Whatever Happens

capítulo 10

20 de junho
15:02

Michael Jackson

A luz me obriga a abrir os olhos, minha cabeça dói tanto, parece que ontem quebraram uma mesa de mármore na minha cabeça. Me forço a levantar, o quarto está até arrumado, me lembro vagamente do que aconteceu ontem. Me lembro de ter ficado meio chateado pela S/n ter ido embora, depois disso, me vem apenas flashs da noite passada. Tem uma pílula em cima da mesinha ao lado da cama com um copo d'água ao lado, eu acho que seja algum remédio pra dor de cabeça. Forço meu corpo a levantar, por mais que cada célula grite pra que eu me deite de novo. Eu tenho que parar de beber desse jeito.

A água fria cai sobre meu corpo me causando uma leve sensação de alívio, parece que meu corpo gritava por um banho. S/n realmente ficou aqui ontem? Até quando ela ficou? Ela dormiu aqui? Droga por que eu não consigo me lembrar? E por que eu não consigo tirar ela da cabeça?

De uns dias pra cá, ela vem sido bem presente, não sei distinguir o que somos, somos amigos mas nos pegamos as vezes, sou uma pessoa muito intensa, por mais que eu queira logo dar um passo adiante, eu preciso saber das intenções dela. S/n não é uma pessoa ruim, desde quando a contratei, venho fazendo alguns joguinhos com ela pra ver se posso confiar ou não nela, contei algumas mentiras sobre acontecimentos pra ver se ela vazaria pra mídia, mas ela não vazou, e de alguns meses pra cá, eu parei com isso. Ela poderia ter ganhado muito dinheiro da última vez que eu fiquei bêbado na sua casa, mas pelo contrário, ela riu da situação e bebeu comigo. São poucas as pessoas que fazem isso, principalmente quando se trata de mim. As vezes sinto que não posso confiar nem na minha família. Mas com ela é diferente, sinto que eu posso confiar toda minha vida a ela. Há uns dias me peguei pensando em pedir sua mão em namoro, mas posso estar indo rápido de mais, talvez eu seja muito emocionado.

Junto com o copo de água, tem um envelope com meu nome escrito em cores chamativas, me sento sobre a cama e pego o papel, é uma cartinha, e pelo o que eu acho, é de uma criança, onde eu consegui essa carta? A ortografia é toda torta, oh coisa linda. A autora tem oito anos pelo o que ela escreveu. Eu amo ler cartas de crianças, são tão puras, e ler uma carta de uma criança elogiando meu trabalho, me deixa tão feliz, me mostra que eu tô fazendo um bom trabalho, pois crianças não mentem. A assinatura da menininha está toda colorida, "Thalia", que nome lindo. Minha dor de cabeça passou após ler essa carta, me deixou tão feliz, queria poder ter abraçado essa criança.

15:50

Risadas escandalosas são ouvidas do lado de fora do corredor junto com um cheiro delicioso que eu nunca vou esquecer. A porta se abre e lá está ela, com uma cara de quem vai matar até os meus ancestrais, mas continua linda. S/n entra no quarto fechando a porta atrás de si logo em seguida cruzando os braços. Fecho o livro que estou lendo e o coloco sobre a cama olhando diretamente pro rosto dela.

-Você é meio fraco da cabeça ou é só idiota mesmo? Ficou doido de beber daquele jeito? Tá achando que você é o José da padaria que se beber e passar vergonha vai ficar debaixo dos panos Michael? - ela solta tudo de uma vez, meus olhos se arregalam pela velocidade em que ela falou, posso perceber sua cor ficar um pouco avermelhada.

-Mais um pouquinho e você explode! - tento miserávelmente falar em um tom humorado enquanto ela descruza os braços me jogando uma almofada.

-NUNCA MAIS SE ATREVA A ME ACORDAR DUAS DA MANHÃ PRA TE BUSCAR EM UM CARRO TÁ ME OUVINDO? - seu tom aumenta, espera, eu fiz mesmo isso? É por isso que ela tá tão estressada?

-Hey! Fala baixo que eu tô do seu lado. - o arrependimento bateu instantaneamente em mim antes mesmo de terminar a frase.

-FALAR BAIXO? - S/n olha diretamente pra mim. - escuta bem o que eu vou te falar, o que aconteceu ontem, eu espero que nunca mais se repita! Você chegou caindo de bêbado ontem, me fez ir te buscar no carro, passou mal a noite inteira e ainda por cima não quis me deixar ir pro meu quarto. Sabe como eu tô sendo reconhecida lá fora? Como sua namorada! - ela fala em um tom mais baixo que antes mas ainda brava.