Calmaria: parte 2

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Já deveria ter duas semanas que ele estava acordado e Feng Xin andava pela casa ansioso. Não sabia onde nada ficava naquele lugar e, depois de Mu Qing ser chamado para fazer algo que ele não tinha ideia do que se tratava, como todos os dias, — e ninguém parecia interessado em o atualizar sobre o que acontecia — havia ficado por conta de Guang enquanto Wu Wanli saia. O problema era: ele não sabia o que fazer!

Podia ser pai, mas o tempo que mais ficou com Cuocuo foi quando ele tentou o morder até a morte! Como ele poderia saber cuidar de uma criança humana? Sua sorte era que a menina não dava trabalho, andava pela casa e colocava algumas coisas na boca, mas fora tirar coisas perigosas do caminho, ele não tinha muito o que fazer. Wanli havia dito a ele que não precisava a alimentar, trocar e nem a pega no colo, mas ele queria poder dar algo para ela comer! Ele sentia que estava em dívida com todos ali! Mas ele não achava nada naquela casa!

No primeiro dia que acordou ele havia aproveitado a oportunidade para beijar Mu Qing o quanto queria e admirar o fato de que ele estava bem e vivo, mesmo que o deus tivesse tido um desvio de qi, ainda sentia valeu a pena se isso foi a chave para poder ter aquilo.

Nos dias seguintes, por outro lado, a ficha pareceu começar a cair de verdade.

Ele sentia o corpo fraco. Era irritante, sem mais nem menos, as pernas cederam e ele cair de joelhos no chão e assustar Wanli, que era quem ficava a maior parte do tempo com ele, cuidando dele como uma enfermeira. Ele havia até sido proibido de segurar Guang se fosse andar naqueles primeiros dias. Agora ele podia, mas apenas se tivesse mais alguém no local para salvar a menina, do contrário, ela ficaria no chão, engatinhando ou andando.

Ele achava aquilo um absurdo! Ele era um deus e o tratavam como criança!

Mas ele não podia lutar quando mal se aguentava de pé.

A única parte boa daquela fraqueza era o fato de todos os dias Mu Qing se deitar com ele. Não para cumprir qualquer acordo que tinham feito no primeiro dia sobre se permitirem mais toques e intimidade, mas para tentar amenizar o efeito de seu núcleo desestabilizado em seu corpo, usando a própria energia.

Com o passar dos dias ele percebeu que, mesmo que não o explicasse o que fazia, Mu Qing tinha muito o que fazer. Saia cedo todos os dias para a seita que os tinha acolhido e, fosse o que fosse que o pediam para fazer, não era um trabalho simples e sem gasto de energia. Ele não tinha força física para ficar acordado durante a noite e se Feng Xin conseguisse roubar um ou dois beijos era muito, pois Mu Qing dava prioridade a sua recuperação.

Para ajudar, Feng Xin havia voltado a cultivar. Horas treinando artes marciais, escrita e meditação tinham ajudado bastante em sua recuperação e, durante todos aqueles dias que ficou inválido e praticamente de cama, ele se sentia muito grato por tudo que Mu Qing fazia por eles.

Ele havia dado um lar a Wanli e Guang. Havia salvado suas vida, os garantido comida e um teto para dormir. Ele se empenhava em ser prestativo no trabalho que o líder da seita o havia dado e, mesmo que Feng Xin não possuísse permissão de sair e passear, ouvia vozes de estranhos em sua casa e todos, sem exceção, o chamavam respeitosamente de Ancião Mu.

Feng Xin se sentia em dívida. E aquele sentimento era irritante. Então sempre que podia, tentava fazer algo por Mu Qing. Fosse arrumar seus cabelos, ajudá-lo a se vestir ou o servir na hora das refeições, ele fazia. E quando não tinha nada daquilo para ser feito e percebia que Wanli não estava presente, ele apenas o abraçava sem qualquer motivo, apenas para ter certeza que estava por perto e que toda aquela repentina paz e estabilidade era real.

E era real. Mu Qing ali era real. Wanli e Guang eram reais. Suas noites tranquilas de sono abraçados a aquele homem sem qualquer outra intenção a não ser estar perto, eram reais. E ele se sentia grato de uma forma que não conseguiria explicar ou retribuir em mil anos ou sete reencarnações.

O tempo que podemos terOnde histórias criam vida. Descubra agora