Hoje é dia de cursinho...
---
O jardim localizado nos fundos de Cumbria Manor tinha uma característica distinta do resto da grande propriedade que pertencia a lorde Cumberland. O que era basicamente pedra, campos suaves e a imponência da construção humana, no jardim dos fundos era um encontro entre o cuidado e a curadoria proporcionadas tanto pelas mãos do jardineiro quanto o apoio da duquesa, e a floresta fechada, que também fazia parte daquela propriedade.
A delicadeza e o rústico se encontravam ali, refletindo a natureza de seus moradores, bem como o espírito da própria Caitríona, que cuidava das flores, regando quando necessário e fazendo carinho nas pétalas. Via as plantas como extensões da bênção divina, e em cada toque, ou palavras singelas que depositava nas flores, entendia estar cada vez mais próxima de Deus.
- Estão belas e bem-cuidadas. – sorriu, cândida. – Brilham ao verem o sol, creio. É impressionante o quanto florescem e se abrem diante do sol, porque sabem que ele é quem as nutre e alimenta. São criações inteligentes de Deus. Que Ele e Santa Catarina as abençoem.
- Falando com as plantas, Caitríona?
A voz ligeiramente bem-humorada, sem que a jovem soubesse se havia uma linha de ironia na tom, era de Ferguson, de braços cruzados e um sorriso zombeteiro. Os cabelos ruivos dançavam com o vento, e a barba por fazer indicava que ele vinha trabalhando muito e se arrumando pouco.
Não era para menos: ser lorde Cumberland não era apenas circular em festas com roupas bonitas. O duque tinha obrigações para com seu povo, e Ferguson estava ligado ao dever: a proteção às fronteiras, crescimento da vila, manter a população mais pobre ativa, bem-alimentada e com um teto sobre suas cabeças. Por isso, o escocês parecia bastante cansado – até mesmo as roupas que usava naquele momento – calça de couro marrom, botas de montaria e uma camisa de mangas bufantes, branca, colada tanto na parte da frente quanto nas costas por causa do suor, marcando o abdômen definido do duque.
Kat sorriu, mas havia dentro dela um nervosismo, uma agonia em sua barriga e uma queimação no baixo ventre. Ela sempre sentia algo assim quando Ferguson estava perto dela sem as roupas formais e sérias do duque, e sim daquele jeito mais à vontade. O sorriso dela sem ampliou, doce, enquanto Ferguson se aproximava, a cada dia mais presente em seu coração.
Ao mesmo tempo, a delicadeza e o desejo lascivo se misturavam de tal forma que a jovem não imaginava se ele estava ali apenas para conversar sobre as flores ou tinha outros objetivos, mas indiscretos.
Ferguson se aproximou da jovem, que em pé, tirando as luvas que protegiam suas mãos, cruzou os dedos e os levou à barriga, nervosa.
- Eu vim aqui por um motivo...
- Algum aviso importante?
- Não. – tocou em seu rosto suave, traçando linhas entre as sardas da duquesa. Cada toque parecia uma carícia íntima, sensual, e ela fechou os olhos, ofegante. – Você sabe o que eu quero, Caitríona?
- Eu... Imagino que... Eu não sei, mas... Eu...
- Estás apreciando, Caitríona?
- Sim... Sim... Eu... Esse toque é... Bom...
- Então gostas tão abertamente? – o sorriso não era tão doce vindo dele. Havia malícia, desejo, e a voz que sussurrava em seu ouvido era baixa, rouca e impositiva o suficiente para fazer todo o corpo da jovem estremecer. – O que eu desejo é você. Eu a quero agora, Caitríona. Vá até a árvore atrás do jardim e erga a saia.
Era tão direto e certeiro que Kat sequer questionava. Como questionar, desconsiderar, dizer "não" o que seu corpo dizia "sim?" Era sua vontade também, uma vontade do coração e do físico, dominada pela figura de seu marido. Um dia, ela teria coragem de dizer que não apenas o corpo, mas o coração dela pertencia a Ferguson.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Tentação
RomanceIrmã Catalina vive no México, no claustro. Entre a rotina dos cuidados com outras freiras e a alimentação dos mais necessitados, o futuro da religiosa parece definido: servir a Deus e ajudar os pobres. Um dia, a jovem recebe uma carta de seu padrin...