Os Dois Sofrem No Final (Part. 02 - Final)

550 50 75
                                    

[...] HORAS DEPOIS [...]

(Chuva)

(Ele queria o conforto, eu queria aquela dor)

(Ele queria uma esposa, eu estava correndo atrás do que queria)

(Perseguindo a fama, ele continuou o mesmo)

(Tudo em mim mudou como a meia-noite)

– Taylor Swift (Midnight Rain

Cashel.

Inconfundível como um livro que já li milhares de vezes, diante dos meus olhos está o homem que ajudou a irmã bastarda de Rowena Ravenclaw a me mostrar meu futuro de merda. E mesmo tentando se misturar à paisagem caótica de adolescente e crianças bruxas ao seu redor, ele é como um farol vermelho para mim. O vermelho do adeus.

Mesmo usando um sobretudo preto, suéter azul marinho com gola e calças prestas, e estando escondido em um beco cercado por barris e pedestres ociosos, Cashel é um homem que desperta a atenção. Sua beleza unida a aura de mistério e perigo que o rodeiam fazem as pessoas lhe darem uma segunda olhada quando passam por ele.

Ele só não é mais misterioso e perigoso que o garoto sentado ao meu lado, penso, com meu coração martelando em meus ouvidos.

O pânico começa a brotar, frio como uma noite sem estrelas.

- O que está prendendo sua atenção? – Tom pergunta, visivelmente interessado. Seus olhos me sondam, procurando o mínimo sinal de fraqueza.

Não acho que seja proposital, apenas um mecanismo de defesa que ele não controla. É quase como respirar. Ele sempre buscará brechas nas armaduras das pessoas.

Engulo em seco, sentindo minhas mãos ficarem trêmulas e minhas entranhas gelarem. Forço meu rosto a permanecer impassível.

- O dia está nublado, e eu gosto de dias assim. – Falo a primeira coisa em que consigo pensa. É estúpido. Frases ligadas ao tempo são a pior forma de desconversa.

Vejo Abraxas morder o lábio inferior para conter um sorriso, e Pollux me olha como se eu fosse burra.

- É o fim do outono, o que mais você esperaria? – Black fala, cínico.

- Fico impressionado por você saber que estamos no fim do outono, Pollux – O sorriso que desponta dos lábios de Tom é mordaz, frio como aço. – Por um breve momento, você quase me convenceu que é inteligente.

- Tom... – Seus olhos enuviados de raiva me fazem engolir minhas palavras.

- Volte a falar assim com ela que não sobrará muito de você para seus pais enterrarem. – A ameaça é baixa, cruel e muito explícita.

Pollux estremece, seus olhos dilatando de medo.

- Me desculpe, mi...

Abraxas acerta uma cotovelada no moreno, fazendo-o perceber seu quase erro.

- Tom, me desculpe.

Com um aceno de cabeça, Tom aponta que é para mim que Pollux deve se desculpar. E ele o faz, com um enfático desespero na voz.

- Tudo bem. – É tudo que digo, sabendo que meu tempo é escasso.

Você ainda me amara quando eu partir?

***

A minha cidade era uma terra inútil

Me Encontre No PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora