A curiosidade quase matou o gato...

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A curiosidade quase matou o gato...

 

Coloquei a pequena bagagem no porta-malas, apenas um pijama e uma troca de roupa. Poderia ir de ônibus, mas perderia tempo com as paradas obrigatórias que ele faria, então resolvi ir de avião. Como a viagem levaria de 50 minutos à 1h, chegaria antes do almoço em Belo Horizonte. Deixaria meu carro em um estacionamento próximo ao aeroporto. Estava com tempo, meu embarque estava previsto para 9h30.

Enquanto dirigia tranquilamente, ia pensando no telefonema estranho que tinha recebido de Jonas de La Playa... Ele ainda estava em São Paulo, porque ainda não tinha voltado para Betim? E me pareceu que era contra minha viagem. Mas por quê? Estaria com medo que eu descobrisse algo a seu respeito? Jonas era um tanto quanto esquisito! E aquela história de plágio, eu não tinha digerido bem. O mais intrigante fora o fato de Rodolfo ter lhe contato que eu iria até sua cidade...

O voo foi tranquilo, difícil foi arranjar um taxista que quisesse me levar até Betim. O trânsito caótico desencorajava qualquer motorista. Demorei uns 40 minutos para conseguir um táxi, e mais meia hora para chegar ao hotel. Depois de um banho, desci para o saguão e perguntei ao recepcionista se poderia me ajudar a encontrar um endereço. Ele se mostrou muito arredio quando soube à procura de quem eu estava. Foi mal-educado, até me deu as costas! Sempre detestei pessoas que não têm o mínimo de educação ou gentileza, exercendo cargos onde o principal requisito é justamente o que lhes falta.

O jeito foi sair e tentar descobrir sozinha. Andei uns 500 metros, e avistei uma pracinha cheia de gente, em sua maioria, idosos que disputavam os bancos com os pombos. Aproximei-me de um senhor com cabelos brancos e um cachecol colorido enrolado ao pescoço.

—Posso me sentar aqui? —perguntei.

—Se não se importar em sentar ao lado de um velho bobo, fique à vontade! —disse fazendo sinal para que eu me sentasse.

—Obrigada! Sou nova na cidade, e quero conhecê-la mas, não sei por onde começar!

—Já foi à Capela do Rosário?

—Não.

—Há uns moleques que servem de guia em troca de algumas moedas, se quiser posso lhe mostrar um.

—Quero sim! —disse fazendo menção de me levantar.

—Espere! Antes terá que fazer uma coisa importantíssima por aqui.

—O que é?

—Dizer seu nome. Sabe, eu não falo com estranhos — disse abrindo um sorriso e dando uma piscadela.

—Eu sou Marina. E o senhor?

—Eu sou o velho de La Playa...

—É parente de Jonas de La Playa?! —perguntei sem disfarçar a perplexidade.

—Conhece Jonas de onde?!

—De São Paulo...

—Então foi lá que ele foi se esconder!

—O senhor é o que dele?

—Sou avô... Mas na verdade sou pai também, porque eu e minha mulher o criamos.

—Ele ficou órfão?

—Sim e não... Minha filha o teve muito jovem, e o pai dele nunca o reconheceu...

—Lamento...

—Não lamente! Foi melhor para ele viver longe do pai...

—Mas Jonas sabe quem é o pai dele?

O assassino de livrosOnde histórias criam vida. Descubra agora