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—Ela é sua filha? —Nicolas perguntou para o Jung-ho, que voltava, pela talvez décima vez, com a mão cheia de balinhas de hortelã. O garoto apontou para a pequena criança sentada ao seu lado, com a cabeça escorada em seu corpo. Ela parecia realmente muito cansada.

Jung-ho lhe lançou uma expressão confusa, encarando o corpinho pálido. '' Quem dera, ela fosse minha.'' Pensou, logo colocando uma bala em sua boca.

—Ela é órfã. —respondeu enfim, se sentando ao lado dos dois. Ele nunca havia o visto, ou ao menos, não se lembrava. Depois de perceber a expressão de espanto do outro, ele disparou em explicações: —Ela diz que lá é como um castelo de filme de terror. O local é grande e bonito, mas tudo é um pouco velho, acabando por dar um ar macabro. Eu fui dar uma olhada um tempo atrás, e é realmente um pouco assustador, mas o parquinho na varanda ameniza. —sorriu, se lembrando das cores cintilantes em meio ao marrom queimado do orfanato. Ele também havia sentido falta de flores.

Depois que passou a morar com seu irmão, ele começou a gostar bastante de plantas, principalmente as rosas vermelhas. Então, todo lugar que não tinha sequer uma flor, ele revirava seus olhos e resmungava em descontentamento.

—Enfim, além da aparência, as pessoas são bem rabugentas... Ela quem disse. —deu de ombros, colocando mais uma bala na boca. —Então, esta noite, ela decidiu fugir... e conseguiu! —sorriu largo mais uma vez, agora se ajeitando na cadeira, passando a encarar a recepcionista que fazia caretas enquanto mexia no computador. Provavelmente, estava jogando algo estressante. —Eu não sei bem para onde ela vai agora... Você namora? —perguntou novamente, fazendo o outro voltar a arregalar seus olhos.

Jung-ho era realmente um garoto intenso. Ele falava tudo muito rápido e não tinha vergonha de fazer perguntas íntimas para desconhecidos. Quanta ousadia!

—Sim. Com a Rita, você deve a conhecer... —respondeu, agora abaixando sua cabeça. Aquele cara o deixava realmente sem jeito, mas, Nicolas não sabia dar explicações para isso.

—Você é estrangeiro né? Porque... —antes de começar novamente o falatório, ele desembalou mais uma bala, jogando-a rapidamente em sua boca. —Você está usando muitas roupas, todas aparentam ser bem quentes. Porém, não está tão frio assim. —riu, analisando novamente a vestimenta do outro, que batucava seus botas militares no chão limpinho do hospital. —Além disso, essa cidade é bem pequena, mas eu nunca te vi por aqui. Ou você viaja muito.

—Sou estrangeiro, moro no Brasil. —disse rapidamente, para que o garoto não lhe reparasse mais e não desse mais explicações das suas suposições. —Estou vindo com frequência para a Coreia nas minhas férias. O clima é realmente diferente, não me acostumei ainda.

—Já pensou em vir morar aqui, com sua namorada? Porque... —antes de prolongar sua fala, o maior balançou sua cabeça, depressa, negando sua pergunta. —Eu iria sugerir que vocês adotassem ela. São um casal hétero, devem receber uma boa quantia de dinheiro... Você mesmo disse que viaja de um pais para o outro com frequência. Violet não é uma criança difícil de lidar, ela é bem fofa, na verdade. —finalizou, dando uma risadinha no final. Ele sabia bem que era uma proposta boba jogada ao ar, que iria rapidamente embora.

Jung ao menos conhecia aquele tal estrangeiro mas já estava querendo que ele adotasse sua tão amada amiga. Ele realmente não pensava antes de dizer tantas tolices... Porém, agora já era tarde demais.

Nicolas riu, mas riu com sinceridade, sem acreditar nas palavras que o outro dissera. Ele estava realmente chocado... Espantado talvez o descrevesse melhor.

Então não, não houve problemas. O garoto não iria adotar sua amiga, foi realmente uma ideia que seu perdeu naquela risada exageradamente longa.

Cálida neve {jjk+pjm}Onde histórias criam vida. Descubra agora