36. Anything for her.

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Não estava sendo fácil para Marisol desde a sua chegada em casa. Casa... Ela já não sentia mais o sentimento de estar em casa naquele lugar. Casa representa o lugar que você vai quando está se sentindo sozinho. Casa é o lugar onde o seu coração finalmente se acalma. Casa é o lugar onde te faz sentir, de fato, em casa, mas Marisol já não sentia mais isso. Sua casa já não se parecia mais com o seu lugar favorito, ou se quer, com o seu lugar.

Desde a sua volta, há duas semanas atrás, seu pai tem estado grudado a ela, a todo o momento, então, a sua casa, agora, se parecia mais com uma prisão.

Ela não podia ir até a cachoeira a menos que ele estivesse presente e isso se perdurava quanto a sua ida até o seu balanço ou a qualquer outro lugar que não fosse o terreno de sua casa, mas, havia um lugar que nem com a sua presença ela poderia ir. A casa dos Bieber's. McKaley havia deixado mais do que claro para Marisol a ordem de nunca mais pisar na fazenda deles, tampouco, andar pelas redondezas.

Ela entendia a raiva excessiva de seu pai, afinal de contas, ela havia fugido e feito de sua vida um inferno, mas ela esperava que com o passar dos dias, as coisas fossem se apaziguando. Contudo, isso não aconteceu, e conhecendo bem o pai que tinha, talvez nunca acontecesse.

Marisol sabia que deveria levar em consideração as ameaças de seu pai quanto a Justin, e ela realmente havia levado a sério, mas, uma parte dela gritava internamente que se ela tivesse continuado lá, as coisas seriam diferentes. Justin jamais deixaria que seu pai fizesse alguma coisa contra eles, ela o conhecia o suficiente para afirmar isso, entretanto, ela jamais seria capaz de fazer algo para acabar com a sua reputação, tampouco, mandá-lo para a cadeia.

— Onde ocê pensa que vai, Marisol? — McKaley perguntou num rosnado quando viu a filha passar pela cozinha, cruzando a porta que dava acesso ao terreno.

— Para a cachoeira. — Respondeu, rolando seus olhos, de costas para ele.

— Má ocê num vai mermu! Eu num posso ir cum ocê agora.

— Eu não preciso que você venha comigo, papai. — Rebateu, mordendo seu lábio inferior com certa força e fechando a metade da porta atrás de si.

— Num se atreva de desobedecer eu, sua malcriada!

— Ou o que, papai? — Virou-se para ele. — O senhor vai me prender? Ah, não, espera, o senhor já fez isso. O senhor vai me tirar tudo? — Ela soltou um riso falso. — Espera, acho que o senhor já fez isso também!

— 'Óia' como 'ocê' fala 'cumigo, garota! — McKaley levantou e andou até ela em passos rápidos e firmes.

— Não, papai, olha como VOCÊ está me tratando! Eu entendo o que eu fiz e eu já disse que sinto muito, mas se o senhor continuar me mantendo como uma fugitiva dentro da minha própria casa, eu prefiro fazer como a mamãe e deixar você, só que dessa vez, para sempre!

Marisol não conseguiu raciocinar, se quer, assimilar o que havia acontecido. McKaley havia acertado um tapa com certa força em seu rosto, o que a fez tropeçar sobre seus próprios pés e cair no chão com todo o seu corpo.

Sua respiração estava alta e o seu rosto queimava como brasa. Ao tocar suas bochechas quentes, sentiu o gosto metálico de sangue em sua boca, e ao tocar seus lábios, notou o sangue em seus dedos.

Marisol olhou na direção de seu pai, que estava com seus olhos azuis arregalados, ele parecia assustado com o seu próprio movimento bruto. Ele nunca havia levantado a mão para ela, muito menos, havia se mostrado agressivo contra ela.

— Eu sinto muito. — Ele disse com seus olhos arregalados, ainda sem acreditar no que havia feito com a sua filhinha.

Marisol estava sentada sobre o chão de terra, de uma maneira desajeitada, assim como havia caído, seu cabelo mais bagunçado que o normal e alguns fios haviam ficado pregados no sangue que estava escorrendo de seus lábios.

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