O assassino de livros

Entendendo a gravidade de onde eu havia me metido

Entendendo a gravidade de onde eu havia me metido

 

Acordar e ver-se observada por várias pessoas é algo constrangedor, ainda mais quando você está em um quarto de hospital vestindo uma camisola transparente e nada mais.

Puxei o lençol até o queixo, e foi aí que percebi que estava com um braço enfaixado! Graças a Deus era o esquerdo, e eu ainda conseguiria trabalhar com uma mão só.

Moacir foi o primeiro a falar:

— Se eu imaginasse que isso ia acontecer, não teria deixado você ir sozinha! Ainda bem que o investigador estava lá.

Investigador! Então tinha sido ele que me salvara mais uma vez! Isso já estava passando dos limites... Três tentativas de assassinato, e em todas, fui salva por ele! Mas tinha que admitir, se ele não tivesse chegado, Plínio, ou sei lá que nome aquele homem podia ter, teria dado cabo de mim...

Lembrei que Lennon apontou uma arma para o homem, quando ele arrancava com o carro...

—Você o pegou? —perguntei ao investigador com dificuldade.

—Não.

—Não?! Deixou que ele escapasse! Era nossa chance de saber quem é o mandante dessas tentativas...

—Tive que escolher entre ir atrás dele ou socorrer você, que estava desmaiada no chão— disse como se eu fosse culpada!

 Na verdade era... Vivia colocando Lennon em situações de risco!

—Desculpe, eu não pensei nisso...

—Está me pedindo desculpas?! Aleluia! —disse sarcástico.

—Obrigada por me salvar mais uma vez... Se não estivesse lá, não sei o que te... Espera aí... Como sabia que eu ia me encontrar com o jornalista?!

Ele ficou sem saber o que responder:

—Apenas sabia...

—Estava me seguindo de novo! Por que faz isso? Acha que é meu anjo da guarda, e que deve grudar em mim 24h por dia?

—Longe de mim grudar em você por 24 h, se algumas horas já é duro de aguentar!

Ah, que desgraçado! Como eu queria esbofeteá-lo, mas não podia fazer isso...

—Aposto que está pensando em me esbofetear. Mas não se iluda, eu não poderei beijá-la na frente de seu chefe...

Moacir que estava absorto do outro lado do quarto teve um sobressalto ao ouvir isso. Cafajeste! Sempre querendo me constranger na frente das pessoas!

—O que foi que eu perdi? —brincou Moacir.

—Não ligue para o que ele diz Moa. Ele é mestre em fazer piadinhas sem graça — lancei-lhe um olhar fulminante.

—Afinal, o que o tal queria com você?

—Ele disse que queria constatar os fatos para escrever no jornal, e assim nos ajudar. Mas o tempo todo ele só quis saber se eu desconfiava de alguém, se tinha prestado queixa. Quando soube que eu estava com você, aí ele enlouqueceu... Perguntou quais as providências você estava tomando, e quando lhe disse você não tinha feito nada ficou desconfiado... Foi aí que eu comecei a questionar a identidade do homem... Mas não achei que ele tentaria algo contra mim ali, no estacionamento do restaurante!

—Agora compreende a gravidade da situação em que se envolveu? —indagou Lennon—Eles não desistirão de acabar com sua vida.

—Nossa vida... Agora sabem que estamos juntos.