Capítulo 25

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MAX

   David me olhava assustado com a possibilidade de ir para nossa casa, fazendo meu coração ficar em frangalhos.

   — Desculpa Max mas eu quero ir para minha casa! - ele diz olhando para sua mãe.

   — Filho vocês moram juntos desde o início do relacionamento de vocês. Se quiser ir pra nossa casa tudo bem, eu acho, mas você se mudou de casa há tanto tempo que não tem nada seu lá casa. Claro que seu quarto ainda está lá, mas não tem roupa, nem seus materiais, nada! Você levou tudo pra sua casa nova.

   David continuava olhando meio perdido. Por mais que me doesse ver isso, eu podia compreender. Claro que podia. Para mim, eu estaria voltando para casa com uma pessoa que amo desde o primeiro olhar, mas para ele eu era um completo estranho. Eu esperava que até aquele momento as coisas pudessem estar mais claras para ele, mas com sua reação eu tinha que entender que as coisas podiam nunca mais voltar a ser o que era.

   — Eu entendo David, entendo mesmo. Para mim eu estou voltando para casa com o homem que eu amo, com quem divido minhas angustias, minhas alegrias, meus projetos de vida e tantas outras coisas, mas para você sou um completo estranho. Eu sinto muito por criar tanta expectativa para ter você em casa novamente e termos nossa rotina recriada a passos lentos.

   Eu olhava para ele e via, como minha fala, um ar de surpresa em seus olhos.

   — Max, e se...

   — Não posso fazer isso Tania! Com tudo que está em jogo. - interrompo Tania pois sei onde ela quer chegar com tudo isso. E estava fora de cogitação eu trazer Luz para ver um pai que não lembra dela. Nesse momento eu tinha que protege-la.

   Tania se referia há uma conversa que tivemos há alguns dias atrás enquanto David estava dormindo. Ela queria que eu trouxesse Luz até o hospital para que eles se vissem. Ela tinha esperança que talvez ela pudesse reativar algum sentimento nele que revivesse a memória perdida. Mas como eu iria expor minha filha a essa situação. E se ele renegasse ela, enquanto ela iria querer o colo dele e o carinho dele. Como ficaria a cabecinha dela em ver que o pai não dará a ela o amor que ela estava acostumada a ter dele, e eu expliquei tudo isso a ela.

   — Do que estão falando? - Miguel questiona olhando para a esposa enquanto David continua me olhando.

   — Não é nada querido. Coisa da minha cabeça.

   — É isso mesmo que você quer David? Ir para nossa casa? - Miguel pergunta.

   Eu prefiro nem olhar e nem ouvir a resposta dele. Olho para a janela e fico pensando o que eu farei a partir daquele momento. Meu mundo estava mais uma vez ruindo. Um buraco se abria debaixo de meus pés e eu estava prestes a cair novamente nesse abismo. Eu não tenho mais o amor dele e ele parece tão assustado que não vai dar uma oportunidade para nós. Eu precisa pensar com calma e ter paciência para ver se alguma coisa mudaria ali. E ele não respondia o pai, eu acho que era porque eu estava ali.

   — Eu acho melhor eu ir pra casa. Me deem notícias dele por favor, acho que ele precisa de um tempo para organizar as idéias. - a vontade que tinha era de chorar, mas segurei firme meu desanimo e me direcionei até a porta quando escuto a voz dele.

   — Max!

   Viro e olho pra ele da porta.

   — Não vai agora! Estou muito confuso com tudo e, realmente, eu não me lembro de nada, tenho receio de tudo porque quando alguém me conta qualquer coisa é como se em minha vida, nada tivesse lógica. Mas nunca fui de seguir a lógica das coisas. Não quero me apegar ao que eu tinha , eu quero me apegar ao que eu tenho. Eu sinto algo quando olho pra você, eu só tenho receio de cair de cabeça e me assustar. Pelo que vocês me contam eu tinha uma vida toda organizada e hoje tudo pra mim é uma bagunça. Além do mais eu sinto que estão me escondendo alguma coisa e isso me assusta ainda mais.

Na luz do seu abraço.Onde histórias criam vida. Descubra agora