A Dinah encarava a natureza deslumbrante pela janela de seu quarto. A neve branquinha caia sobre o chão, se misturando com as outras, formando uma imensidão de neve, como nuvens. Um pequenino esquilo estava a encarando sobre uma árvore. Ela achava que ele estava querendo conversar e dizer o quão frio estava fazendo lá fora. Ela não conseguia nem imaginar, pois não saia daquele asilo a um bom tempo. Era bom ficar em um lugar quentinho como aquele, mas ela também queria sentir a brisa geladinha sobre seu rosto.
Ela suspirou fundo, escutando vários sons estranhos, já que estava tão silencioso naquela tarde. Escutou seu coração bater, bem devagarzinho, escutou o vento bater na janela fechada, escutou os passos leves de algum enfermeiro passar pelo corredor, escutou uma porta sendo trancada e escutou alguém começar a chorar.
Aquele lugar era tão torturante para si. Muitos dos idosos ali já estavam nos seus últimos dias de vida. Parecia que era mais fácil ter doenças quando se está longe da família. E a Dinah estava com muito medo, estava apavorada com o fato de acabar ficando doente também. Ela suspeitava disso, pois, a cada dia que se passava ela se sentia cada vez mais cansada, mesmo dormindo mais de oito horas todos os dias, mesmo comendo bem e não esquecendo de tomar bastante água.
De um dia para o outro ela começou a sentir dores de cabeça, leves, que passavam rapidamente quando a colocavam na cama. De acordo com os exames feitos antes dela entrar no asilo, a Dinah estava muito bem de saúde. Como poderia então mudar o seu estado? Seria mesmo pelo fato dela ter entrado em um asilo?
A idosa de cabelos recentemente cortados se sentia vazia, por dentro e por fora. Se sentia triste, não por achar que estava sozinha, pois ela não achava isso, pois tinha vários enfermeiros ao lado e muitos outros idosos, e, principalmente, o seu neto Jimin, que agora estava indo a visitar sempre que possível. Ela se sentia triste porque outras pessoas estavam tristes. Os velhinhos ali não recebiam muitas visitas, para alguns nunca apareceu nem mesmo alguma criança os procurando. Eles não tinham culpa de ser rabugentos, estavam certíssimos, pois, como ser feliz sendo que parecia que, de fato, eles foram esquecidos mesmo antes de terem falecido?
A idosa voltou a encarar o esquilo, enquanto mordiscava a afta que havia de repente aparecido em sua boca. Ela deseja muito poder conversar com ele e saber como estava o mundo lá fora, queria poder visitar a cafeteria do Jungkook, ver os quadros que seu neto faz, e ver, apesar de tudo, como sua filha Charlotte estava. O esquilinho podia ir a qualquer lugar a qualquer hora. Mas, ela não podia sair dali por conta própria.
Suspirou novamente e então foi se deitar. Por ter se levantado rápido demais, sua pressão caiu, a fazendo sentir tontura e acabar enxergando tudo preto, apesar de não fazer muita diferença, já que todos os móveis dali não tinham cores vibrantes como ela desejava. A Dinah correu para sua cama, se deitando rapidamente, sentindo seu coração agora batendo mais rápido. Estava tão silencioso que ela conseguia apenas ouvi-lo, se movimentando tão depressa que parecia que queria sair do seu corpo. Ela passou a mão pela testa, suspirando ofegante, enquanto sentia seu órgão mais precioso ir se acalmando aos poucos.
Apesar de todo o seu esforço para deitar, ela teve que se levantar novamente, pois um enfermeiro veio lhe avisar que estava na hora do banho.
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A garotinha, Violet, esperava o horário da sua escola enfim acabar. Ela olhava para o relógio ansiosíssima. Ainda não sabia olhar as horas em relógio de ponteiro, mas já havia decorado em qual número ficava quando o sinal de ir embora tocava.
A professora estava corrigindo os deveres enquanto os alunos conversavam entre si. Eram cochichos, mas quando todos se misturavam virava uma grande conversa barulhenta e irritante. A garotinha se sentia adulta ali, pois era a única que se comportava em meio a um ambiente sério como aquele. Ela se sentia pequena demais para uma mente tão grande. Reclamava consigo mesma, se perguntando porque era a mais baixa da sua sala, sendo que era a mais inteligente. Mas ela não obtinha respostas e assim a conversa entre si mesma acabava, pois ela percebia que, na verdade, não era tão inteligente, pois não sabia responder aquela pergunta.
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Cálida neve {jjk+pjm}
RomanceNo encontro de almas gêmeas, nem o destino pode os separar. Há um amor forte o bastante para os fazer permanecer de mãos dadas, mesmo em meio as trevas. Jungkook se escondeu no escuro por tanto tempo, que se esqueceu de apreciar a magnitude do céu. ...