Devendo para o inimigo

54 3 1
                                    

Devendo para o inimigo

 

Depois de um banho quente, estava deitada enrolada em um cobertor, mas ainda sentia frio! Bateram na porta e eu não tive ânimo para ir abri-la.

—Pode entrar—disse sem saber se tinha sido ouvida.

A porta se abriu e alguém entrou com uma bandeja. Todo meu desânimo e mal-estar se foram quando vi diante de mim nada mais nada menos do que o investigador Lennon! Sentei na cama rápido demais e senti-me enjoada. Levei a mão à boca e voltei a deitar.

—Calma, não tente se levantar ainda! Trouxe um caldo para você.

Eu estava mesmo ouvindo isso?! Ele estava dentro do meu quarto de hotel, falando comigo como se fôssemos íntimos e me trazendo sopinhas?!

—O que pensa que está fazendo em meu quarto?! Quem deixou você entrar?!

—Eu perguntei se você estava bem... Se podia ouvir, se mover... Mas esqueci de perguntar se sua cabeça estava funcionando bem. Não se lembra? Fui eu quem a trouxe...

Meu Deus! O anjo... O anjo que me salvou era ele!

Não merecia isso! Dever minha vida ao investigador Lennon! Mas o que ele estava fazendo lá, no momento em que caí?! Na verdade eu fui jogada... Mas quem era aquele rapaz, e por que tinha feito isso? Ia ficar louca com tantas perguntas!

—O que estava fazendo lá... Ou melhor, o que faz aqui em Betim?

—Esperava ouvir primeiro um ”obrigado Lennon”, mas isso seria esperar demais se tratando de você. Até onde eu sei o investigador aqui sou eu, e se você pode andar por aí fazendo perguntas e irritando as pessoas, também posso fazer o mesmo, com a diferença de que não irritei ninguém, prova disso é que não tentaram me matar.

—Estava me seguindo o tempo todo?!

—Sim, e devia me agradecer por isso! Se demorasse mais alguns segundos no fundo daquele rio não estaria aqui agora me olhando com olhos de jaguatirica raivosa.

—Eu ia acabar conseguindo emergir... Sei nadar muito bem!

—Acredito que sim! —disse irônico — Mas agora tome o caldo, depois precisamos conversar.

Numa coisa ela tinha razão: eu precisava mesmo me alimentar. Por isso peguei a bandeja que ele me estendia. O caldo quente revigorou-me as forças.

Minha viagem tinha rendido. Tinha feito grandes descobertas, mas a maior delas foi o fato do investigador estar me seguindo. Precisava saber por quê.

—Pronto! Agora podemos ter aquela conversa. Quero saber por que estava me seguindo?

—Eu faço as perguntas! — disse autoritário — E espero não ser interrompido! Sempre soube que você me causaria problemas... Mas não imaginei que chegasse ao ponto de sofrer uma tentativa de assassinato... Que diabos veio você fazer aqui?! Garota, por que não vai escrever um editorial de moda ou sobre fofocas de celebridades? Você não tem perfil nem estofo para se meter com jornalismo investigativo... Você é apenas uma garotinha tentando fazer o trabalho de gente grande.

Era demais! Não deixaria esse abusado falar assim comigo! Levantei rápido demais e tive uma vertigem. Lennon me tomou em seus braços antes que eu caísse. Estava tão irritada com ele, que sem pensar muito o esbofeteei. O som da bofetada deu-me a noção da força que empreguei. Esperei que ele devolvesse o tapa, ao invés disso, ele me prensou contra a parede e me beijou! Debati-me, mas não consegui me libertar. A boca dele comprimiu meus lábios de tal forma que chegou a doer. Não contente, ele os mordeu com vontade, e quando quis protestar, a língua dele invadiu minha boca! Bastou para que meu ódio se misturasse com uma sensação enlouquecedora... Aquele beijo mexeu comigo!

O assassino de livrosOnde histórias criam vida. Descubra agora