Uma notícia ineperada...

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       Uma notícia inesperada...

 

Assim que entrei em casa, liguei meu notebook e dei início à guerra contra os Schutz. Escrevi uma matéria intitulada:

 “A cidade que foi berço do escritor assassinado é também fábrica de assassinos.”

 Narrei os dois atentados que sofri sem, no entanto, citar nomes, mas de maneira implícita fiz algumas insinuações. Quando terminei enviei por e-mail para que Moacir colocasse no edital no dia seguinte, pedi-lhe também que entrasse em contato com o jornal de Betim enviando um exemplar do Diário do Amanhecer, e uma nota relatando os atentados que havia sofrido enquanto estava investigando o assassinato de Isac Abrahim. Pronto! Agora podia dormir sossegada.

Quando acordei já tinha passado das 15 horas. Estava com tanta fome! Fui para cozinha e preparei um sanduíche e um suco de frutas. Mal sentei à mesa, o telefone tocou. Era Moacir dizendo que um dos redatores do jornal de Betim havia entrado em contato querendo conversar comigo. Ele estava nervoso, e pediu que eu pegasse leve, pois não tinha nada de contundente para incriminar alguém. O jornalista viria até São Paulo para ouvir de mim a versão dos fatos. O encontro estava marcado para dali dois dias.

Seria uma ótima oportunidade de desmascarar Yohan Schutz. Mas Moacir tinha razão, não tinha como provar que o autor dos atentados tinha sido ele.

Voltei para cama depois de tomar um analgésico, pois meu corpo ainda doía muito. Mas não tive a sorte de pegar no sono outra vez, pois o telefone tocou novamente, dessa vez era Rodolfo, que tinha lido a matéria no jornal e estava preocupado comigo.

—Marina é verdade o que o Diário do Amanhecer publicou?! Você foi vítima de dois atentados na cidade de Isac Abrahim?

—Verdade Rodolfo, eu escapei por pouco... Se não tivesse sido salva pelo investigador Lennon, teria morrido na primeira tentativa.

—O investigador foi com você?!

—Não. Ele já estava lá.

—Acha que esses atentados têm a ver com o fato de ter ido falar com as pessoas que conheciam Isac?

—Acredito que sim... Despertei a ira de algumas pessoas lá...

—Mas isso é grave! Prestou queixa na delegacia?

—Não, porque o investigador achou que seria melhor deixar correr, para que ele pudesse apurar de quem partiu a iniciativa de me matar.

—Mas você está bem?Precisa de alguma coisa?

—Não obrigada. Estou bem, apenas com uma luxação no pulso.

—Já que está bem, poderíamos jantar hoje? Assim você me conta como tudo aconteceu.

—Não sei se seria uma boa companhia Rodolfo...

—Você sempre será uma excelente companhia Marina.

—Está bem... — aceitei mais para ser gentil do que por realmente querer.

—Ótimo! Às 21h está bem?

—Pode ser...

Diante do espelho não fiquei satisfeita com o que vi: um rosto pálido e desanimado e um corpo dolorido dentro de um tailleur amarelo-mostarda. Na tentativa de melhorar um pouco minha aparência deplorável, passei uma maquiagem leve. Calcei uma sapatilha, pois não tinha condições de usar salto alto.

O assassino de livrosOnde histórias criam vida. Descubra agora