Com Os Olhos Fechados

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Saímos pelos fundos do St. Mungus às 06:30 da manhã do dia seguinte. A quantidade de repórteres e bruxos parados à nossa espera era absurda demais para que usássemos a porta da frente e, temendo uma retaliação de algum seguidor de Grindelwald, foi preferível usarmos a saída dos fundos. Uma escolta de quatro aurores nos acompanhou pelo rápido percurso constrangedor e silencioso.

Que caos causamos, não deixo de pensar. Em que isso refletirá no futuro? Perguntou-me, vendo as portas duplas imensas de madeira da saída.

Para meu espanto Tom segura minha mão com delicadeza, me dando um aceno de cabeça quando encaro o mesmo com os olhos arregalados. É um gesto romântico seu, e totalmente atípico.

Assim que chegamos ao lado de fora, encontramos mais aurores nos esperando, atentos. Reconheço que com eles estão o chefe dos mesmos, Theodard Fontaine, e também Dumbledore e Dippet.  

Fontaine está acabado, percebo. Suas olheiras e os cabelos desgrenhados denunciam uma noite muito mal dormida.

- Vocês me parecem muito bem. – Ele diz, nos observando da cabeça aos pés, demorando-se em Tom e em nossas mãos entrelaçadas. Ainda vestimos as mesmas roupas de ontem e estamos cobertos de hematomas arroxeados, então, bem não era uma palavra que eu usaria para nos descrever. – Peço que mantenham qualquer informação sobre o ataque que conversamos em sigilo.

Tom troca o peso dos pés, acariciando as costas de minha mão com seu indicador.

- Lá se vai meu plano de escrever um livro sobre nossa pequena aventura contra os seguidores de Grindelwald. – Tom diz, sorrindo de lado cinicamente. É uma provocação direta ao chefe dos aurores. Aperto seus dedos, o que o faz apertar minha mão em retribuição. – Sinto muito, Hermione, não poderei fazer a dedicatória romântica que eu planejava para você. – Fala com falsa tristeza, virando seu rosto para mim.

Quase revirou meus olhos com seu sarcasmo.

- Sei que você terá outras oportunidades de escrever um livro e dedicá-lo à mim, querido. – Digo, tentando não deixar suas palavras inflamarem uma cena desconfortável.  

Alguns riem, mas Theodard estreita seus olhos, não achando graça. É perceptível sua antipatia por Tom, e isso de certa forma, me incomoda.

- Hermione e Tom não precisam comentar sua luta contra aqueles malfeitores. – Dippet se pronuncia, sua voz saindo arrastada e rouca. Ele se aproxima de nós com Dumbledore em seu encalço. – Estão cientes dos riscos e também das consequências, não é?

Concordamos, mas percebo que Tom faz isso apenas pelas aparências. Ele não se importa com nada daquilo. Na verdade, desde que acordamos, ele está estranhamente quieto e pensativo. E aparentemente, nenhum pouco preocupado. Mesmo se mantendo ao meu lado, sinto o mesmo há quilômetros de distância, preso em seus próprios pensamentos.

Um pigarro nos faz encarar um dos aurores que ali estava. O mesmo é um moreno com os olhos verdes mais límpidos que já vi. Ele sorri em constrangimento, ficando com as bochechas vermelhas quando me encara. Seu constrangimento é adorável.

Ele não deve ter mais que 22 anos, constato, percebendo pelo canto do olho que Tom enrijece seus músculos. Estranho.

Sorrio em solidariedade, fazendo o mesmo ficar ainda mais vermelho. Tom intensifica seu aperto em minha mão, me fazendo franzir a testa e lhe lançar um olhar irritado.

Qual é o seu problema? Quero gritar, mas tenho que me controlar para não causar uma cena realmente constrangedora.  

- Desculpem incomodar, mas preciso saber... Qual de vocês lançou o feitiço da serpente? – Ele fala, me encarando demoradamente antes de se virar para Riddle. O sorriso some de imediato.

Me Encontre No PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora