Situações Inesperadas

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Um vendaval de emoções turbilhona dentro de mim. É como se eu fosse um tornado, prestes a varrer tudo em meu caminho. Não gosto de imprevistos, pois trazem descontrole. Desde muito nova aprendi que planejamento, disciplina e controle fazem uma vida segura e estável. Mas, tudo o que consegui de uns anos para cá é o inverso dos meus objetivos. E eu estou farta disso.

Pisco, escutando o barulho de conversas animadas chegarem até mim como ruídos estáticos de plano de fundo.

Minha vida se tornou uma caixa de pandora, com todas as desgraças humanas recaindo sobre mim de uma vez. O grande culpado para isso tem nome e sobrenome, e sinceramente, foda-se o destino. Não serei intimidada por um projeto de ditador narcisista que se acha o dono da razão.

Foda-se, Riddle!

Ontem, ao encarar suas costas se afastando após ele indiretamente me ameaçar e eu lhe rebater, decidi que aqui não – não nesse tempo, não com ele tendo a mesma idade que eu e, não ele sendo apenas a merda de um aluno. Voldemort não irá me assombrar em sua versão de 17 anos. Ele pode ser considerado um herói, por mais irônico que isso seja, pode ser um prodígio, mas eu também sou. E, vou lhe mostrar dois podem jogar sujo em uma mesma guerra.

Jogo meus cabelos por cima de meu ombro, sentindo de imediato a fisgada de dor em meu pulso esquerdo.

Merda.

Quando voltei ao meu dormitório ontem, as meninas me questionaram por onde andei. Sustentei minha mentira sobre fazer um tour com Dumbledore sem dificuldades, mas isso não as impediu de observarem a vermelhidão em meu rosto e meu tique em massagear meus pulsos constantemente.

- Não estou acostumadas com as escadas mudando de direção. – Foi como expliquei minha situação.

A melhor mentira que consegui formular é que acabei tropeçando nas escadas e caído de mal jeito, machucando meus pulsos na queda. Elas não desconfiaram de minha mentira, o que só tornou tudo ainda pior.

Eu odeio mentir.

Com minha varinha em punho recito breves feitiços não verbais, conseguindo aliviar a vermelhidão e dor do meus membros. Seu feitiço não produziu cordas para prender meus pulsos, mas meus membros estão vermelhos como se tivessem sido amarrados. Eu posso facilmente me curar, mas quero manter a dor e a vermelhidão como uma lembrança de meu segundo erro ao baixar a guarda perto de Riddle.

Cerro minha mandíbula com raiva, encarando meus materiais em cima da banca.

- Se não melhorar, podemos ir até a Ala Hospitalar, Hermione. – Augustine murmura para mim, vendo meu desconforto. – Não gosto de saber que você está sentindo dor. – Suas palavras aquecem meu coração.

Sorrio.

- Não se preocupe, eu ficarei bem. – Abro meu livro, não prestando atenção na página. – Obrigada por demonstrar se preocupar comigo.

Ela não me contradiz, mas o vinculo em sua testa me diz que está preocupada. A doçura de seus olhos lhe dão um ar inocente e jovial, isso me impressiona. De onde venho, não se encontra mais esse tipo de olhar nas pessoas. Todos perderam algo, inclusive suas inocências.

Escutamos Kate, que está à algumas bancas atrás de nós sentada ao lado de seu namorado, soltar uma risada contida de algo que ele diz. Trocamos um olhar divertido e o assunto sobre meus pulsos morre.

- Bom dia, queridos! – A voz de Artemisa chega até nós, dando início a nossa aula em conjunto com a Lufa-Lufa.

Tento me desligar de meus pensamentos e me focar em seus ensinamentos, o que se torna surpreendentemente fácil, já que a mesma é uma excelente professora.

Me Encontre No PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora