Capítulo XVII - Banquete.

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Sozinho e após a surpresa de seu primeiro beijo repentino, Senku começou a refletir novamente sobre aquele convite que Tsukasa o fizera. Ele nunca gostou de grandes eventos com muitas pessoas, a barulheira incomodava seus ouvidos e tanta gente junta o deixava desconfortável, mas apesar de tudo estava cogitando ir, acreditava que se Tsukasa estivesse ali, iria ficar tudo bem. Engoliu seco, apenas um pouco receoso, achando que ia acabar se encontrando com Hyoga mais uma vez. Esquecendo um pouco desse pensamento, balançando levemente a cabeça para os lados, voltou a pensar sobre os lados positivos de ir para o banquete. Talvez seja bom ver os conhecidos que tinha e, quando cansasse, poderia simplesmente voltar para dormir. Mas a questão principal era: "O que era para se usar num evento como esse?"

    [...]

Enquanto isso, Hyoga discutia com responsáveis da guarda do império. O alfa de cabelos brancos estava mais sério amedrontador que o normal.

— Eu quero que neste banquete vocês continuem de guarda. — Hyoga falava para alguns homens. — Vigiem a festa e o império.   

— Mas Hyoga, a tradição diz que nós temos que ir participar da festa. — Um dos homens falou. — E esse é um dos poucos dias que podemos descansar.

— Não quero ficar trabalhando num dia de festas. — Outro responde.

— Melhor se calarem antes que eu mate um de vocês. — Hyoga sorria, mesmo com sua ameaça de morte. — Quero todos de guarda, na noite do banquete. Minha ordem final.

— Sim, senhor Hyoga…

Os homens estavam descontentes e frustrados, então logo começaram a bolar formas de burlar essa ordem, queriam mais-que-tudo participar desse evento tradicional e importante. Nem que tivessem que ir contra ao que Hyoga dizia. Pensavam que se comunicasse a Tsukasa, que também era a favor das tradições, iria ficar tudo bem. Mesmo que o alfa albino estivesse contando com a proteção do exército naquela noite, o vacilo dos homens estava quase que sendo inevitável.

    [...]

    Ao anoitecer, Senku resolvera não se preparar muito, afinal, nunca se importou com isso antes, por que deveria se importar agora? Com um jeito tão desleixado, ele decide deixar seus cabelos em pé, como de costume, e apenas vestir uma das roupas de inverno que o deixavam aparentemente mais agradável, afinal, um ano havia se passado, e os ventos frios do norte chegavam. Seu casaco azulado com adereços no pescoço que o deixava quente era "perfeito", segundo a visão do ômega.

    Tsukasa já havia ido, pois, como fora o campeão do torneio, deveria se apresentar primeiro. Senku solta um pesado suspirar antes de sair da sala e caminha em direção a um dos salões improvisados do império. Estava ansioso, afinal, não saberia o que fazer se encontrasse Hyoga. E sem a ajuda de seus supressores, pois havia parado de tomá-los, era facilmente afetado por feromônios por qualquer, talvez fosse até mais sensível, pois, passou a vida toda sem desenvolver uma real resistência a eles, como um jovem adolescente. Saindo da sala logo depois, suspirando fundo, reunindo o resto de coragem para ir ao evento.
Quando chegou no grande salão, encontrou-se com muitas pessoas, músicas e principalmente comida… Na verdade, era um tanto nostálgico, a música era muito semelhante a que ouvia quando era criança, nos torneios de sua pequena cidade. Sem se importar com a forma na qual se vestia, Senku entrou ali com os braços cruzados, se sentindo um tanto intimidado pela quantidade de pessoas. Na mente de ômega, vários pensamentos se passavam; se perguntava se deveria realmente ter vindo, se Hyoga estava por perto, ou se havia se esquecido de alguma coisa...
    Perdidos em seus pensamentos e na música, Senku volta a realidade ao sentir uma pequena mão sobre seu ombro esquerdo.

— Senku, você está bem! — Yuzuriha fala, ela também estava muito bem arrumada. Praticamente irreconhecível. — Eu não te vejo faz um tempão!

