Primeiros sinais do mal

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Decididamente esse não era um dos meus melhores dias. Além de chegar superatrasada, eu ainda havia esquecido o celular em casa. Moacir também estava num daqueles dias em que resolvia ser o chefe chato que reclamava de tudo! Mas o pior mesmo aconteceu na hora do almoço, quando fui até meu apartamento buscar o telefone. Um dos pneus estava furado quando desci ao estacionamento, e eu não tinha pneu reserva! Já ia pedir um táxi, quando algo surpreendente aconteceu. Tive a nítida impressão de ver Claudia Sincler parada do outro lado da rua, dentro de um carro diferente do que estava dirigindo quando a vi pela primeira vez!

 Apressei o passo, e quando cheguei à rua, antes de atravessá-la, ela arrancou com o carro. Mas o que estaria ela fazendo parada ali na porta do meu prédio?! Claro que eu poderia estar equivocada, pois a vi apenas uma vez, mas a mulher era tão parecida com ela!

De volta à redação, outro acontecimento estranho me deixou intrigada, apareceu uma mensagem no meu computador com a seguinte frase: “como eu assassinei dois escritores em menos de um mês.” Essa mensagem apareceu e ficou piscando por cerca de 30 segundos e depois desapareceu!

Fui imediatamente até a sala de TI e perguntei se algum engraçadinho estava brincando comigo. Sem entender nada, os rapazes disseram que não. Eles sequer tinham acessado minha máquina para fazer qualquer tipo de reparo. Então, irritadíssima lhes disse que meu computador tinha sido invadido por algum hacker ou vírus. Fizeram uma varredura e nada foi encontrado!

Fui falar com Moacir, e ele disse que se o pessoal de TI não havia encontrado nada, ele nada poderia fazer!

 Mas que droga! Quem estaria brincando comigo desse jeito? Não consegui mais trabalhar. Minha cabeça começou a latejar e meu braço luxado também. Precisava ir para casa mais cedo, além do mais, tinha que comprar um estepe para o carro.

Já era noite quando desci do táxi e indiquei onde o motorista deveria colocar o pneu novo. Depois de pagá-lo, peguei o elevador de serviço na garagem e fui direto para meu andar, sem passar pelo térreo. Isso me custaria um baita susto!

A porta do elevador abriu, e me deparei com um homem parado na minha porta! Quase dei um grito, mas o retive quando reconheci o investigador Santine.

—Quer me matar do coração! O que faz aqui em minha porta?!

—Precisamos conversar.

—Sabe que existe um aparelho chamado telefone?

—A conversa tem que ser pessoalmente. Podemos entrar ou terei que procurar as chaves? —disse com ar de deboche que não entendi na hora, mas entenderia depois.

Já dentro da sala, ele fez uma discreta varredura com os olhos e depois perguntou:

—Não notou nada de estranho aqui?

—Estranho? Não. O poderia ser estranho?

—Deixa pra lá. Eu vim aqui para demovê-la dessa ideia maluca de se meter com os neonazistas...

—Como sabe?! Espera aí... Andou me seguindo de novo?

Ele permaneceu calado, apenas ficou me olhando de um jeito estranho. Mas como ele me seguiria se fomos para alto mar naquele barco?!

—Diga logo! Como ficou sabendo?

—Tenho outros métodos além de seguir seus passos... Aliás, esse outro método é bem mais interessante... Principalmente, quando chamam meu nome no meio de uma transa...  Transa fraquinha, por sinal! Você chamou a pessoa certa, se estivesse no lugar daquele vacilão eu...

Ele não terminou de falar, e o barulho da bofetada que lhe dei o surpreendeu. Queria dar outra, e mais outra bofetada. Onde já se viu falar assim comigo! Era mesmo um cafajeste, mas como sabia que chamei nome dele no ápice do prazer?! Rodolfo teria lhe contado?! Não. Claro que não! Apesar de ter demonstrado maturidade, duvidava que ele se expusesse assim para outro homem. Será que Lennon estava escondido em meu apartamento?!

O assassino de livrosOnde histórias criam vida. Descubra agora