04 - Temores

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Os dias haviam se passado lentamente. Juntamente com Arín, eu trabalhava fazendo quase tudo por aquele vilarejo movimentado, qualquer coisa que desse dinheiro ou comida nós estávamos dispostos a fazer, afinal, não tínhamos como escolher. Normani cuidava de Jasmine enquanto eu e seu marido estávamos fora, pois ela não poderia mais fazer qualquer tipo de trabalho por conta do braço que havia perdido os movimentos.

Aquele dia eu não havia saído para trabalhar pois segundo Arín não precisaria de meus serviços. Fiquei em casa ajudando Normani com os afazeres de casa e cuidando de minha filha. Após Jasmine alimentar-se e dormir no começo da tarde, sentei-me a mesa com Normani para fazer nossa refeição.

— Você parece abatida, Lauren. Está exagerando no trabalho, não precisa disso tudo. – alertou Normani chamando-me a atenção. — Arín dispensou seus serviços por conta de sua aparente exaustão.

— Não acredito que ele não quis que eu o acompanhasse por conta disso. Eu estou bem! – protestei.

— Lauren, não faça isso, você poderá ficar doente!

— É que... Não sei, preciso juntar uma boa quantia... acho que comigo e Jasmine aqui, você e Arín perdem a privacidade.

— Do que está falando? – direcionou-me um olhar confuso.

— Acho melhor eu procurar um lugar para mim e minha filha...

— Está enlouquecendo? Vocês não irão a lugar algum. – sem pensar, ri de sua reação e de suas palavras. – não estou brincando!

Eu sentia que as vezes era desconfortável para eles ocuparmos o mesmo lugar. Todo casal tinham suas intimidade, mas como eles faziam algo comigo e minha filha ocupando a mesma casa? Era definitivamente no mínimo frustante.

— Normani, vocês não fazem... – impedí-me de continuar a frase, pois ela poderia ficar desconfortável. Eu nunca falei sobre tais coisas com ela.

— O quê?

Estava tão na cara sobre o que eu estava falando. Ela não era tão lerda assim para não entender o que eu estava insinuando.

— Sexo.

— Meu Deus, Lauren! Isso é pergunta que se faça? – mexeu-se desconfortável na cadeira.

— Não é nada demais, somos amigas íntimas. – dei de ombros. – e então?

— Não temos muito tempo. Nosso tempo para essas coisas já passou. – falou com descaso.

— Negativo. Vocês são super jovens!

— Para mim isso não é algo relevante em um casamento. – deu de ombros. Normani olhou para os lados e depois direcionou o olhar a mim – já que você fez questão de induzir esse assunto, pode me tirar uma dúvida? – perguntou-me mesmo com seu aparente desconforto.

— Sim!

— É que... Para mim é algo muito irreal pessoas iguais terem relações carnais. Como você faz isso? Como duas mulheres conseguem... Fazer sexo?

Quis rir de sua expressão ao terminar a frase, ela parecia inquieta, talvez duvidando de si mesma ao ter feito tal pergunta.

— Dedos e língua. – fui curta em minha resposta.

Normani arregalou os olhos e pôs a mão sobre a boca. As reações dela eram um tanto engraçadas.

— Como assim? Vocês colocam essas coisas lá...? – fez uma cara espantada.

— Em todo lugar!

— Meu Deus...

— É muito bom.

ENTRE MUNDOSOnde histórias criam vida. Descubra agora