Capítulo 24

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DAVID

    Eu não sabia onde eu estava. Apesar de muito escuro eu reconhecia algumas vozes já há algum tempo, eu tentava falar mas me sentia impossibilitado. Era como se meu corpo estivesse quebrado. Tentava mandar qualquer sinal, tipo quando sentia uma mão que pressionava levente a minha por muito tempo. Era como se aquela mão não saísse da minha durante horas. Era um toque tão gentil, quente, mas eu não identificava de quem seria. Meus pais estavam ali eu sempre ouvia suas vozes, falando de um acidente horrível e de alguém que quase morreu. Estavam preocupados. Eu podia notar isso. Mas eu sentia falta de algo muito forte e não sabia explicar.

   Sinto uma pressão maior na mão esquerda e aquelas palavras.

"Está na hora de acordar dorminhoco!"

   Foi tão instantâneo, era como se eu começasse a dispersar de um sonho. Mas meus olhos se recusavam a abrir.

   Ouço uma movimentação a minha volta, e dessa vez, é a voz do meu pai, e logo em seguida outra voz que eu não sabia de quem era, que dizia:

"Amor, nossa filha nos espera em casa, estamos com saudades de você, lindo!"

   Eu não era pai, mas lembrei de uma garotinha, Luz era o nome dela. Acho que consegui falar alguma coisa, pois todos concordavam e aquela voz continuava.

"Sim meu amor! Ela sente sua falta e eu também!"

   Quem era essa pessoa? Não conseguia reconhecer a voz, mas meu peito era inundado por um sentimento bom. Novamente escuto a voz do meu pai:

"Tente abrir os olhos!"

   Eu precisava me esforçar um pouco e aos poucos fui vendo aquele quarto iluminado e com muita dificuldade fui identificando algumas pessoas.

   — Filho! Deus, obrigado! Que bom que acordou meu amor! - Minha mãe falava aos pés da cama com um sorriso misturado a suas lágrimas.

   — Campeão, bem vindo ao mundo de volta! - Meu pai do meu lado com sua roupa característica de hospital.

   — Bem vindo David! Estamos felizes que tenha acordado. Sou o Dr. Túlio e vou te acompanhar alguns dias. Vamos com calma por enquanto e quero que se esforce o mínimo possível. Você teve uma pancada forte na cabeça e ficou alguns dias desacordado. Então não force muito, ok!

   Apenas concordei com um leve movimento na cabeça. Eu via alguns enfermeiros do hospital na porta. E ainda sentia aquela pressão em minha mão. Quando viro a cabeça para ver minha mão, havia um homem sentado me olhando como se o universo tivesse voltado dar sentido a sua vida!

   — E você, é algum médico também? - disse com uma certa dificuldade.

    Vejo o brilho de seus olhos se perderem e seu olhar ficar confuso. Ele olhava para o Dr. Túlio e ouço a voz de minha mãe enquanto olho para aqueles olhos familiares.

   — Filho ele é o Max! Estão juntos há quase um ano.

   — Max? - olho pra minha mãe e puxo minha mão da dele. - eu não lembro de nenhum Max! - digo com a voz fraca.

   — Melhor deixar ele descansar. É normal ter uma lacuna para ser preenchida depois do que ele passou. - Dr. Tulio completa. Qual a última coisa que se lembra?

   Parei um pouco para pensar e disse.

   — Eu não sei. Tudo parece uma bagunça na minha cabeça. Acho que me lembro de estar chegando no hospital para fazer a cirurgia. Eu fiz a cirurgia? - Olho para o homem que continua com aquele olhar tão familiar.

Na luz do seu abraço.Onde histórias criam vida. Descubra agora