De Predador Para Caça (POV - TOM)

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As informações reunidas em minhas mãos são um punhado de nada. Uma perda de tempo, na melhor das hipóteses. Nada sobre o homem morto no relatório me diz o porquê de seu nome ficar se repetindo em minha mente como um carrossel enferrujado desde que acordei. Sua foto, que agora está abandonada ao lado do meu copo de whisky pela metade não me traz reconhecimento algum.

Frustração rasteja por minha pele, me fazendo jogar o pergaminho com as informações do desconhecido em cima da mesa. Um passado com rosto é tudo o que tenho do indivíduo, mas nada me conecta a ele, aparentemente.

Nome completo: Edward Anthony Lancaster.

Títulos: auror de alto nível, sendo o segundo em comando em sua época.

Nascimento: 28/09/1923 - 15/12/1945

Idade: 22 anos

Descrição física: moreno, olhos verdes, 1.72 de altura.

Status: morto por fraturas, lacerações e queimaduras. Corpo completamente desfigurado, levando a crer que foi torturado por dias.

Veredito final: tortura proposital, friamente executada.

Suspeitos(as): não identificado.

Agarro o copo de vidro e o giro em uma mão, encarando seu conteúdo com atenção. Não existe nada ali que me interesse, é apenas uma distração conveniente. Na verdade, minha vida se tornou um mosaico de distrações convenientes que me tiram da inércia de não poder conseguir o que quero: ter Hermione Granger sob meu poder. Ela é a razão de todos os meus problemas, e também a solução deles.

Suas lembranças, ou nossas lembranças, dependendo do ponto de vista, continuam se infiltrando em meu cérebro como malditos parasitas. Uma doença que não consigo curar. E por mais que eu queira reprimir a torrente de emoções e sentimentos que veem junto delas, não consigo. Ela está sob minha pele, me atormentando. O eco de sua voz me acorda todos os dias, me faz desejar coisas que eu não deveria querer.

Que maldita confusão, aperto o copo com força, vendo seu líquido parar gradativamente de balançar. Preciso tirá-la do meu sistema, destruir esse laço que nos une e trazê-la de volta para esta época.

Fecho os olhos e jogo a cabeça para trás, apoiando-a no encosto da poltrona de couro. Seu rosto me vem imediatamente à mente, fazendo meus dentes trincarem. A imagem é tão nítida que é como vê-la diante de meus olhos. Seus cabelos sedosos, olhos castanhos cautelosos, sua boca rosada... Seu maldito sorriso.

Preciso agilizar meus planos, pondero, abrindo meus olhos e fitando o copo. Ou se tornará impossível chegar até ela.

Suspiro, irritado.

Eu poderia sair e matar alguns sangue-ruins para me divertir e distrair, mas o risco de receber imagens intrusivas do meu novo passado poderia me incapacitar por segundos preciosos. E estar exposto e vulnerável não é algo que minha racionalidade permita que eu faça. Outra alternativa seria foder até minha mente ficar em branco, mas está foi mais uma das coisas que a Granger/Lefay estragou na minha vida.

Aproximo a bebida do meu nariz e cheiro, sentindo o forte e inconfundível cheiro do álcool de alta qualidade.

Whisky de fogo não é a bebida alcoólica mais forte que já tomei. Em um dos vilarejos mais remotos da Albânia, existe uma mistura de gin de groselha, rakia, uma bebida típica da região e whisky fervido em fogo maldito que parece brasa em sua língua quando ingerido. Três copos foram o suficiente para me atirar em uma espiral de embriaguez que nunca repeti.

Particularmente, acho desprezível quem afoga suas frustrações em bebidas. Quando sóbrios, elas sempre voltam para nos assombrar como fantasmas translúcidos. É inevitável. Por isso, apesar de apreciar bons drinks, não tomo mais que o necessário em momentos do meu agrado. E este é um bom momento para tal.

Me Encontre No PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora