Capítulo 9

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David

   Meus pensamentos estão ainda em Max e Luz. Algo naquela família era diferente para mim. Me tocava em um lugar que eu não compreendia. Entrei naquela casa para ver uma grande amiga e sai de lá extremamente tocado com aquela família. Aquela criança tinha em seu olhar, algo que me deixava encantado. Ter ela em meus braços me deu uma paz indescritível, uma tranquilidade sem condições de explicar.

   Sentado aqui nessa sala da faculdade, em meio a uma avaliação de saborização, eu deveria estar focado em responder as questões, mas meu pensamento era na Luz e no Max. Eu precisa descobrir o que era esse sentimento. E farei isso a qualquer custo.

   Finalizo as questões e vou para casa. Me despeço dos amigos e entro no carro na direção de casa lembrando daquele jantar.

"— Desculpa David, nunca vi ela chorar assim!"

   Eu estava chocado com a energia que sentia vindo de Luz. Em um impulso levanto e acaricio suas costas. Quando ela me olha é como se eu encontrasse algo perdido. Pego ela no colo e aquele choro incessante até aquele momento vai ficando menor e ela vai se acalmando e sinto nossos corações sincronizarem. Era incrível essa sensação. Aquele bebê de menos de um ano se acalmou e trouxe suas mãos em meu rosto e me deixou completamente estarrecido. Claro que para Max e Laura era inexplicável essa reação dela comigo. Para mim, ao mesmo tempo que era aterrorizante ao mesmo tempo era maravilhoso.

   Depois disso ela não saiu mais de perto de mim. Comeu sentada no meu colo e mexia nos botões de minha camisa. Depois sentados no sofá da sala enquanto Laura arrumava a cozinha minha ligação com Max se intensificou. Aquelas perguntas, aqueles olhos em mim, seu sorriso. Max era encantador.

   Estou com o número de telefone dele ainda em minha agenda, mas enquanto esses pensamentos com ele estiverem sem respostas eu vou me manter distante. Mas preciso ver a Luz. Esse nome era algo que muito me incomodava de maneira positiva. Eu ficava muito encucado com esse nome. Não tinha como eu esquecer o dia do meu transplante. Daquela experiência que tive quando estava em cirurgia. A sentimento quando estou perto dela é tão parecido com o que senti naquele momento único da minha vida.

   Chego em casa e vejo papai no escritório, onde era meu antigo quarto improvisado.

   — Oi pai!

   — Oi meu anjo, chegou cedo. Precisa de alguma coisa? - ele disse sem me olhar enquanto digitava algo no computador.

   — Encontrei a Laura. - meu pai me olha no mesmo instante.

   — Meu Deus como conseguiu?

   — Uma longa história. Ela está bem, trabalhando na casa de um fotógrafo. Cuida dele e da filha pequena.

   — Como sabe disso?

   — Estive lá sábado passado. Almocei com eles. Tem uma garotinha linda que ela cuida e acredita que ela não queria desgrudar de mim. Até se acalmou quando eu a peguei no colo e fiquei fazendo ela ninar.

   Meu pai ficou me olhando enquanto eu levantei e fui saindo ainda dizendo.

   — Mas Laura não quer voltar. Disse que agora tem uma nova missão. Acho que ela falava da Luz.

   — Luz? - meu pai falou e senti na sua voz um tom de surpresa, olhei para ele no mesmo instante já na porta do escritório.

   — Sim.

   — Esse nome não é comum. Eu conheci uma Luz e ela tem 8 meses.

   Ele dizia isso com um olhar meio perdido como se revivesse algum momento.

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