19; O Algoritmo da Amizade

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Depois que observou a garota sair de sua vista, Jace decidiu voltar para o salão, soltando um suspiro, sabia que não tinha feito muita coisa, mas estava feliz que estava tudo bem.

— Ei loirinha - ouviu alguém lhe chamar, assim que passou as grandes portas que davam acesso ao salão. Virou o rosto para o lado, na direção que ouviu o chamado, era Noah que vinha caminhando até ele.

— Oi emo - ele respondeu e fizeram um toque de mãos para se cumprimentar, em seguida caminharam até o palco, Noah estava com seu violão nas costas, os dois sentaram na madeira fria da estrutura, onde iriam ensaiar a música que Jace compôs. Não podiam fazer em frente a s/n, pois a intenção era que fosse surpresa e ela não poderia nem desconfiar. Foi um dos motivos do loiro não insistir tanto para que ela voltasse com ele ao salão.

— Por enquanto, eu fiz só o refrão, vê se você curte. - ele disse e começou a tocar, Jace mentalmente encaixava a letra com o toque.

— Perfeito, acho que combina, vamos testar. - o loiro respondeu.

[...]

Os dois ensaiaram por alguns minutos e dissertaram sobre o que precisavam mudar na melodia ou na letra, logo o assunto foi substituído por ninguém menos que a garota de cabelos castanhos na qual Jace havia se desentendido minutos atrás.

— Você parece chateado. - disse Noah.

— Não estou. - Jace respondeu. - eu só fico preocupado com ela, ela tem agido estranho ultimamente e acho que tem alguma coisa incomodando que ela não quer falar.

— Achei que estava óbvio. - Disse Noah, colocando o violão de lado, enquanto recebia um olhar confuso do amigo.

— Se é por causa da Kira, ainda não faz sentido pra mim, ela sempre me apoiou desde que eu disse que gostava dela.

Noah soltou um suspiro, não queria ser aquele que iria contar a verdade, mas esperar que Jace descobrisse por si só era uma missão impossível, ele conseguia ser muito lerdo mesmo sem querer, já fazia parte da sua personalidade não perceber as coisas que acontecem embaixo de seu nariz.

— Jace, meu amigo, é como diz em Naruto, um ninja deve ver através da decepção. - ele não esperava que o garoto entendesse de primeira, mas fizesse justamente o que dizia a frase, ele precisa ler as entrelinhas.

O loiro não respondeu, pareceu estar processando as palavras do amigo. Na verdade, ele ficou se perguntando se deveria tentar saber o real motivo de sua amiga se comportar estranhamente sempre que o assunto era Kira. Seria ciúmes? Por quê? Mas se ele precisava ver através da decepção, significava que ela estava chateada?

Sua mente estava confusa e seu coração acelerado, ele se lembrava vagamente da conversa que teve com ela a dias atrás, ele havia perguntado sobre seus sentimentos.

De repente sua mente se esclareceu em pensamentos e não hesitou em perguntar ao amigo que estava do lado, que já tinha desistido de ter uma resposta depois de tanto silêncio de Jace.

— Acha que ela sente algo por mim? - Noah arqueou a sobrancelha, se perguntando se ele realmente havia sido capaz de notar algo assim sozinho e tão rápido.

— Por que chegou nessa conclusão? - foi o que conseguiu dizer, por mais que quisesse ajudar o amigo, ele não queria se envolver demais no assunto e plantar ideias erradas em sua cabeça. Até por que era somente sua intuição, s/n sempre havia negado que sentia algo por Jace.

— Não sei, só me passou pela cabeça, talvez ela tenha ficado confusa depois que começamos a namorar de mentirinha. - ele respondeu, fitando as próprias mãos.

— Você percebeu isso sozinho ou é por que você está sentindo isso também? - Noah o questionou. O loiro abriu e fechou a boca para responder, mas nada saiu. Noah tinha o encurralado com apenas uma pergunta, ele não achou que isso fosse possível e estava frustrado por não responder com certeza. Isso por que a dúvida o havia consumido, ele não tinha mais certeza de seus sentimentos.

Balançou a cabeça tentando afastar os pensamentos, não queria aquilo para si, não queria se enganar com suposições e depois se chatear quando perceber que elas não eram verdadeiras, ele só queria seguir sua vida como havia planejado.

— Não, eu percebi isso sozinho. Estou preocupado com ela, é só isso. - ele falou, tentando demonstrar certeza em seu tom de voz, embora a dúvida o corroesse por dentro.

— Ótimo, já é um avanço. - respondeu o moreno. - agora se não se importa, eu vou indo, mas termino a melodia em casa e envio uma prévia pra você.

Jace apenas sorriu e acenou com a mão, observando o amigo se afastar aos poucos com o violão nas costas. Na entrada do salão, ele esbarrou em Kira, não podia escutar o que os dois diziam, mas poderia imaginar. Ela com seu jeito doce e educado pedindo desculpas por esbarrar nele, enquanto sorria de um jeito encantador. Era tão fácil decifrá-la, diferente de s/n, que era uma incógnita, a mais difícil das fórmulas de matemática, ele poderia decorar e recitar, mas nunca a resolver.

Seria possível gostar de duas pessoas ao mesmo tempo? Parecia algo incerto, um caminho de mão dupla um tanto quanto duvidoso e o loiro temia pelo pior. Em algum momento teria que escolher uma das duas.

🌹

O capítulo ficou menor do que eu gostaria, mas avançamos para um Jace ligando os pontinhos dos seus sentimentos. Será que ele vai admitir? Descubram nos próximos capítulos hahaha

Att, Sath.

play date; jace normanOnde histórias criam vida. Descubra agora