Enquanto Tsukasa lutava no ringue, minutos e minutos depois de Senku, uma forte sensação ruim o invade. Um sentimento tão ruim que ele se distrai a ponto de levar um soco, mas que não chegou nem perto de o derrubar. Seu peito estava apertado, como se algo terrível estivesse acontecido e a morte estivesse se aproximando. Balançando sua cabeça negativamente para voltar com o foco a luta, mais uma vez seu oponente é nocauteado, com mais dificuldade do que o anterior, mesmo que o resultado fosse o mesmo. Por fim, com sua respiração ofegante, Tsukasa desce do ringue apesar de o torneio ainda não ter acabado, seus instintos gritavam que precisava sair dali o mais rápido que podia. Com uma toalha, ele secou o excesso de suor sobre seu corpo, pondo novamente sua capa de pele de leão que sempre usava.
— Senhor Tsukasa! — O juiz o chama. — O que está fazendo? Ainda não acabamos!
— Eu preciso ir, — Os instintos de Tsukasa não o deixavam em paz. — Eu irei retornar, mas preciso ir mesmo.
— Espere aí!
Sem mais nem menos, Tsukasa saiu correndo em meio a multidão de alfas reunidos sem escutar ou olhar o que estava ao seu redor. Nunca sentiu isso antes, era uma sensação meio desesperadora, na qual ele não conseguia simplesmente ignorar e continuar com suas atividades. Nem sabia para aonde ia, apenas corria, inexplicavelmente.
[...]
Ao atravessar a entrada da própria sala do trono de pedra, encontrou Senku atordoado e com sangue saindo de seu pescoço. Arregalou os olhos, sem compreender o que deixou assim. A primeira coisa que fez foi se aproximar de Senku, porém seus passos paralisaram quando o ômega lhe devolveu um olhar cheio de uma sensação densa e pesada. "Medo, solidão, incerteza...", era o que o olhar Senku de certa forma comunicou a Tsukasa, não se foi necessário palavras, os dois pareciam estar conectados ao se entender dessa forma. O alfa sabia que aquela ferida não se tratava de um machucado simples, algo no fundo de sua cabeça insistia em lhe dizer que foi feito por alguém.
— Deixe-me ver isso pra você... — Tsukasa falou, se aproximando de Senku que deu um passo para trás, mas o alfa a toca mesmo assim. — Eu não vou machucar você, Senku.
— Não precisa fazer isso... Eu tenho o necessário pra me cuidar.
— O que aconteceu para você se ferir assim?
— Eu... — Tsukasa sente o coração de Senku aumentar a frequência. — Caí, somente isso...
— Um corte muito preciso para ser um arranhão... Fale, Senku. Eu sei quando você está mentindo para mim. — Esperou ele dizer algo, mas Senku permanecia calado. Tsukasa suspira, ficando agoniado, mas logo ouve uma palavra sair de seus lábios que tremiam.
— Eu não... Quero depender de ninguém... Mas estou com medo... De fazer tudo sozinho...
— Senku, — Tsukasa falou enquanto fazia um curativo em seu pescoço com o que Senku já havia pegado para se cuidar, porém fazer um curativo assim sem um espelho era meio difícil. O moreno tentava demonstrar sua sutileza ao fazer aquilo pelo ômega. — pessoas como você, precisam de pessoas como eu. — Senku parecia expressar nojo, mas Tsukasa ainda insiste em terminar a frase. — E pessoas como eu, precisam de pessoas como você.
A face do ômega não expressava mais nojo... Ele começou finalmente a refletir sobre como relações de duas pessoas diferentes não se baseavam nas divergências de suas individualidades, mas sim, em como elas se completavam para uma fazer a outra mais forte, preenchendo suas falhas e complementando, sem necessariamente depender delas.
Quando Tsukasa se afasta, Senku simplesmente avança para frente, abraçando o corpo do alfa, começando a chorar. Tsukasa quase chorou também, mas não devido a uma emoção que ele despertou sozinho, mas sim porque conseguia sentir o quão sozinho Senku se sentia, e também o quão amedrontado estava, apesar de não entender o motivo. O moreno retribui o abraço, passando a mão calmamente nos cabelos de pé de Senku, falando a única que tinha em mente.
— Me desculpe... — Disse de primeira, para livrar sua culpa. — Eu não quero que você tenha que se sentir assim nunca mais... Eu estou aqui, Senku.
Senku pensava sobre não possuir mais Byakuya para acalmar seus momentos de choro e fraqueza, e por muito tempo, ficou reprimindo isso para si, cada vez mais. Porém, quando se sentiu acolhido e seguro aos braços de Tsukasa, o ômega finalmente se permitiu chorar e se demonstrar fraco, se demonstrar com medo. O moreno era o único alfa que Senku não conseguia prever, assim como igualmente, Senku era o ômega mais diferente e curioso que Tsukasa havia conhecido. Tão diferentes e igualmente determinados em busca de um ideal, eram praticamente destinados a encontrar um ao outro.
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Os Dois Líderes - Fanfic ABO.
FanficSenku nunca foi a favor de como sua sociedade funcionava, como um ômega, sempre teve que lidar com problemas desde novo. Decidido e movido pela força de um sonho de infância, o albino de pontas esverdeadas estava disposto a passar por tudo para cria...