12; A Corrosão da Festa de Aniversário

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Jace caminhou a passos largos até a cozinha da casa de Noah, sua respiração estava levemente alterada após ouvir a conversa dos amigos, "que brincadeira idiota", ele pensou. Seu incômodo estava visível através da testa franzida.

Decidiu sair de lá o mais rápido possível para que não entrasse em uma discussão com Noah, imaginou que um copo de água resolveria, então foi até a geladeira e pegou uma jarra, apesar da festa cheia de jovens, ele estava sozinho na cozinha, o que o fez agradecer mentalmente, pois não queria ter que lidar com a presença de outras pessoas naquele momento. Talvez, com exceção dela.

Kira apareceu em seu campo de visão alguns minutos depois, ela chegou cautelosa, como quem sabia que o garoto não estava para conversa, então deu um sorriso meigo quando se aproximou, era o que deixava Jace encantado pela mais velha.

— Como você está? - ela puxou assunto. Jace arqueeou a sobrancelha.

— Eu tô bem, só fiquei com sede, sabe - ele respondeu, tentando desviar do assunto, falar sobre a garota que ele supostamente namora para a garota que ele gosta não parecia uma ideia muito boa. Mas ele também não podia fingir que nada aconteceu, seria um tanto quanto estranho e insensível da parte dele, poderia ao menos fingir ciúmes. A saia justa que se encontrou o fez dar um longo gole de água, até esvaziar o copo.

— Não mente pra mim, você saiu bem incomodado da sala, todo mundo notou - ela disse. - e não é pra menos, eu também agiria dessa forma se descobrisse por acaso que uma amiga minha tá afim do garoto que eu gosto.

Kira gostava de alguém? A cabeça de Jace começou a girar de repente, e todo o resto pareceu sumir em meio a uma neblina escura, a voz de Kira foi se dissipando e a único som que ainda podia distinguir era a voz abafada do vocalista do The Neighbourhood cantando a parte que dizia: "And every time i kiss you, baby, i can hear the sound of breaking down". De repente, respirar parecia a coisa mais díficil do mundo. E cada puxada de ar doía como uma agulha fincada na pele.

A mão gélida de Kira em seu rosto o fez despertar de sua quase crise de ansiedade, Jace tinha a respiração descompassada e tentava absorver as últimas palavras da garota, ele a olhou nos olhos, ela carregava um semblante preocupado, e o que antes era um inteiro copo de vidro nas mãos do loiro, agora eram apenas cacos espalhados pelo chão.

— Jace, tá tudo bem? Você ficou pálido de repente - disse a garota, ainda segurando seu rosto com uma de suas mãos. Ele demorou alguns segundos para formular uma resposta.

— Sim, foi só uma tontura, tá tudo bem. - "Merda". Parecia que ele havia levado dois tiros no peito, um seguida do outro. Primeiro com s/n, agora com Kira.

— Acho que essa história te afetou demais, você gosta mesmo dela, né?

Formular frases naquele momento estava sendo um desafio para o garoto, estava totalmente desconcertado.

— Sim, sim, claro. - ele tentava não gaguejar enquanto falava.

— Ela te olha da mesma maneira que você olha pra ela, vocês deveriam conversar.

Kira deu um sorriso de canto antes de se retirar, deixando o garoto pensativo pra trás. Ele sabia que ela estava certa, sua reação havia sido grande demais pra quem apenas levava um namoro falso, mas não deixava de estar intrigado com a fala da garota, eles se olhavam da mesma forma? Como amigos, certo?

Esfregou as duas mãos no rosto na tentativa de espantar os pensamentos que invadiam sua mente e criavam morada, deu um longo suspiro antes de caminhar de volta para a sala com o objetivo de conversar com s/n, mas a cena que encontrou não lhe agradou muito, uma grande ideia -que ele julgou ser a melhor- surgiu em sua mente e era o que faria pra interromper os três amigos sentados no sofá.

***

— Você parece pra baixo. - disse Noah, sentando ao lado da garota no sofá. Ela não o encarou por ainda estar envergonhada com a situação anterior.

— Eu estou bem, só estou pensando na vida. - ela disse, e deu um sorriso de canto, tentando convence-lo de que dizia a verdade.

— Olha, eu sinto muito por antes, eu também não estava esperando que o Jack fizesse uma pergunta tão específica, minha vontade era bater nele até ele gritar igual uma garotinha. - disse Noah, e a garota riu imaginando a cena. Jack era o tipo de cara que exalava testosterona, e faria tudo pra bancar o machão.

— Cara, o que tá dizendo, você vai acabar com minha imagem. - Jack apareceu, encarando Noah indignado, então sentou-se do lado livre de s/n.

— Você acabou com sua imagem desde que começou com esse plano idiota. - Noah respondeu. S/n assentiu, concordando com a fala do amigo, ela já não aparentava estar incomodada, na verdade, sentiam-se mais leve com a companhia dos dois ali.

— É, mas afinal ele só quis ajudar, eu me envolvi nisso pelo mesmo motivo então vamos apenas encarar os fatos, não adianta culpa-lo. - a garota se pronunciou, e os dois a encararam surpresos. Ela tinha razão. Por mais que Noah não quisesse admitir.

— Obrigada por me defender s/n. - disse Jack, em um tom galanteador. - Saiba que se o Jace não dá valor pra você, tem quem dê. - ele piscou o olho pra ela, Noah fez uma expressão de surpreso, como se já não estivesse acostumado com a ousadia do amigo. S/n riu da situação.

— Cara você não perde uma, né? - disse Noah, e o outro deu de ombros.

— Sabe como é cara, caiu na vila o peixe fuzila. - disse Jack. - Vai me dizer que também está com ciúme?

— Claro que não, e para de falar essas bobagens, estamos aqui pra alegrar a s/n. - Noah olhou para a garota que apenas sorriu pra ele. Ela achava fofo os dois ali, tentando animá-la, mas a música que tocava não estava ajudando muito.

"Sim Conan Grey, eu queria ser a heather", ela pensou, antes que o som fosse interrompido pela metade e outra música começasse a tocar, uma que eles conheciam muito bem.

— Ai não, ele não vai fazer o que eu acho que ele vai fazer, né? - disse Noah, olhando para um dos cantos da sala, a garota levou o olhar para o mesmo ponto, e lá estava Jace com um microfone de karaoke na mão, de olhos fechados e balançando o corpo de um lado para o outro no ritmo de ninguém mais, ninguém menos que Mamonas Assassinas.

— Ah ele vai fazer sim. - Jack concordou. - e eu faço questão de registrar isso - disse pegando o celular no bolso e começando a gravar.

S/n ainda o fitava incrédula, e não aguentou segurar o riso quando o garoto cantou a primeira linha: "ser corno ou não ser...". A partir daí, ele já não estava sozinho, todos os amigos se juntaram pra cantar a música com ele, totalmente animados e levemente bêbados.

🌹

Oi amores, sentiram saudades? 😁
Estou de volta com mais um capítulo, espero que vocês estejam gostando!
Nos vemos no próximo <3

Att, Sath

play date; jace normanOnde histórias criam vida. Descubra agora