26. Porcelain doll

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Justin não havia parado de pensar nas palavras de Marisol. A maneira a qual ela havia dito que queria ser dele. Antes, seus pensamentos sujos se faziam presentes em sua mente em relação a ter sexo com a mesma, e em alguns momentos, ele ainda tinha tais pensamentos, era inevitável para ele, no entanto, sempre havia sido respeitoso com a garota, e ele sempre seria.

Justin não sabia explicar como estava se sentindo enquanto o dia passava naquela praia. Ele se pegava olhando Marisol se divertir na área da praia, tão doce, tão inocente, não parecia que ela havia pedido a ele para fazê-la sua a algumas horas atrás.

Ela não parecia estar preocupada com isso naquele momento, diferente dele, que tinha a sua cabeça em um milhão de pensamentos desorganizados. Ele estava nervoso. Assustado. Apavorado, para falar a verdade.

Não era a sua primeira vez, nem de longe. Mas era a de Marisol e ele não queria fazer nada de errado. A última coisa que ele queria, era machucar Marisol; de nenhuma maneira. E ela era tão pequena. Tão inocente. Tão frágil...

— Justin, está me ouvindo?

O loiro fora despertado de seus pensamentos confusos por uma Marisol coberta de terra molhada da praia, enquanto sacudia sua mão sobre seu rosto numa tentativa de chamar sua atenção.

— Ah, oi, meu anjo. Eu não estava prestando atenção, me desculpe.

Sorriu, balançando sua cabeça devagar. Marisol riu, assentindo.

— Eu percebi. Você viu o castelo de areia que eu fiz?

Ela perguntou animada, batendo palminhas enquanto virava na direção do castelo de areia próximo ao mar. Justin sorriu e ficou de pé, caminhando junto dela na direção do mesmo para assim, vê-lo melhor.

— Está lindo, meu anjo.

Ele disse sorridente, trazendo seu corpo para perto de si, abraçando-a com o seu braço esquerdo, beijando o topo de sua cabeça em seguida.

Era oficial. Ele não poderia fazer aquilo com ela. Marisol era ingênua demais, pura demais e ele se odiaria se caso se aproveitasse dela. Talvez ela não quisesse fazer sexo com ele, havia sido apenas coisa do momento, e ele estava torcendo para que fosse. Justin não se perdoaria nunca se a machucasse.

— Você está estranho...

Ela disse baixo, abraçando sua cintura de lado, subindo seu olhar para o dele que encarava o horizonte.

— Estranho? — Ele riu pelo nariz, balançando sua cabeça em negação. — Eu estou normal. — Disse, a olhando e sorrindo em reconforto para ela.

Marisol continuou olhando para ele, ficando presa nos pequenos e lindos detalhes do seu rosto, como as suas pintinhas espalhadas pelo rosto. Àquela próxima a sua boca era tentadora, sem mencionar a sua boca em si. O formato era como o de um coração. Seus olhos castanhos claros e as vezes esverdeados eram hipnotizantes. Tudo nele era. Ela não poderia estar mais feliz por estar com alguém como ele. Bonito por fora e extraordinário por dentro.

— Ainda acho que não está me falando a verdade.

Marisol falou, se sentindo triste por ele não estar sendo honesto com ela. Era nítido na sua face, e também na sua postura. Seu rosto estava rígido e seu corpo travado.

— Podemos falar sobre isso depois? Eu não quero estragar esse momento.

Quase suplicou, sorrindo fraco para ela que, sem alternativa, aceitou. Marisol havia concordado, mas não deixaria aquilo passar despercebido, ela traria de volta aquele assunto.

O tempo na praia havia passado mais rápido do que Justin gostaria, e o caminho de volta para casa nunca pareceu tão próximo, mesmo com o silêncio ensurdecedor naquele carro. Marisol não havia dito nada, e Justin, muito menos.

— Uma hora você terá que falar alguma coisa.

Marisol disse, quebrando finalmente o silêncio no elevador. Era um domingo. Alisson não estaria em casa, era o seu dia de folga, então seria apenas ele e Marisol.

— Mas eu estou falando, linda.

