O mapa do tesouro

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Cerejas, chantily e perguntas curiosas.

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Patrick O'Connell estranhou encontrar Ferguson no escritório de sua casa, ao invés de realizar o desjejum na sala íntima, juntamente com Kat e Peter, como vinha fazendo nos últimos tempos.

O irlandês notou que seu amigo, com os pés em cima da mesa de trabalho, a camisa totalmente desabotoada, e os cabelos ruivos bagunçados, olhava para o nada enquanto uma bandeja com café e uma garrafa de whisky aguardavam por seu dono.

- Por que você está tomando café com whisky?

- Porque eu cometi uma loucura! - gargalhou, um sorriso aberto, jovial como nunca Patrick havia visto vindo de Ferguson - Eu cometi a melhor loucura da minha vida! Eu nem sei o que dizer, mon ami!

- Comece falando o que ocorreu! Eu não sou um herói grego para entender enigmas.

- Eu pedi desculpas a Kat pelo meu mau passo...- um sorriso brincou nos lábios, e Patrick entendeu que não foi apenas um pedido de desculpas que Ferguson fez.

- O que você aprontou?

- Seria pouco considerado... Após um pedido de perdão... Não pedir uma despedida de acordo. Ela é linda , Patrick! É como se eu ainda estivesse sentindo o doce sabor de seus lábios, tão doces, tão apetitosos, entregues, como ela toda estava entregue. Eu só tive um beijo. Foi como se tivesse ganhado tudo .

Patrick notou de fato que a reação de Ferguson era muito diferente do homem que sempre fora: cínico, difícil, personalista, dominador. Agora, lá estava ele contemplando o teto enquanto tomava café e logo depois olhava o amigo, sorrindo:

- Eu a deixei depois do beijo, saindo a passos largos pelos corredores. Quando sentir que ela não poderia me ver, comecei a almoçar comigo mesmo. Linda, Patrick. Kat é linda, pura... Eu sou um bastardo corrupto. Mas eu gosto de pensar que sua rendição será doce e saborosa.

O irlandês compreendeu que não apenas Ferguson beijara a esposa na noite anterior; ele parecia bastante feliz e satisfeito com o ato. Sim, havia o sentimento de vitória diante de uma óbvia tentativa de seduzi-la, conquistá-la, e tornar a jovem sua submissa; mas o olhar de Ferguson brilhava com a conclusão de que estava encantado por uma mulher que era seu contrário em tudo.

Kat chegou a Cumbria Manor como freira, e suas atitudes mesmo sem o hábito emanavam mansidão e doçura. Ele, Ferguson, era um libertino, um depravado envolto em luxúria. A leveza e felicidade na expressão do duque indicavam, para Patrick, que a relação iniciada de uma maneira enganosa, graças a um ardil cruel, poderia aplacar os fantasmas que assombravam a mente de Ferguson, seria capaz de fazê-lo sentir que pertencia a algum lugar.

"Espero que minhas desconfianças sejam verídicas..."

- Sei que estás encantado por esta novidade, o que evidentemente o deixa feliz e satisfeito, mas creio que tenho mais informações sobre um assunto que decidiste pesquisar há algum tempo .

Ferguson saiu do transe - porque ele entendeu do que Patrick falava. Ele pedira ao amigo que investigasse mais sobre a vida dos Astor, focando na relação entre Alphonse e Lucas Sheehan, o pai de Kat.

- O que descobriste?

- Nada de muito construtivo sobre a presença de Lucas e Maeve Sheehan em Londres, se eles moraram na capital. Na verdade, o estranho é... Não há informações sobre Lucas Sheehan tampouco Maeve em Londres ou em toda a Inglaterra.

- Naturalmente, até onde entendi, os pais de Kat são de Bermuda.

- Mas... Como ele e Alphonse teriam se conhecido? Crês que o barão de Oxley, pretensioso como é, se deslocaria de Londres até uma ilhota onde não consegues sequer apontar no mapa?

A TentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora