O começo

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O começo...

A chuva caía inclemente, sem se importar em atrapalhar a vida de pessoas trabalhadoras como eu, e como esse bando de urubus, com suas camisetas pretas e suas maletas cheias de instrumentos para escarafunchar a morte. Era realmente desnecessário esse aguaceiro todo, formando poças na altura das calçadas, lavando a cena do crime, como se fosse um aliado do assassino. Sim, vocês ouviram bem, eu disse: cena do crime. Estava na Avenida Presidente Dutra, na altura do número 1300, antes da primeira esquina à direita. Um morador que saía para o trabalho avistou o carro parado com a porta aberta, estranhou, pois como não descia ninguém, qual seria o motivo para deixar a chuva encharcar o estofamento do veículo?! Aproximou-se, e chocado, viu um homem caído no banco do carona, todo ensopado, mas a chuva não conseguiu limpar a nódoa de sangue em sua camisa na altura de seu peito. No assoalho do carro, havia uma poça de sangue coagulado, e os respingos d’água ficavam marcados nela, como pequenos furos de uma esponja. Somente quando percebeu que a mão direita do corpo havia sido decepada, foi que o homem caiu em si, e percebeu que estava diante de um assassinato! O que ele não sabia, e tampouco eu, é que isso era apenas o começo...

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O assassino de livrosOnde histórias criam vida. Descubra agora