- Eu não aguento mais.
Um pequeno pé calçado com uma bota marrom desgastada chuta a pedra em seu caminho, a vendo atravessar uma curta distância e desaparecer entre a grama alta.
Ele sorrir, fazendo sua covinha aparecer. Suas sardas tomam boa parte de seu rosto, tornando-o ainda mais adorável.
- Detesto quando a mamãe pede para virmos catar suas ervas. – Continua sua lamentação, com seu sotaque se acentuando à medida que se irrita. – Eu tinha compromisso hoje... Billy e eu iriamos praticar voou.
- Não seja molenga. – Briga a ruiva de olhos verdes, em um inglês menos enrolado. – Mamãe passou a noite toda cuidando dos gêmeos, ela precisava dormir agora de manhã. Você, Billy e sua prática de voou podem esperar.
Ele bufa, irritado, recebendo um olhar de desaprovação da mais velha.
Mesmo com a pouca idade que tem, a jovem garota de pouco mais de 9 anos sabe que ser pobre exige muitos sacrifícios, sendo um deles acordar antes do sol nascer para apanhar ervas frescas. A doença repentina de seus irmãos gêmeos aliada com a baixa venda dos tônicos de sua mãe, só agravaram uma situação já precária. Com seu pai morrendo de varíola de dragão três anos atrás, tudo só piorou para a pobre família Meltdow.
- Pegue aquelas abútuas ali, às que estão perto daquela árvore grandona, para a gente poder ir embora. – Manda, apontando com seus dedos pequenos para o local. – E sem corpo mole, John!
- Deixar de ser mandona, Lizie. – Diz ele, com seu costumeiro timbre descontente.
A garota se abaixa para catar os frutos roxos da trepadeira conhecida como abútua, ou parreira-brava. Com suas mãos enluvadas, ela retira um por um da planta, colocando-os em sua cestinha de palha. Os primeiros raios de sol surgem no horizonte, avisando que eles precisam ser rápidos.
- Pare de reclamar e trabalhe, quero chegar cedo em casa dessa vez. Lembre-se que a mamãe pediu para não demorarmos.
- Tá bom, tá bom.
O garoto começa a correr para onde estar a trepadeira, disposto a fazer como ordenado por sua irmã mais velha. No processo, algo lhe chama a atenção. Um forte clarão surgindo de dentro da floresta, do nada. É tão forte quanto os clarões que ele já viu sendo produzidos por feitiços lançados por varinhas, mas não tão forte quanto o sol do meio-dia.
Ele para, amedrontado.
Por sua visão periférica, a garota também presencia o surgimento do clarão, assim como seu sumiço rápido. Seu rostinho infantil se contrai, mas não de medo. É a mais genuína curiosidade.
- O-o que foi isso? – A voz infantil dele pergunta, seus olhos se arregalando quando ver sua irmã se levantar e começar a seguir para onde viu o clarão.
Ela solta sua cestinha no chão, empolgada com sua nova aventura.
- Lizie, isso pode ser perigoso. – O garoto de pouco mais de 7 anos fala, tentando dissuadir sua irmã. – E se for coisa daquele bruxo mal que mamãe estava falando ontem com a tia Kate? Grindewool... Grinwald... Grin... Qual era mesmo o nome dele?
A menina revira os olhos achando o medo de seu irmão desnecessário. Coisas brilhantes são boas, é o que sua mente inocente pensa.
- Grindelwald, seu bobão medroso.
- Eu não sou medroso! – Grita, estufando o peito.
- John, fique quieto. – Ralha, saltando um pequeno tronco caído. – Não precisa me acompanhar.
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Me Encontre No Passado
RomanceAo vislumbrar seu futuro, Hermione não sabe o que lhe desagrada mais: seu casamento fracassado, sua falta de apoio familiar ou as frequentes cobranças que recebe para ter filhos - mesmo que sua recente carreira como chefe do Departamento de Execução...