4. Approach.

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— Não sei se essa roupa está legal, vô... — Justin disse, meio desconfiado, ao olhar seu reflexo no espelho do quarto dos avós.

Ele vestia uma calça jeans justa, botas de cowboy marrons e uma camisa xadrez vermelha, com um chapéu preto de cowboy coroando o visual. Era uma visão inesperada até para ele mesmo. Justin riu, balançando a cabeça, incrédulo. Ele jamais teria se imaginado usando uma roupa dessas por livre vontade. Só havia uma razão para isso, e ela estava a alguns minutos de distância, prestes a chegar para arrastá-lo a um rodeio.

Marisol.

A garota do campo que, desde que ele a vira pela primeira vez, havia plantado nela uma ideia que ele jamais admitiria em voz alta: a curiosidade, quase obsessiva, de como seria ter toda aquela inocência só para ele.

Ela era o oposto das garotas com quem ele estava acostumado na cidade. Marisol não se derretia com um sorriso dele, não jogava charme nem buscava sua aprovação. E isso, paradoxalmente, o deixava fascinado. Cada conversa com ela parecia tirar Justin de sua zona de conforto, e, pela primeira vez, ele não era o cara de respostas prontas. A simplicidade dela o intrigava, mas o que realmente o enlouquecia era a doçura que ela carregava em cada palavra e gesto. Em silêncio, Justin se recriminava pelos pensamentos que não conseguia afastar, por um desejo que crescia apesar de saber que a inocência dela era algo que ele nunca deveria tentar corromper.

— Como ocê pode dizer isso, sô?! Essa roupa lhe caiu bem como uma luva! — Exclamou Bruce, observando o neto com um sorriso de orgulho.

Justin soltou um riso meio envergonhado, ajustando o chapéu e tentando parecer menos fora de lugar. Para Bruce, vê-lo assim era como reviver seus próprios dias de juventude.

— Usei essa roupa só uma vez, em um encontro com sua avó. — Disse, com um sorriso nostálgico. — Foi uma noite e tanto. — Ele riu, como se revivesse a lembrança na mente.

— Tenho certeza de que foi, vô. — Justin respondeu, sorrindo ao vê-lo perdido nas boas memórias.

— E, ó... Passe bastante perfume, meu fi. As muié gostam de homem cheiroso! — Bruce pegou um frasco de perfume, sem qualquer cerimônia, e borrifou uma quantidade generosa sobre Justin, que tossiu com o exagero.

— Acho que já está bom, vovô. — Disse, rindo e pegando o frasco da mão do avô, antes que Bruce o transformasse em uma nuvem ambulante de colônia.

— É, é... Acho que tá sim! — Bruce assentiu, orgulhoso, enquanto olhava Justin de cima a baixo, satisfeito. — Agora ocê tá pronto pra arrasar no rodeio, meu neto!

— Como estão meus homens? — Diane entrou no quarto sorrindo ao ver Bruce e Justin. — Ah, mas ocê tá um belo de um caipira, sô! — Ela disse, avaliando o neto de cima a baixo e depois o abraçando. — Você puxou a seu avô. Ele sempre usava metade do frasco de perfume só pra me ver — Comentou, rindo.

— Valia a pena, não é? — Bruce sorriu de lado para ela, que retribuiu o sorriso.

— Ôh! Valeu cada frasco de perfume. — Respondeu Diane, fazendo Justin rir junto. — Agora desça, Marisol deve de tá quase chegando. — Disse, empurrando levemente as costas do neto.

Enquanto descia as escadas, Justin sentia algo que não era típico dele: um frio na barriga. Era só um rodeio, um evento local, nada muito diferente de uma festa na cidade grande. Mas por que ele estava tão nervoso? Talvez porque, ao contrário do que acontecia na cidade, aqui ele não podia fazer nada para acelerar o interesse de Marisol por ele. Ela parecia tão despreocupada com qualquer atração além da amizade, e isso o frustrava. Ela era a primeira garota que ele realmente queria e que, ao mesmo tempo, não parecia querer nada além de uma boa amizade. Justin estava tão imerso nesses pensamentos que só notou a presença dela quando um par de dedos estalou bem diante do seu rosto.

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