Sobrevivência

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Sentado no pátio da prisão, Innie contemplava o céu azul e observava os pássaros em seus voos intermitentes, aproveitando o horário designado para a prática de esportes, mesmo que não tivesse se acostumado ainda com esse tal de "basquete".

Innie encontrava-se na prisão injustamente, ocupando o lugar de I.N, sendo acusado de crimes cibernéticos. Ninguém imaginaria que o renomado hacker I.N pudesse ser associado a uma personalidade tão adorável, caracterizada pela meiguice, fofura, amorosidade, carinho e simpatia, tornava-o alguém cativante, naturalmente atraindo a proteção de todos ao seu redor. Como um verdadeiro "felino", Innie adaptava-se rapidamente e demonstrava uma incrível habilidade para sobreviver em qualquer situação.

Innie, um pirata oriundo de Amicitia e híbrido de felino, costumava viver pelos sete mares saqueando outros piratas desavisados. Contudo, sua jornada o trouxe ao nosso mundo, onde acabou sendo capturado e enviado para a prisão. Durante o tempo que passou na cadeia, ele compreendeu perfeitamente como as coisas funcionavam, e para sua surpresa, não ficou intimidado; na verdade, considerava o ambiente prisional bastante confortável. Afinal, Innie já havia vivido por anos na temida cidade de Distrito Nove, localizada próxima ao deserto de Harenae em Amicitia. Essa cidade era infame por seus crimes, roubos e contratos nada convencionais, atraindo os piores tipos de pessoas. Innie estava bem habituado a esse cenário, além de passar muito tempo na ilha pirata de Furantur. Lidar com valentões, ladrões e assassinos era uma rotina com a qual ele estava familiarizado em seu dia a dia.

Ninguém conseguia compreender como aquele jovem de aparência tão meiga e pura poderia encontrar-se em um ambiente tão degradante e perigoso. Apesar de Innie ter sido injustamente preso, sua inocência estava longe de ser absoluta; talvez ele tivesse cometido mais crimes do que todos aqueles homens juntos.

No dia em que Innie chegou, foi submetido a uma revista e obrigado a vestir um desagradável macacão amarelo. No entanto, ele não demonstrou grande preocupação com isso. Ao ser conduzido até sua cela, os outros detentos se ergueram de suas camas, encarando-o com expressões nada amistosas enquanto percorria o corredor sob escolta.

— Olá meus amigos! — Disse Innie animado, sendo completamente ignorado.

Os homens observavam Innie de cima a baixo. Um deles se aproximou, examinando-o minuciosamente e até mesmo tocando seus cabelos.

— Qual o seu nome, novato?

— Jeongin, e você, meu nobre senhor, como se chama?

— Dak-ho, mas você pode me chamar de daddy.

— Daddy? O que é isso?

— É a forma como você vai me chamar a partir de agora.

Innie não entendia o significado daquela estranha palavra, mas entendia de maldade humana e sabia exatamente o que o homem queria.

— Está bem, então... daddy — Innie sorriu, tentando parecer meigo.

No dia seguinte, durante o almoço no refeitório, enquanto saboreava sua refeição animadamente, um rapaz moreno, alto e robusto aproximou-se e sentou-se à sua frente.

— Você é o Jeongin? O novato que todos estão comentando? — perguntou o rapaz.

Innie olhou surpreso, sem ter ideia de que já havia se tornado tão famoso na prisão.

— Sim, sou eu mesmo. Por que perguntas, meu nobre senhor? — Innie sorriu fingindo inocência. A julgar pela forma que o homem o olhava, entendeu se tratar de outro ser desprezível.

— Todos aqui me chamam de Chul, me chame como quiser, Jeongin. Vim até aqui porque estou interessado em você, se for só meu, posso protegê-lo.

Innie curvou os cantos da boca para baixo, deixando seus olhos lacrimejarem e sua expressão adquirir uma tristeza palpável. Ele era um excelente ator.

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