Countrified

6. Next to her.

Marisol passou a noite inteira virando de um lado para o outro, os olhos abertos e a cabeça cheia de um único nome: Justin. Tinha sido um beijo rápido, tímido, mas deixara suas bochechas queimando, e ela não parava de sorrir ao lembrar do momento. Ele devia ter ficado com uma expressão hilária de espanto, como se não acreditasse no que havia acabado de acontecer. E, claro, ela correu logo em seguida, mal lhe dando tempo de reagir.

Abraçou o travesseiro e tentou parar de rir sozinha. A cada segundo que passava, a ansiedade aumentava. Sabia que o veria em poucas horas, e seu coração disparava só de imaginar a cena.

— Vamos lá, Marisol, não seja covarde! — Sussurrou para si mesma, tentando se convencer. — Você é forte, você derruba bois, caramba!

Inspirou fundo e levantou-se para observar o nascer do sol, que tingia o céu com tons dourados pela janela. A vista era linda, mas a única coisa que conseguia pensar era em como encararia Justin sem querer sumir de vergonha.

Decidiu: ia perguntar a ele sobre o beijo, e dependendo de sua resposta, ela correria direto para seus braços... Ou sairia correndo para casa de novo, simples assim.

Ao chegar na cozinha, encontrou seu pai, que estava absorto olhando pela janela enquanto tomava um gole de café.

— Pronta pra pegar uns 'ovo pra nóis, minha 'fia? — Perguntou ele, sem desviar o olhar do campo.

— Pronta! — Respondeu Marisol, com um sorriso que ia de orelha a orelha enquanto calçava as botas.

McKaley olhou para ela, achando graça da animação repentina.

— Ôxi, tá mais feliz que pinto no lixo, hein? — Ele comentou, rindo e estreitando os olhos.

— Dormi bem, só isso. — Mentiu, dando de ombros enquanto pegava um balde para tirar o leite das vacas.

A verdade era que, se o seu pai soubesse a razão de tanta felicidade, talvez ele parasse de rir tão rápido.

— Bom dia, senhoritas! Como foram de sono? — Marisol perguntou as galinhas assim que se colocou dentro do galinheiro, e logo começou a recolher os ovos, um por um. — Preciso que me deem sorte hoje, viu? Não quero nenhuma galinha assanhada pra cima de mim hoje.

Ao ouvir um cacarejar em resposta, riu sozinha e continuou a recolher os ovos com o máximo de cuidado. Quando terminou no galinheiro, seguiu para o curral. Colocou os baldes de leite cuidadosamente debaixo das vacas, que pareciam particularmente sossegadas naquela manhã.

— Vamos lá, meninas, caprichem no leite hoje. — Disse enquanto tirava o leite. — Tenho um encontro importante... Quer dizer, um compromisso importante. — Corrigiu rapidamente, como se as vacas pudessem fofocar.

Quando terminou o serviço, voltou para a cozinha com os ovos e o leite, e foi guardar os ovos no lugar de sempre. Deu um suspiro de alívio ao ver que seu pai, McKaley, ainda estava por ali. Ele estava no fogão, com a chaleira apitando enquanto preparava seu café.

— Irei cavalgar hoje. — Comentou casualmente, colocando os ovos no espaço destinado, tentando parecer o mais natural possível.

McKaley desligou a torneira e virou-se para ela, levantando uma sobrancelha em desconfiança.

— Sozinha? — Perguntou, com os olhos estreitados, como quem não compra a história por completo.

Marisol balançou a cabeça em concordância, tentando ao máximo não transparecer a tensão.

— Tenha cuidado, pequena. Mesmo todo mundo se conhecendo aqui, ainda é perigoso. — Avisou ele, se aproximando e dando-lhe um beijo na testa.

Marisol assentiu, com um aperto no coração. Era a primeira vez que mentia para ele, mas saber que ia ver Justin fazia tudo parecer um pouquinho mais aceitável. Talvez. Assim que McKaley se afastou para pegar o chapéu e as chaves, deu as últimas instruções para ela.