06 - Segunda Chance

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Se antes eu cogitava que a rainha não havia gostado de minha pessoa a primeira impressão, naquele momento havia se concretizado completamente. Eu tinha ciência que não era apta a tal tarefa qual havia sido direcionada, mas não imaginava que pudesse ser quase uma missão impossível. Naquele momento eu estava no chão ajoelhada tentando resgatar o resto dos pratos que haviam se estilhaçado pelo piso lustroso. Me humilhar diante a todos havia sido a perceptível intenção de Tâmina, a serva pessoal de Karla Aelina II. Ela havia me direcionado a retirar os utensílios de mesa da rainha e seus convidados, mesmo eu afirmando para a própria que não estava preparada para tal coisa. Aquilo havia sido proposital, era claro.

A rainha me olhou tão fixamente por cima do ombro, que apenas bastou aquilo, sem ao menos dizer uma só palavra para que eu estremecesse por completo. Aquilo definitivamente não poderia ter acontecido, as atenções estavam todas voltadas para mim, em forma de olhares, piadas e gargalhadas. Era apenas o segundo dia que eu prestava serviços ao palácio, e já havia causado incontáveis dores de cabeça a majestade. Ela iria aniquilar.

A conselheira real veio até mim, que até então tentava consertar aquele erro que não havia justificativas. Não para ela.

— Acompanhe-me, senhorita. - falou a mulher alta para mim. - limpa isso. Agora. - desta vez, direcionou as palavras para Tâmina, que por sua vez não sabia esconder o sorriso de lado que havia se formado em seu rosto desde o momento em que tropecei com a pilha de pratos.

Juntamente com a conselheira, um homem negro, alto e forte acompanhava-me até o cômodo principal da rainha. Em total silêncio, fui direcionada a sala do trono, que até então não havia absolutamente ninguém.

— Como a senhorita se chama? - perguntou-me a loira educadamente assim que chegamos ao destino.

— Me chamo Lauren, senhora. - falei logo curvando-me diante a mulher. Não queria mais problemas do que já tinha, por isso, tentei fazer o correto.

— Lauren, não... não curve-se diante a mim. - disse a mulher rapidamente tocando meus ombros, deixando-me supresa.

— Como? - perguntei-lhe voltando a postura ereta, inconsequentemente arqueando as sobrancelhas.

— Assim como você, sou apenas mais uma serva da rainha. Não tenho sangue real, então por favor, não curve-se diante a uma plebeia como eu novamente. - explicou-me pacientemente deixando-me confusa, pois pelo pouco que pude perceber, ela parecia íntima da rainha, tanto que estava sentada à mesa com a própria, e suas vestimentas não condiziam nem um pouco com as dos servos, que eram verdadeiros trapos velhos.

— Tudo bem. - falei sem questioná-la, afinal, não tinha posição para tal coisa.

— Bom, Lauren. Me chamo Dinah, sou a conselheira real de Karla Aelina II, rainha de toda Azohá. - disse Dinah formalmente. Percebi que ela demostrava ser uma mulher extremamente paciente e falava em um tom ameno, sem resquício de ameaça. Pelo menos ela não aparentava uma vontade de me matar. Pensei. - Lauren, serei bem sincera. Não sei se depois de seus erros você permanecerá prestando serviços ao castelo. A vossa majestade é uma mulher bastante rígida, que preza por respeito e organização, e você pecou ao extremo nas duas coisas. Incrivelmente obtendo esta proeza nos primeiros dois dias.

— É, tenho consciência disso...

— Você expôs sua rainha ao completo ridículo. Acho que tem ciência de que deslizes como esse em meio a uma reunião tão importante são de extrema gravidade.

— Entendo perfeitamente. - respondi-lhe. - bem, eu posso me explicar. Aquela mulher, Tâmina, me colocou em esta posição, ela me direcionou a esta tarefa, e eu tentei alertá-la de que ainda não estava preparada.

ENTRE MUNDOSOnde histórias criam vida. Descubra agora