Nós Dois Éramos Jovens

496 47 47
                                    

Eu acho que já vi esse filme antes

E eu não gostei do final

Você não é mais minha terra natal

Então, o que estou defendendo agora?

Você era minha cidade

Agora estou em exílio, vendo você partir

- Taylor Swift feat. Bom Iver (Exile)

- Tom.

Seu nome escapa por entre meus lábios em um sussurro baixo, como um segredo que quero manter só para mim. Seus olhos se focam em mim, ele para no centro da tenda. Suas vestes são negras, destacando sua palidez e seus lindos olhos azuis.

A parte mais constrangedora do momento não é o silêncio sepulcral que se instala quando Tom entra na barraca, e sim a compreensão instantânea e inegável de que o tempo havia passado. Mas só para um de nós.

Viril. Imponente. Extraordinário.

A minha frente, em toda a sua máscula e fria postura, encontrava-se um homem deslumbrante. Cabelos negros como asas de corvos, olhos azuis como o céu límpido após uma tempestade e as feições marcadas pelo passar dos anos. Tom estava, se é que era possível, ainda mais lindo do que em sua adolescência.

No que diz respeito ao quesito físico, ele é incomparável. Absolutamente tudo nele é bonito. Olhos azuis marcantes como lascas de uma geleira embaixo de sobrancelhas escuras; o queixo pronunciado e elegante; porte esguio e robusto, bem construído por uma genética abençoada. O cabelo era, ao mesmo tempo bagunçado e lindamente alinhado. Um homem feito, com feições esculpidas e demarcadas pela passagem do tempo. Quase surreal de tão lindo.

Algo dentro de mim se encolhe de vergonha, o que não faz o menor sentido. Mas ainda assim revira meu estômago. Não mudei um segundo sequer do nosso último encontrando. Em meu corpo de adolescente, ver sua versão adulta e fascinante me deixa intimidada e amedrontada.

Morgana pigarreia, Ravenna se move para pegar alguns frascos em cima do móvel ao lado da cama. As duas estão desconfortáveis com o silêncio. Cashel parece subitamente muito interessado no castiçal de velas que lança luz ao ambiente.

Eu? Estou apavorada até a última molécula do meu corpo.

- Obrigada por vim, Tom. – Lefay quebra o silêncio, para o alívio de todos.

- Me chame de Voldemort. – Ordena, encarando-me friamente.

Ela suspira, mas não rebate.

- Você não me parece bem. – Ele diz, sem tirar os olhos de mim.

Levo alguns segundos para perceber que é comigo que Tom está falando.

- Foi uma volta complicada, Tom. – Faço uma pequena pausa antes de dizer seu nome, apenas para enfatizá-lo.

Vejo seus olhos se estreitarem e sua mandíbula se endurecer.

- Quem você conheceu como Tom Marvolo Riddle morreu cinquenta anos atrás. – Fala, me desafiando a contrariá-lo.

Engulo em seco, sentindo lágrimas se formarem. Mas projeto meu queixo desafiadoramente para frente, deixando claro que este é um jogo que dois podem competir. Desafiá-lo não é a parte difícil do nosso relacionamento, e sim ainda amá-lo loucamente.

- É uma pena, era ele quem eu amava. – Digo, o mais fria que consigo ser.

Seus olhos ganham um brilho diabólico, suas íris ficam vermelhas. Contudo, ele mantém sua pose friamente inalcançável.

Me Encontre No PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora