A santa

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A AUTORA SURTOU (na verdade ela tá de férias mesmo)
E por conta disso os caps de todos os livros podem vir adoidado, do nada, aproveitem as próximas duas semanas!

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Ferguson ficou genuinamente surpreso ao saber através do administrador, Sr. Dwight, o motivo pelo qual ele passara os últimos quatro meses sem enviar relatórios ao duque sobre o que ocorria em Cumbria Manor.

- Tratar com a duquesa é sempre uma satisfação, milorde! No começo, confesso que tivemos alguns desentendimentos, mas apenas uma falha na comunicação. Lady Cumberland é preocupada, devotada a esta terra e à vila. Os colonos mais necessitados de alimento neste tempo frio só têm comida na mesa por causa de Lady Cumberland. Foi dela a ideia de separar o nosso excedente de alimentos, que sempre ficava na despensa, para distribuir entre os colonos.

"Sua Graça disse apenas: 'é o fruto do trabalho deles, e devem usufruir a contento'. Não vos surpreendais, milorde, caso ande pela vila ouvindo os desvalidos tecendo loas à 'duquesa santa'."

Sr. Dwight não mentia. Ao visitar a vila de Cumbria, Ferguson ouvia do padre, do juiz de paz, do dono da estalagem, e provavelmente até de uma mendiga que usava um casaco estranhamente familiar, sobre a bondosa e caridosa "duquesa santa". Era como se estivessem falando de uma entidade divina que chegara a Cumbria para ajudar as pessoas, e não raro alguns surgiam à frente dele, quase assustando Ferguson e o cavalo onde ele estava montado, segurando uma lasca de madeira e dizendo:

- Milorde, peça à duquesa que interceda por mim... Sinto dores no estômago...

- Sim... Falarei com lady Cumberland...?

- Sra. Finnegan. Diga meu nome, e ela me colocará nas orações dela! – beijou a lasca de madeira com devoção e logo voltou ao muro onde estava sentada, ao lado de algumas crianças, todas comendo fartamente.

"O que está acontecendo aqui... Tenho certeza de que aquele cobertor de lã estava em Cumbria Manor..."

- Milorde! – agora eram três crianças pulando perto do cavalo.

- Calma, meninos, não assustem a Maldoso. Andem devagar...

- Sim, sim, milorde! – eram dois meninos e uma menina, descalços e sujos, porém bastante animados. – A duquesa disse que iria nos ensinar as primeiras letras! Quando ela vai começar as aulas?

- Em breve... Creio eu... Mas conversarei com minha esposa para confirmar a data, tudo bem?

- Sim! – o trio sorriu, os rostos esperançosos, e Ferguson não deixou de sorrir com a alegria genuína dos pequenos. Os miseráveis viam a duquesa como uma santa, e aquele comportamento fazia todo o sentido.

Não apenas os moradores da vila – os criados em Cumbria Manor estavam encantados pela forma como Caitríona se comportava: não era arrogante, exigente; sempre disposta a ajudar, era a primeira a acordar, e não raro Ferguson ouvia ao longe, quando saía para a varanda a fim de se espreguiçar, sua esposa no jardim da frente, levando mudas de roupas para longe – "provavelmente a residência dos criados... Por Deus, duvido que a última duquesa soubesse o caminho para a casa dos empregados!".

Caitríona já tinha tomado café quando ele descia para o desjejum, e Ferguson acabava dividindo a mesa com Peter, o menino que um dia seria duque.

- Está gostando de morar aqui, Peter? – ele tentou uma conversa leve com o menino, cujos gostos e personalidade eram desconhecidos para ele.

- Sim. Gosto de correr e andar a cavalo.

- Isso é bom. Qual o seu favorito?

- O preto, que é bem grandão.

A TentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora