6 de fevereiro
20:45S/n
Eles conversam sobre tudo, como querem a turnê, como querem o figurino, como se quisessem coreografar cada passo do Michael em cima do palco. Na verdade eu ainda não sei qual vai ser a minha função aqui, porque eu não entendo nada do que eles falam, várias vezes desde que sentei nesta cadeira, me questionei se eles realmente estão falando inglês. Michael está sentado ao meu lado direito, ele não abriu um mísero sorriso desde que chegamos, essas personalidades dele vão acabar me matando. Pego o copo de whisky que estava até então vazio sobre a mesa e coloco dois dedos do líquido, alguns dos rapazes murmuram algumas coisas, consegui ouvir um "uma mulher de respeito não deveria beber desta maneira", ah meu senhor, chupa meu pau. Levo o copo até os lábios, pude ver pelo canto do olho, Michael acompanhando o percurso do copo, o líquido desce queimando minha garganta mas me recuso a fazer qualquer tipo de careta que seja.
-Senhorita S/s, poderia nos contar o que você está fazendo aqui? - um dos senhores pergunta em um tom arrogante, deixo o copo sobre a mesa
-Eu adoraria responder essa pergunta, se eu soubesse a resposta. - lanço uma piscadela para o senhor que coça a garganta se ajeitando na cadeira, algumas risadas bem baixas são ouvidas, não consegui conter meu sorriso ao ver que o senhor se sentiu desconfortável.
Eles continuaram os assuntos, mas sinceramente, o cardápio está muito mais interessante. Folheio o caderninho inteiro, eu daria tudo pra um cachorro quente da barraquinha da esquina. O garçom se aproxima da mesa, aponto no cardápio qual seria meu prato, sinceramente, fui no unidunitê porque eu nunca comi nada do que tá aqui, então por mim, qualquer coisa pra tirar minha atenção desses senhores conversando sobre quantas mulheres conseguiram pegar, já é uma vantagem, Michael faz o seu pedido e o garçom se vai. Eu nunca quis tanto ir embora de um lugar na minha vida.
-Segura mais um pouco, já tá quase acabando. - Michael fala rente ao meu ouvido. Respiro fundo e me levanto da mesa atraindo a atenção de alguns dos senhores, Cristo, eu quero vomitar.
Caminho com certa rapidez até o banheiro, ou pelo menos o que eu acho que seja o banheiro. Acertei, é o banheiro. Me encaro no pequeno espelho e peço aos céus paciência pra que até o final desse jantar, eu continue quieta no meu canto e com o meu emprego.
Fiquei trancada no banheiro por mais de 20 minutos, cheguei na mesa praticamente junto com o garçom. O meu prato tem um molho, confesso que demorei pra entender que eu pedi um risoto de camarão com um nome esquisito. Os talheres são de ouro, não sei se é banhado ou se é realmente ouro, mas pra que isso? É pra mostrar que o dono é rico? Enfim, deixo toda a apresentação de lado e começo a comer, afinal, só topei vir pra cá pra comer mesmo, então que seja. Michael pediu um macarrão ao molho branco, o que parece estar gostoso, se estivessemos sozinhos, eu ousaria pegar um pouco, mas não estamos em um momento muito apropriado, tenho que manter minha classe pra esses senhores amargurados.
O prato estava uma delícia, mas a quantia que veio não me deixou satisfeita, quando chegar em casa, vou pedir um cento de coxinha pra comer sozinha. A conversa continua a mesma, shows, como vai ser a estrutura do palco, Michael começou a dar sua opinião sobre os figurinos e algumas coisas sobre os palcos, sua voz está firme, mais grossa do que o normal. Eu nunca tinha ouvido essa voz dele, será que ele tem uma voz pra cada ocasião? Eu só ouvi duas até hoje.
Um dos senhores finalmente se levanta ajeitando o paletó, olha pra todo mundo ao redor da mesa e suspira
-Bom Jackson, manteremos contato pra confirmar sobre o patrocínio. - diz o senhor de cabelos grisalhos e terno azul marinho. Michael se levanta e assim o restante dos senhores que estão sentados se levantam juntos, parece sincronizado, foi até um pouco engraçado.
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Whatever Happens
FanfictionO ano é 1987, Michael Jackson aos seus 28 anos, acaba de entrar com um enorme projeto que até então pouquíssimas pessoas sabiam, em algum canto de Los Angeles, S/n com seus 23 anos, ainda se acostuma com a ideia de morar em um país diferente, difere...