    — Eu já disse que você não tem que se preocupar comigo. — Senku coça o ouvido com o mindinho, sorrindo um pouco. — Não sabia que você vinha nesses eventos.

    — Normalmente venho, afinal, eu queria ver o que as pessoas achariam da ornamentação que fiz com mais algumas pessoas. — Ela sorria. — Dei meu melhor pra ficar bem caprichado!

    — Parabéns, ficou incrível. — Senku põe as mãos nos próprios quadris. — E onde está Taiju?

    — Na verdade, eu não sei. Ele disse que viria, mas não apareceu até agora... — Ela suspira mais forte e, repentinamente, olha para Senku de forma estranha, aproximando mais o rosto ao corpo dele. — Você… Está com um cheiro diferente.

    — Foi mal, eu fiquei uns bons-dias trancado naquela sala. — Cruzou os braços. — Deixei de tomar um banho e tive que disfarçar o cheiro com perfumes.

    — Não, não é isso. Você cheira a-

Antes mesmo que Yuzuriha terminasse sua frase, os dois amigos foram abordados pelo próprio Tsukasa, que se aproximou deles em meio ao público. Ele, como vencedor do torneio, era o centro das atenções da festa. A presença do alfa ali deixou Yuzuriha ansiosa, pensando que ele iria brigar com Senku por estar ali.

    — Com licença, — Tsukasa falou, passando a mão ao redor dos ombros de Senku. — Se importa se eu pegar Senku emprestado por um momento? Assuntos do império.

    — Oh… — Yuzuriha olha para o amigo, e ele concorda com a cabeça. Estranhou um pouco Tsukasa, ele estava tão cordial que ela até chegou a sorrir com a gentileza. — Sim, senhor Tsukasa. Desde que me devolva ele depois!

Yuzuriha se retira em passos calmos. Apesar de no meio de uma multidão, Senku finalmente direciona seu olhar para Tsukasa com uma expressão de provocação, começando a falar de forma irônica.

— Sabia que é falta de educação interromper uma conversa?

— Estou feliz que tenha vindo, Senku. — Tsukasa ignora sua provocação, estando com o riso frouxo. — Agora que você veio, querendo ou não, irá dançar.

— O que?! Tá maluco?! — Senku afina a voz, sendo arrastado. — Eu não vou fazer isso!

— Tarde demais, Senku. Faz parte da tradição.

Tsukasa puxa Senku numa área sem aglomeração de pessoas, apenas alguns casais dançavam calmamente, pelo que parecia. O ômega ainda estava resistindo a ideia, mas o alfa insistia, fazendo Senku bufar ao se encontrar sem alternativas, pois fugir não parecia ser uma das suas opções. Ambos pararam no centro do que seria "a pista de dança", e o alfa pôs uma das mãos na cintura do parceiro, segurando sua mão e sussurrando: “Apenas um passo de cada vez…”

A este ponto, o ômega estava travado, tenso, e principalmente envergonhado, porém, aos poucos, a voz apaziguadora de guia de Tsukasa fazia com que o ômega pegasse o jeito e seguisse o ritmo da melodia. Senku estava sussurrando o quão ruim estava dançando, pois, não sabia fazer aquilo, nunca houvera feito. Tsukasa se divertia com a situação e era paciente. Mesmo que se demonstrasse na maior parte do tempo um líder assustador e cheio de poder, ali ele era apenas um professor, um parceiro.

Chegou um ponto que Senku começou a gargalhar daquela situação, enquanto o moreno se aliviava em finalmente ver o ômega tão fechado, se abrir em público, sorrindo e demonstrando sua felicidade em estar ali. Ao redor, os olhares confusos e até mesmo com nojo os cercavam. Eles não se importavam realmente. Era algo único, uma sensação de êxtase que nem mesmo o pior julgamento iria mudar isso, apesar do banquete ser para todos, aquele era o momento deles. A situação estava perfeita, mas parece que a noite não ia prosseguir assim por muito tempo. Algo estava prestes a dar errado.

Os Dois Líderes - Fanfic ABO.Onde histórias criam vida. Descubra agora