Ele disse, rindo forçado e passando rápido pelas portas do elevador, indo na direção da sala de estar do seu apartamento.

— Justin, eu estou falando sério. — Marisol disse, acompanhando ele em passos rápidos, assim como ele havia feito. — Me diz o que está acontecendo, agora!

— Eu não posso fazer isso. — Ele murmurou, suspirando pesado, sentando no sofá e cobrindo seu rosto com suas mãos. — Eu não posso fazer isso com você.

— Do que você está falando?

Marisol perguntou confusa, ficando de joelhos em sua frente, acariciando seu cabelo.

— O que você disse mais cedo. — Ele subiu seu olhar para de encontro ao dela. A situação piorava uma vez que ele tinha seus olhos sobre a sua feição doce e angelical. — Sobre nós dois... Não podemos fazer isso. Eu não posso fazer isso.

Marisol comprimiu seus lábios, sentindo lágrimas em seus olhos, e ela se esforçou para não as derramar. Mais uma vez, ele estava a rejeitando. Ela sabia que ele estava acostumado com outro tipo de mulher, mas Marisol realmente pensou que ele queria aquilo, tanto quanto ela queria.

— Entendo. — Disse falho, balançando sua cabeça em concordância. Ficando de pé rapidamente e se virando para andar até às escadas.

— Espera, Marisol!

Justin disse rápido, ficando de pé e a acompanhado, segurando em seu braço e a virando para ele, notando o que ele já temia. Ela estava chorando.

— Por favor, não chora. Você não tem ideia do quanto isso acaba comigo.

Pediu, passando seus dedos pôr suas bochechas, enxugando as lágrimas que caíam.

— Eu nem sei porque eu estou chorando. — Disse, afastando as mãos dele do seu rosto. — Só... Esquece isso, tá? Está tudo bem. — Sorriu forçado, passando suas mãos pôr seu rosto de maneira agressiva, deixando suas bochechas ainda mais vermelhas.

— Não é o que você está pensando, minha linda. Eu quero isso. Eu quero você. Eu quero nós.

As mãos dele se colocaram sobre seu rosto, o firmando na frente do seu, colando suas testas.

— Eu quero você pra caralho, mas eu tenho medo. — Admitiu. — Eu não quero machucar você. De nenhuma maneira. E eu não tenho certeza de que eu sou o cara certo para você.

— Isso não cabe a você decidir. — Ela rebateu, afastando sua testa da dele e tirando as mãos dele de seu rosto. — Eu sei que você se importa comigo, mas não tem que me tratar como uma bonequinha de porcelana. Eu não vou me quebrar, Justin.

Ela disse irritada. Marisol gostava da maneira que Justin a tratava, claro. Mas a sua superproteção sobre tudo era sufocante. Ela parecia uma criança a seus cuidados. Ele a tratava tão ternamente, tão cuidadoso, que era como se ele tivesse medo que ela se quebrasse a qualquer momento, e realmente era isso. Justin tinha pavor da ideia de machucar Marisol, por isso o seu cuidado extremo. Para ele, realmente, era como se ela fosse se quebrar em mil pedaços. Era como se ela fosse uma boneca de porcelana.

— Você tem que entender...

— Eu entendo, Justin. Eu realmente entendo. Mas eu gostaria que você também me entendesse.

Disse, balançando sua cabeça em negação quando ele tentou se aproximar dela mais uma vez.

— Eu preciso ficar sozinha.

Disse, girando de volta e subindo as escadas, logo sumindo do campo de visão do loiro. Justin bufou alto, sentando no pé da escada, se martirizando pela sua atitude. Ele havia tomado tanto cuidado para não machucar Marisol que, eventualmente, a machucou sem perceber. E ele percebeu que isso era algo inevitável. Cedo ou tarde, ele faria isso. Ele a machucaria; com palavras, com atitudes, com gestos. Era impossível ele ser perfeito para ela, assim como ela não seria para ele — mesmo ele achando isso impossível. Eles viviam um relacionamento real, e desavenças era algo comum. Ele só tinha que entender isso; de uma vez por todas.

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