As investidas de Rodolfo

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As investidas de Rodolfo

Desliguei o telefone na incerteza se devia mesmo ter aceitado o convite. Há muito tempo que não saía para tomar um drink ou dançar, mas aceitar sair com alguém que conhecia há tão pouco tempo... Não queria parecer ousada demais. Mas não negaria que Rodolfo era um homem bonito e sedutor. Se não tivesse aceitado sair com ele, poderia terminar de ler o livro Rastros de Sangue... Do qual não conseguia mais me separar!

Passava das 22h, quando o carro de Rodolfo parou na porta de meu prédio. Eu, que já o aguardava, entrei rapidamente no carro.

—Por que entrou tão rápido?! —perguntou ele, me fazendo ruborizar por achar que tinha sido uma crítica.

—Desculpe! É que eu...

—Não me deu tempo de apreciá-la! Queria acostumar meus olhos à visão de uma mulher tão bonita... Já pensou se o brilho que vem de você ofuscar minha vista e eu bater o carro?

Dei uma risada nervosa. Eu estava mesmo nervosa! Fazia tempo que não saía com um homem, nem recebia elogios, ou fazia outras coisinhas com eles...

O trajeto foi longo diante do entusiasmo de Rodolfo. Ele falou o tempo todo que tinha escolhido um ótimo lugar para tomarmos uma bebida e conversarmos, mas se eu quisesse dançar havia outro ambiente, e blá-blá-blá... Eu devia ter ficado em casa e terminado a leitura do livro! Sempre apreciei uma boa leitura, mas nesse caso, esperava descobrir algo que indicasse quem teria matado Isac. Não sabia por que, mas tinha a intuição de que era no livro que encontraria essa resposta.

Quando chegamos ao lugar havia uma fila de pessoas aguardando para entrar. Isso aumentou meu arrependimento! Detestava lugares cheios, barulhentos e cheirando à bebida. Mas o que eu encontraria dentro desse bar, era um motivo a mais para ter ficado em casa...

O garçom nos levou a uma mesa mal-iluminada e isolada das demais. Depois que nos sentamos, Rodolfo perguntou o que eu queria beber.

—Um coquetel de frutas...

—Não prefere um vinho ou champanhe?

—Se não se importar prefiro o coquetel.

—Tudo bem. Traga o coquetel da moça e um Martini seco pra mim, por favor — depois sorriu para o garçom. Ele era sempre tão gentil e amável com as pessoas!

—Então, gostou do lugar?

—É bonito... —disse sem entusiasmo.

—Parece que não gostou... Podemos ir a outro bar, se preferir.

—Não! Esse está bom! Desculpe! Não quero ser uma companhia desagradável, mas é que estou desacostumada à vida noturna.

—Entendo... Mas é muito jovem para se isolar assim! Deixe-me ver... Fica trabalhando até de madrugada, depois come um lanche e desacorda, acertei?

—Na mosca!

—Dá pra ver que é uma apaixonada pela sua profissão, mas existe vida social, garota!

—Eu sei, mas acabei perdendo o gosto pela vida social. Acho que os anos na faculdade de Comunicação me viciaram em estudar.

—Então terei que ajudá-la a mudar isso! De hoje em diante serei seu assessor para assuntos de programas sociais noturnos.

—Veremos se você será competente.

—É um desafio?!

—Digamos que sim...

—Aceito! De agora em diante tomarei conta de sua agenda, jornalista, e depois do expediente no jornal terá que cumprir os compromissos sociais, sempre comigo, claro!

O assassino de livrosOnde histórias criam vida. Descubra agora