Capítulo 26

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MAX

   Depois dessa ligação de David, eu fiquei pensativo por algum tempo. Era um aperto no peito que me fazia quase esquecer de respirar.

   Já  de um banho tomado, coloco Luz na minha cama fui até o banheiro para me higienizar. Colocava a escova de dentes no porta-escova da pia e caminhava em direção a cama, estava apenas com uma calça de moletom para dormir e sem camisa. Luz ainda estava acordada e eu tentava entrete-la para o sono vencer a teimosia dela. Sei que ela ainda sentia medo dos terrores noturnos que estava tendo, apesar de hoje ela parecer mais calma. Até sorria para mim, e olha que fazia algum tempo que tinha visto ela sorrir a noite. Geralmente eu via medo em seus olhinhos.

   Mas inacreditavelmente ela estava sorrindo. Deitei na cama e ela me abraçou e ficou quietinha, passado um tempo ela dorme. Fiquei impressionado com o feito dela hoje, com relação a, vencer o medo e dormir rápido e como eu estava com insônia eu peguei no telefone e comecei a ver os emails do trabalho.

   Uma hora havia se passado desde que David me ligou, e a saudade dele era imensa. Ainda deitado, escuto a campainha tocar. Levanto pensando quem poderia ser aquela hora e entrar sem ser anunciado pela portaria. Caminho pelas escadas e chego a porta, paro antes de abrí-la. Escuto um caminhar como se alguém estivesse indo embora. Abro a porta e a pessoa que caminhava com uma mochila na mão para e olha em direção a porta.

   Aqueles olhos verdes, que eu tanto sinto saudade, me olham, e neles, eu vejo a insegurança. Ele ali parado na minha varanda, iluminado pela luz da sala, que passa pela porta.

   — Oi Max! - sua voz soava um pouco insegura - Eu precisava vir.

   Me aproximei dele sem dizer uma palavra. Eu sabia que ele não tinha se lembrado. Eu via, em seus olhos, que era uma mistura de curiosidade e insegurança dele. Era como se cada movimento que eu fazia fosse em câmera lenta.

   Seus olhos me encaravam no instante em que meu corpo para em frente ao seu. Nos olhamos por um tempo e eu em um impulso, seguro em sua cintura e selo sua boca com meus lábios. Ele não me afasta, não me detém e aos poucos retribui meu beijo calmo, lento e apaixonado.

   Por um momento eu esqueço qualquer problema. No universo, só existe aquele momento em que estou vivendo com ele ali, na porta de nossa casa.

   David solta a bolsa no chão. Passa seus braços por meu pescoço e segura levemente em minha nuca. Sua respiração descompassada me faz pensar em tantas vezes que estive ali naqueles braços. Era possível sentir a pulsação de seu sangue enquanto eu carinhosamente soltava seus lábios dos meus e sentia o perfume cítrico de sua pele em seu pescoço.

   Queria esse momento para sempre gravado em meu ser. Se por algum motivo depois que eu saísse de seus braços houvesse a menor possibilidade de ele ir embora eu permaneceria ali até o último suspiro de meu corpo. Nesse instante eu senti sua boca procurar pela minha e nos unimos novamente em um beijo terno. Eu amava aquele homem e tudo que desejava era que estivéssemos juntos novamente como uma família.

   Seu abraço vai diminuindo o aperto. Suas mãos passam pelos meus ombros despidos e se alojam em meu peito. Eu o aperto ainda mais contra meu corpo e ali ele se encolhe, aninhando em meu peito, com meus braços envolta de seu corpo que treme de nervosismo.

   — Desculpa amor! Eu não consegui me segurar em te ver aqui! É tudo que eu queria, mas depois daquela ligação eu jamais esperava que acontecesse hoje.

   — Foi muito bom! Esse beijo, esse cheiro é como se isso tirasse todo o medo do que eu posso encontrar aqui.

   Me afasto dele, em um passo para trás, pego sua mochila caída aos nossos pés e seguro em sua mão.

Na luz do seu abraço.Onde histórias criam vida. Descubra agora