. — Talvez até se você se confessasse eu demorasse a acreditar, ia achar que você estava brincando comigo.
— Você era muito difícil!
— Eu tive uma vida difícil. É diferente! — disse Mu Qing por fim, suspirando e o beijando no topo da cabeça. — E nós nos perdemos do assunto...
— Ah, sim! — disse Wanli piscando e se sentando direito. — Talvez tenhamos de ir até a fazenda para conseguir os pergaminhos realmente antigos que vocês não viram para ter certeza! — disse a mulher e Feng Xin a encarou.
— Fazenda? — questionou se afastando de Mu Qing e o homem passou para ele os papéis com as anotações. — Ah sim, aquela fazenda. Você não tinha lido tudo que achou sobre a história?
— Eu li o que me deram, mas Wanli tem razão, se eles eram os restos de um clã exilado, quando me viram ali, vendo meu cabelo, eles não iriam confiar em mim.
— Ah, certo... — disse Feng Xin pegando o caderno que Wanli havia feito. — Sua caligrafia é linda, A-Li!
— Obrigada. — disse ela sorrindo.
— Então, vocês preferem ir procurar estes arquivos agora ou vão terminar de ler tudo que Mu Qing trouxe? — questionou Feng Xin os olhando e  Mu Qing ergueu os ombros.
— Acho que vale ao menos uma revisão nos outros, assim podemos ter mais detalhes. — disse Wanli e Feng Xin acenou com a cabeça.
— Eu vou viajar com Chang Dasong e um grupo de cultivadores em três dias em direção ao sudoeste atrás dos bandidos. Vocês podem vir conosco. Será mais seguro e terá mais gente para procurar.
— Espera, eu também? — questionou Wanli piscando, apontando o dedo para si mesma e Feng Xin sorriu.
— Você conhece aquele lugar melhor que qualquer um.
— E digamos que Feng Xin tenha destruído muita coisa naquela vez e vamos precisar de alguém que ao menos reconheça onde era o que. — completou Mu Qing e Feng Xin o deu uma cotovelada. — Estou apenas falando a  verdade!
— E A-Guang? — questionou ela e os homens se entreolharam. — Não vamos levar minha filha! — disse ela severa e Mu Qing ergueu as mãos.
— Podemos leva-la para seus pais. Fará bem para ela ficar um pouco com eles.
— E também, vamos de matriz de encurtamento de distância. — disse Feng Xin balançando a mão. — Da sua cidade podemos ir para a fazenda e também ate o ponto de encontro que descobrimos. — o homem então pareceu se lembrar de algo e riu. — E Mu Qing também tem que falar algo com seu pai.
— Meu pai? — questionou ela confusa e Mu Qing imediatamente corou.
— Não há nada a dizer! Ele está errado! — disse ele nervoso e Feng Xin gargalhou.
— Apenas dizendo! — disse Feng Xin erguendo as mãos. — Mas bem! — disse ele se levantando, forçando uma mão na coxa de Mu Qing ao se colocar de pé. — Já que resolvemos isso, vou pegar a jovem senhorita com a-Song. Ele deve estar dando doces para ela sem pensar que somos nós a ficar acordados com ela de noite por dor no estômago ou por não ter sono.
— Você vai ficar com ela. — disseram Mu Qing e Wanli juntos e Feng Xin os encarou.
— Porque? — questionou indignado e Mu Qing bufou, pegando um novo livro.
— Eu disse para deixar ela aqui. Ela se comporta bem e até mesmo treina um pouco com o pincel, melhora a habilidade motora. — disse Mu Qing.
— Mas a-Song sente falta dela também! E ele está preso na cede! — tentou Feng Xin.
— Bem, então você que quis ajudar o jovem mestre que arque com as consequências! — disse Wanli passando a página do caderno que segurava e Feng Xin bufou.
— Eu sou casado com duas cobras!
— Você que é coração mole! — disse Mu Qing sorrindo ladino e Feng Xin bateu o pé em sua bunda. — Vá buscas a-Guang, saia daqui! — disse ele erguendo a cabeça e Feng Xin ergueu o dedo médio para ele. — Imbecil!
— Calado, bunda branca! — disse Feng Xin saindo e Mu Qing revirou os olhos.
— Ele acha que isso é ofensa? — questionou Wanli anotando um parágrafo do que estava lendo e  Mu Qing ergueu os ombros.
— Deixa ele pensar que é. — disse com desdém, se sentando mais confortável para ler.
— Eu ainda nem sai do cômodo! — disse Feng Xin, mas foi completamente ignorado.
Batendo as mangas, o homem saiu e deixou os outros dois rindo para trás.

[Proximo cap, segunda feira que vem!]

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